"Michael" (2011) dirigido por Markus Schilenzier.
Belém tem hoje 27
cinemas comerciais. Desde a chamada “cena muda " não havia tantos espaços
desses. Entretanto, os programas não são tão numerosos. Em cartaz, por exemplo,
mais de 10 salas exibem “Os Mercenários 2” e o incrível“Abraham Lincoln,
Caçador de Vampiros”. A variedade do mês, o filme francês“Intocáveis”(2011),
estreou em duas sessões noturnas, numa sala do centro e, na 2ªsemana, ganhou
apenas uma sessão de 21h50 (os que não são notívagos perdem a chance de
assistí-lo).
O chamado “circuito
extra” está desfalcado este mês com a reforma do Cine Libero Luxardo (não se
sabe até quando) e do Cine Olympia (que segundo informações termina na próxima
semana). Resta, então, o Cine Estação, com filmes japoneses em DVD ligados a
uma temática específica (a reconstrução do país depois de um tsunami), o IAP
(Cine Clube Alexandrino Moreira) funcionando quinzenalmente e a Livraria
Saraiva, estes programados pela ACCPA.
O cinema doméstico dá
possibilidade de assistir a muitos programas em DVD. Não fosse assim e
certamente estaria desatualizada na arte que me atrai e que me serve para um
jornalismo de 40 anos. Nesse quadro, me surpreendo quando consigo assistir
(através de download efetuado por amigos) obras que nem foram cogitadas para os
cinemas da cidade. Isto sem falar no que a Fox Video recebe e o que se pode
encontrar para compra em livrarias e/ou em lojas especializadas do sudeste.
Assisti, por exemplo,
um excelente filme alemão, “Michael”(2011) escrito e dirigido por Markus
Schilenzier. Trata de um pedófilo. Ele sequestra uma criança (crime que não se
vê) e a mantém prisioneira em sua casa (é um menino de aproximadamente 9 ou 10
anos). O abuso sexual é sintetizado numa cena em que ele mostra o pênis para o
garoto e pergunta: ”-Você quer que ele ou uma faca lhe penetre". O menino
responde: “A faca”.
A narrativa lenta
focaliza a rotina do pedófilo e até mesmo uma sua investida para ganhar um
substituto de sua presa (fato percebido pelo pai do outro menor). E quando a
criança presa adoece, o criminoso, expressa uma atitude mórbida, ao cavar uma
possível sepultura para se livrar do que lhe pode incriminar.
O filme não faz
concessões e termina em aberto para que o espectador sinta ainda mais o drama
focalizado: a sequência final em que mãe e irmão de Michael estão na casa deste
organizando as coisas e a mãe descobre uma porta fechada. Ao abrí-la, o
interior recebe a luz externa que incide na cena.
Outro trabalho interessante
é “Léa” (França, 2011), de Bruno Rolland. Neste filme evidencia-se a cuidadosa
pintura de um tipo sofrido, uma jovem que cuida avó, é empregada num bar,
estuda, e ainda faz strip-tease de noite em uma boate. Todos esses afazeres em
nome de uma liberdade que ela está sempre falando, mas na realidade sentindo
fugir nas obrigações que cerceiam a sua capacidade de sorrir.
Cabe a atriz Anne
Azoulay a difícil tarefa de compor a personagem-título. O roteiro da própria
atriz foge de uma narrativa de telenovela. Tanto que prefere ser reticente
quando se pensa em um rumo insólito na carreira da jovem focalizada. Ela sempre
surpreende e o resultado como cinema também demonstra o talento de estreantes
(o diretor, que realiza o seu primeiro longa metragem, e da roteirista).
Produção (como “Michael”) do ano passado. No plano subjetivo, sem ostentação de
discurso psicológico, mas externalizado pelas ações da jovem, observa-se uma
intensa solidão vivenciada. A pulsão que determina seu desejo de escapar
daquele jogo corriqueiro explora a busca da felicidade. Aonde? No sexo?
“Columbus Circle”(EUA,2012) é um filme de George
Gallo , diretor de “Virado pra lua”(EUA, 1991), “Mais do que voce Imagina”
(2008) etc. Os amantes de historias policiais têm no filme um interessante
programa. O enredo trata de uma herdeira reclusa que se apieda de uma vizinha
de apartamento no hotel que dá titulo ao filme quando a vê espancada pelo
amante. Mas há um plano secreto que persegue a fortuna que ela possui. Plano
bem engendrado que merece toda a atenção do espectador para não perder
detalhes. Claro que é ficção a lembra algumas tele séries, mas é o tipo do
filme que prende a atenção. Mesmo assim, chegou só em DVD no Brasil.
Oi, Luzia!
ResponderExcluirSeu comentário é mostra uma realidade lamentável em nossa Belém. Quando residi em São Paulo, vivia "embriagado" de tantos filmes que assistia. Aqui de nada adiantaram os cinemas de shopping: cada qual com pior programação; surpreendo-me quando aqui chega um Woody Allen, um "360" e um filme francês. Pobre Belém: além de cada dia mais suja (apesar de sempre linda), ainda tem que amargar a sina de mal programda em cinema.
Abraço,
R.Secco