“Projeto Dinossauro"
Mais um filme segue a linha inaugurada por “A Bruxa
de Blair” (The Blair Witch Project/EUA, 1999) e que consiste em falsear um registro
documental empregando o uso de câmeras digitais, edição amadorística e um
metacinema, ou seja, uma forma de se “achar” o material usado nas filmagens
como peça de um documentário: “Projeto Dinossauro”(The Dinosaur Project/UK 2012,
83 min.).
O novo filme é de nacionalidade inglesa, o que de
certa forma causa admiração. Trata de uma expedição que busca, na África,
resquícios de seres pré-históricos. Logo no início é observado um objeto, tipo
uma mochila, retirado da água por um pescador, sem se definir detalhes disso.
Mas no desfecho da aventura se sabe que ali estão as fitas de vídeo com o
registro dos fatos que a expedição encontrou. Notem-se as semelhanças com “A
Bruxa de Blair” que explorou uma idéia de Daniel Merick e Eduardo Sanchez, custando
apenas 60 mil dólares e rendendo, só no mercado exibidor norteamericano, no ano
da estreia, mais de um milhão. O caso também revela o poder da internet na
divulgação de filmes. Os diretores-produtores-roteiristas concentraram a
publicidade em redes sociais. Foi a “mina” que seria explorada em diversos
títulos de diversos países.
Quanto ao “Projeto Dinossauro”, o diretor Sid
Bennett, contou com um roteiro muito esquemático de Jay Basu e Tom Pridham,
este último autor da trama original, e com efeitos de CGI (Computer Graphic Imagery
- imagens geradas por computador) muito rudimentares. Quem assistiu, por
exemplo, os dinossauros de Steven Spielberg (“Parque dos Dinossauros” e
sucedâneos) percebe a modéstia com que são mostrados os novos animais
pré-históricos.
No enredo, um grupo composto por pesquisadores parte
da Inglaterra para o Congo e entre escarpas, cachoeiras e selva encontra vários
tipos de seres considerados extintos. Como não se trata de filme de aventuras
nem de produção hollywoodiana, um pretenso realismo, aos poucos são eliminados os
heróis. A mochila que se vê boiando é semelhante à bagagem dos estudantes que
procuraram a bruxa numa região selvagem do território norte-americano. Eles não
voltaram e os expedicionários ingleses também são sacrificados pelos resquícios
de lendas.
Nada que imprima qualquer novidade artesanal se
destaca. É possível se achar curioso um travelling inicial por sobre as águas que
busca os candidatos à grande aventura. A câmera manual que é evidenciada com
muito tremor indica a pretensão documental. E a narrativa do mais jovem
representante do grupo endossa essa pretensão.
Um Dino atrás de um homem num mesmo plano é o
bastante para se observar a precariedade dos efeitos especiais. As filmagens
foram realizadas na África do Sul e não houve informes sobre o custo dessa
produção. Certo que saiu mais cara do que “A Bruxa”. Também é certo que a
fantasia arqueológica saiu mais interessante do que a “picaretagem” de“Apollo
18”, aquele pretenso documentário sobre o último voo do Projeto Apollo que levou
o homem à Lua. Ali foi forjada uma viagem sideral incriminando-se a NASA por
ter até mesmo providenciado o fim dos astronautas para eliminar qualquer traço
de publicidade em torno.
Produzir filme
de baixo custo com aspiração documental não deixa de ser um processo curioso e
prático. Mas nesses casos é preciso usar de imaginação. Não é o caso atual, uma
burla que por um desses acasos comerciais alcançou os cinemas de Belém. Intentando
criar um reality show como chamariz
da verdade, não por acaso dizem os letreiros iniciais do
filme: “As imagens apresentadas aqui foram editadas de mais de 100 horas de
gravações encontradas”.
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