Sylvester Stallone & seus companheiros em "Mercenários 2"
Se há algo válido em “Mercenários
2” (Expendables 2/EUA 2012), ou mesmo “Mercenários 1”, é o fato de reunir
atores idosos em tempo de aposentadoria. Neste segundo filme de uma franquia
que promete mais exemplares (já discutem o inicio de novas filmagens),
respondem presente ao convite do produtor co-roteirista e ator Silvester
Stallone (ele próprio um atleta sessentão), o ex-governador da Califórnia
Arnold Schwarzenegger, o ex-comediante e ator dramático Bruce Willis, o
grandalhão Chuck Norris, outro grandalhão Dolph Lundgren, e mais Jet Li (das
artes marciais), Mickey Rourke (das aventuras) e o atleta do caratê Jean-Claude
Van Damme . O grupo soma, aproximadamente, 450 anos de idade (o mais velho é
Chuck Norris, com 66). Todos brigam. E o filme, dirigido por Simon West (de
“Lara Croft Tomb Rider”) tem sequência inicial com uma briga em grande estilo.
O grupo de mercenários ataca uma posição inimiga (nem interessa muito quem é
quem) e comemora a vitória num bar perto de casa. Mas não demora e o pessoal da
CIA encarrega Barney Ross (Stallone), o líder dos mercenários, a procurar um
avião caído na região que fazia parte da antiga União Soviética. Ele reúne os
amigos e parte para a missão. Só que são obrigados taticamente, a levar consigo
uma mulher, a chinesa Maggie (Nan Yu). Ela sabe detalhes da missão e o exato
lugar para onde devem ir. Tudo segue no esperado, o achado é rápido, mas logo surgem
homens interessados nos escombros do avião e, na ameaça ao grupo de Ross,
acabam matando um figurante desse grupo (Mickey Rourke). O caso não termina aí
e os mercenários vão se vingar da morte do colega atacando o inimigo em sua
área.
Se o filme consome cerca de 110
minutos de projeção, desse tempo mais de 50 são dedicados à ação. É muito
tiroteio vindo de diversos tipos de arma. E se um avião do grupo de vingadores/mercenários
cai na mata, em dado momento, é uma alternativa propositada que não deixa
ninguém ferido. Aliás, as balas não acertam nenhum dos figurantes. Repete-se a
lógica que vem desde nossos avós de que o “mocinho” é sempre imune aos tiros do
“bandido”, ou melhor, as balas deste são “alérgicas” às peles dos “mocinhos”.
O grande trabalho artesanal do
filme cabe ao pessoal que coordena CGI, ou seja, introduz cenas armadas
digitalmente dentro de planos. Hoje é possível apresentar carros explodindo,
edifícios desabando, uma série de desastres que antes ficavam a cargo de
miniaturas nem sempre convincentes. “Mercenários 2” é bem um videogame sem
interatividade. O espectador é peça passiva do jogo em que sabe como termina,
mas é convidado, mesmo assim, a participar torcendo pelos tipos construídos
para gerar simpatia (mesmo na analogia com outros filmes desses tipos).
O divertido é o arsenal de piadas
em gags e em ditos. Há uma alusão a “museu”, como se a turma confessasse que
sabe de seu currículo. De uma feita, o personagem de Schwazegger diz a
Stallone: “-E o próximo? É Rambo ?” Também há uma cobra hilária e a nostalgia
de velhos inimigos, especialmente da guerra fria entre EUA e URSS.
Obviamente não é filme para se
prestar atenção e nem é programa para cinéfilo. É pão e circo, ou seja, produto
a ser consumido por numerosa plateia que pede apenas diversão ligeira.
Infelizmente, para quem preza a arte cinematográfica, essa irresponsabilidade
artística impulsiona o circulo vicioso de render mais e atender mais. É
cinema-comércio. Simplesmente isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário