quinta-feira, 6 de setembro de 2012

AMIGOS VELHOS DE GUERRA


 
 
Sylvester Stallone & seus companheiros em "Mercenários 2"

Se há algo válido em “Mercenários 2” (Expendables 2/EUA 2012), ou mesmo “Mercenários 1”, é o fato de reunir atores idosos em tempo de aposentadoria. Neste segundo filme de uma franquia que promete mais exemplares (já discutem o inicio de novas filmagens), respondem presente ao convite do produtor co-roteirista e ator Silvester Stallone (ele próprio um atleta sessentão), o ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger, o ex-comediante e ator dramático Bruce Willis, o grandalhão Chuck Norris, outro grandalhão Dolph Lundgren, e mais Jet Li (das artes marciais), Mickey Rourke (das aventuras) e o atleta do caratê Jean-Claude Van Damme . O grupo soma, aproximadamente, 450 anos de idade (o mais velho é Chuck Norris, com 66). Todos brigam. E o filme, dirigido por Simon West (de “Lara Croft Tomb Rider”) tem sequência inicial com uma briga em grande estilo. O grupo de mercenários ataca uma posição inimiga (nem interessa muito quem é quem) e comemora a vitória num bar perto de casa. Mas não demora e o pessoal da CIA encarrega Barney Ross (Stallone), o líder dos mercenários, a procurar um avião caído na região que fazia parte da antiga União Soviética. Ele reúne os amigos e parte para a missão. Só que são obrigados taticamente, a levar consigo uma mulher, a chinesa Maggie (Nan Yu). Ela sabe detalhes da missão e o exato lugar para onde devem ir. Tudo segue no esperado, o achado é rápido, mas logo surgem homens interessados nos escombros do avião e, na ameaça ao grupo de Ross, acabam matando um figurante desse grupo (Mickey Rourke). O caso não termina aí e os mercenários vão se vingar da morte do colega atacando o inimigo em sua área.
Se o filme consome cerca de 110 minutos de projeção, desse tempo mais de 50 são dedicados à ação. É muito tiroteio vindo de diversos tipos de arma. E se um avião do grupo de vingadores/mercenários cai na mata, em dado momento, é uma alternativa propositada que não deixa ninguém ferido. Aliás, as balas não acertam nenhum dos figurantes. Repete-se a lógica que vem desde nossos avós de que o “mocinho” é sempre imune aos tiros do “bandido”, ou melhor, as balas deste são “alérgicas” às peles dos “mocinhos”.

O grande trabalho artesanal do filme cabe ao pessoal que coordena CGI, ou seja, introduz cenas armadas digitalmente dentro de planos. Hoje é possível apresentar carros explodindo, edifícios desabando, uma série de desastres que antes ficavam a cargo de miniaturas nem sempre convincentes. “Mercenários 2” é bem um videogame sem interatividade. O espectador é peça passiva do jogo em que sabe como termina, mas é convidado, mesmo assim, a participar torcendo pelos tipos construídos para gerar simpatia (mesmo na analogia com outros filmes desses tipos).
O divertido é o arsenal de piadas em gags e em ditos. Há uma alusão a “museu”, como se a turma confessasse que sabe de seu currículo. De uma feita, o personagem de Schwazegger diz a Stallone: “-E o próximo? É Rambo ?” Também há uma cobra hilária e a nostalgia de velhos inimigos, especialmente da guerra fria entre EUA e URSS.

Obviamente não é filme para se prestar atenção e nem é programa para cinéfilo. É pão e circo, ou seja, produto a ser consumido por numerosa plateia que pede apenas diversão ligeira. Infelizmente, para quem preza a arte cinematográfica, essa irresponsabilidade artística impulsiona o circulo vicioso de render mais e atender mais. É cinema-comércio. Simplesmente isso.

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