O BFI ou Britsh Film
Institute foi fundado em 1933, reunindo o National Archive e a Biblioteca, desempenhando
funções culturais, criativas e industriais como a distribuição de filmes e
publicações, exposições e festivais. Esse instituto é financiado por concessão
da Lottery (UK National) para o desenvolvimento público do cinema, produção,
distribuição, formação de platéia, restauração de filmes e pesquisa. Segundo as
informações no site: http://www.bfi.org.uk a
equipe trabalha para preservar a história e a cultura cinematográfica e
televisiva, disponibilizando esse material para tantas pessoas quanto possível.
Dizem-se uma ONG e dependem de apoio financeiro das pessoas que acessam esse website,
para manter o acervo. A revista “Sight & Sound” é parte desse instituto. E
a cada dez anos, desde 1952, ela realiza uma pesquisa mundial entre críticos e
técnicos a fim de avaliar quais filmes são considerados os melhores de todos os
tempos. Foi isso o que ocorreu na edição
ampliada de agosto. Reunindo 846 críticos e 358 programadores, acadêmicos e
distribuidores fez um balanço sobre quais filmes, neste 2012 estavam entre os
melhores.
A lista abriga 50
títulos. Por falta de espaço cito hoje alguns (amanhã prossigo). Mas
espantou-me visualizar uma mudança: pela primeira vez o tradicional “Cidadão
Kane”(1941) de Orson Welles deixa de ser o primeiro (“em 50 anos de reinado”,
dizem eles) sendo escolhido “Um Corpo que Cai”(1958) de Alfred Hitchcock. “Luzes
da Cidade” de Charles Chaplin ficou no último
lugar (50°), alías, a única criação do gênio da comédia que está mencionada
pelos votantes.
Listas de melhores
filmes é sempre uma demonstração de predileções. Dificilmente vota-se em um
titulo que não se ama. Penso no slogan de uma distribuidora brasileira de DVD:
“Leve para casa o filme que você gosta”. Isso aí, gostar. E só assim se entende
a troca do clássico de Orson Welles, com a sua carga de qualidades que
enriqueceu a linguagem cinematográfica, pelo suspense de Hitchcock que não é de
seus melhores trabalhos. O roteiro de Alec Coppel e Samuel Taylor extraído do
livro “Dentre les Morts” da dupla Boileau & Narcejac (a mesma de “As
Diabólicas”) esvazia parte do mistério com a pressa em que se adentra por
coincidências dramáticas. Gosto muito dos filmes do mestre Hitch, mas os meus
preferidos são outros títulos.
A lista do BFI, ao
que consta, é uma visão da nova época. Deixou de lado filmes que contribuíram
para a leitura de imagens via narrativa. Os clássicos de Griffith, por exemplo,
(“Nascimento de uma Nação”, “Intolerância”) foram esquecidos. Também as
animações (nenhuma foi lembrada). Nem “Caligari” e os expressionistas básicos.
Nem Visconti inaugurando o neorrealismo com “La Terra Trema”(imagino como o
nosso Francisco Paulo Mendes ficaria irado ao saber que nada de Visconti ganhou
espaço entre 50 produções). E onde está “Roma Cidade Aberta” de Rossellini? E
“Boulevard do Crime” de Marcel Carné que os críticos franceses elegeram como o
melhor filme do século XX realizado em seu país? E “Napoleão”de Abel Gance?
Todos esses filmes
mencionados não são meus prediletos, mas acho impossível falar de história do
cinema sem nomear o básico dessa história. Sobre o critério que foi usado para
a constituição da lista da revista inglesa, trato amanhã.
Entre nós, a última
aferição qualificando esse ritual foi em 2000 quando foram mencionados os
filmes mais importantes do século.
Abaixo, relaciono
parte dos melhores filmes escolhidos pela revista Sight & Sound (2012):
- Um Corpo que
Cai",(Hitchcock, 1958);
- "Cidadão Kane",
(Welles, 1941);
- "Era Uma Vez em
Tóquio", (Ozu, 1953);
- "A Regra do Jogo",
(Renoir, 1939);
- "Aurora", (F. W.
Murnau, 1927);
- "2001 - Uma Odisséia no
Espaço", (Kubrick, 1968);
- "Rastros de Ódio",
(Ford, 1956);
- "O Homem da
Câmera", (Dziga Vertov, 1929);
- "A Paixão de Joana
d'Arc", (Dreyer, 1927);
- "8 ½" (Fellini,
1963).
- “O Encouraçado
Potenkim”(Eisenstein/1926)
- “L’Atalante”(Jean Vigo,1934)
- “Acossado”(Godard,1960)
- “Apocalypse Now”(Coppola,
1979)
- “Pai e Filha”(Ozu,1949)
- “A Grande Testemunha
(Bresson,1966)
- “Os 7
Samurais”(Kurosawa,1954)
- “Quando 2 Mulheres
Pecam/Persona (Bergman,1966)
- “O Espelho” (Tarkovsky, 1974) e
- “Cantando na Chuva”(Stanley Donen/1951).
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