O centenário Cinema Olympia se estimula na exibição
de seus programas depois de um mês de
revisão e reparos em seus aparelhos de ar condicionado. E volta ao ciclo de
filmes de terror interrompido em julho. A coluna recebeu inúmeras mensagens
sobre o assunto, muitas confessando que os filmes do gênero (terror) da antiga
produção, ao serem exibidos hoje, fazem rir. Talvez porque o que Peter Bogdanovich
mostrou em “Na Mira da Morte”(Targets/1968) seja correto: os velhos monstros
tornam-se obsoletos quando jovens, como o personagem Bobby, do filme (Tim
O’Kelly), saem por ai matando pessoas com revolveres ou rifles.
Mas foi tentando invocar o medo que os
expressionistas criadores do cinema na Alemanha entre duas guerras
estabeleceram suas narrativas. O filme de hoje, “Nosferatu”(1922) é um dos
marcos do expressionismo e se baseia na obra de Bram Stoker (Dracula) embora
oculte isso. Ficou na memória do publico a imagem de Max Schrek como o vampiro
que ataca uma jovem em um castelo. O ator foi introduzido nas artes cênicas por
Max Reinhardt sendo casado com a atriz Fanny Schrek. Atuou em cerca de 45
filmes até sua morte em 1936, aos 53 anos. Sua máscara iluminada por Fritz Arno
Walker com um jogo de sombras que evidenciavam a maquilagem deformante ganhou,
no correr dos anos, diversas citações. Houve uma versão de “Nosferatu – O Vampiro
da Noite” (Phantom der Nacht 1979) por Werner Herzog. Em “A
Sombra do Vampiro”(Shadow of the Vampire/2000) de E. Elias Merhige, a
personagem do filme de 1922, dirigido por F. W. Murnau mereceu uma espécie de
biografia, na interpretação de Willem Dafoe.
“Nosferatu” ficou
na historia do cinema como um dos marcos do movimento expressionista que veio
da pintura e chegou à nova arte no tempo em que outros movimentos artísticos
também chegaram como o surrealismo.
Ver ou rever o filme é uma aula de cinema.
E a mostra vai proesseguir amanhã (19, quarta
feira) com outro clássico: “A Noiva de Frankenstein”(Bride of
Frankenstein/1935) de James Whale. É interessante observar, neste caso, que o
diretor, um perfeccionista que realizou, nos estúdios da Universal, a versão
ainda hoje mais aplaudida de “Frankenstein” (com base no livro de Mary Shelley),
aceitou elaborar a sequência, com roteiro de 10 pessoas, inspirado numa alusão
da própria autora do famoso romance, dispondo-se a isso porque o produtor Carl
Leammle Jr. deu-lhe franca liberdade criadora. A crítica francesa considera que
“A Noiva de Frankenstein” tem a mesma equivalência de qualidade quanto
“Frankenstein”(1931). E o ator Boris Karloff foi outra vez convocado para protagonizar
“A Criatura”, contracenando com a atriz Elsa Lanchester como a personagem-título
(Elsa era esposa do ator Charles Laughton).
Uma obra cultuada que poucos já assistiram. É um
dos programas mais importantes da mostra que ora se realiza entre nós.
Para a 5ª Feira (21/09) abre-se espaço para uma
comédia. E não é uma comédia qualquer. ”A Dança dos Vampiros”(The Fearless
Vampire Killer/1967) é um marco na carreira do conhecido cineasta & ator
Roman Polanski. Não só por ser um de seus melhores momentos atrás e adiante das
câmeras, mas porque sua esposa Sharon Tate é a principal interprete feminina e
faria só mais 3 filmes antes de ser assassinada, em agosto de 1969, pela gangue
de drogados conhecida como “Familia Manson”. Trata de um professor
universitário, Abronsius , especialista em vampiros, que decide viajar até a
Transilvânia, ao lado de seu discipulo Alfred, com o objetivo de primeiramente
conhecer tudo sobre vampiros e, depois, combatê-los. Há um rumo inesperado nos
objetivos do professor e que o afastam de seu alcance.
No filme, Polanski personifica o assistente do
professor e caçador de vampiros, muito medroso. A culminância é um grande baile
que reune todos os tipos da espécie. Mostra que o diretor de “O Bebê de
Rosemary” também funcionou como comediante.
Há outros
exemplares dessa mostra a serem comentados oportunamente. As sessões serão
sempre as 18h30 com ingresso franqueado.
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