terça-feira, 18 de setembro de 2012

E O TERROR CONTINUA


 
 

O centenário Cinema Olympia se estimula na exibição de seus programas  depois de um mês de revisão e reparos em seus aparelhos de ar condicionado. E volta ao ciclo de filmes de terror interrompido em julho. A coluna recebeu inúmeras mensagens sobre o assunto, muitas confessando que os filmes do gênero (terror) da antiga produção, ao serem exibidos hoje, fazem rir. Talvez porque o que Peter Bogdanovich mostrou em “Na Mira da Morte”(Targets/1968) seja correto: os velhos monstros tornam-se obsoletos quando jovens, como o personagem Bobby, do filme (Tim O’Kelly), saem por ai matando pessoas com revolveres ou rifles.

Mas foi tentando invocar o medo que os expressionistas criadores do cinema na Alemanha entre duas guerras estabeleceram suas narrativas. O filme de hoje, “Nosferatu”(1922) é um dos marcos do expressionismo e se baseia na obra de Bram Stoker (Dracula) embora oculte isso. Ficou na memória do publico a imagem de Max Schrek como o vampiro que ataca uma jovem em um castelo. O ator foi introduzido nas artes cênicas por Max Reinhardt sendo casado com a atriz Fanny Schrek. Atuou em cerca de 45 filmes até sua morte em 1936, aos 53 anos. Sua máscara iluminada por Fritz Arno Walker com um jogo de sombras que evidenciavam a maquilagem deformante ganhou, no correr dos anos, diversas citações. Houve uma versão de “Nosferatu – O Vampiro da Noite” (Phantom der Nacht 1979) por Werner Herzog. Em “A Sombra do Vampiro”(Shadow of the Vampire/2000) de E. Elias Merhige, a personagem do filme de 1922, dirigido por F. W. Murnau mereceu uma espécie de biografia, na interpretação de Willem Dafoe.

 “Nosferatu” ficou na historia do cinema como um dos marcos do movimento expressionista que veio da pintura e chegou à nova arte no tempo em que outros movimentos artísticos também chegaram como o surrealismo.

Ver ou rever o filme é uma aula de cinema.

E a mostra vai proesseguir amanhã (19, quarta feira) com outro clássico: “A Noiva de Frankenstein”(Bride of Frankenstein/1935) de James Whale. É interessante observar, neste caso, que o diretor, um perfeccionista que realizou, nos estúdios da Universal, a versão ainda hoje mais aplaudida de “Frankenstein” (com base no livro de Mary Shelley), aceitou elaborar a sequência, com roteiro de 10 pessoas, inspirado numa alusão da própria autora do famoso romance, dispondo-se a isso porque o produtor Carl Leammle Jr. deu-lhe franca liberdade criadora. A crítica francesa considera que “A Noiva de Frankenstein” tem a mesma equivalência de qualidade quanto “Frankenstein”(1931). E o ator Boris Karloff foi outra vez convocado para protagonizar “A Criatura”, contracenando com a atriz Elsa Lanchester como a personagem-título (Elsa era esposa do ator Charles Laughton).

Uma obra cultuada que poucos já assistiram. É um dos programas mais importantes da mostra que ora se realiza entre nós.

Para a 5ª Feira (21/09) abre-se espaço para uma comédia. E não é uma comédia qualquer. ”A Dança dos Vampiros”(The Fearless Vampire Killer/1967) é um marco na carreira do conhecido cineasta & ator Roman Polanski. Não só por ser um de seus melhores momentos atrás e adiante das câmeras, mas porque sua esposa Sharon Tate é a principal interprete feminina e faria só mais 3 filmes antes de ser assassinada, em agosto de 1969, pela gangue de drogados conhecida como “Familia Manson”. Trata de um professor universitário, Abronsius , especialista em vampiros, que decide viajar até a Transilvânia, ao lado de seu discipulo Alfred, com o objetivo de primeiramente conhecer tudo sobre vampiros e, depois, combatê-los. Há um rumo inesperado nos objetivos do professor e que o afastam de seu alcance.

No filme, Polanski personifica o assistente do professor e caçador de vampiros, muito medroso. A culminância é um grande baile que reune todos os tipos da espécie. Mostra que o diretor de “O Bebê de Rosemary” também funcionou como comediante.

Há outros exemplares dessa mostra a serem comentados oportunamente. As sessões serão sempre as 18h30 com ingresso franqueado.

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