A locução “filme de cabeceira”
vem da época em que os livros eram colocados perto da cama para ler antes de
dormir. Se antes eraum esforço de linguagem para definir títulos importantes
para o cinéfilo e não se poderia colocar latas ou maletas de filmes na
cabeceira da cama pela inviabilidade nesse tipo de manuseio, hoje isto já é
possível. Os nossos filmes prediletos já podem estar perto de onde deitamos
para o repouso, ou numa estante ou no criado mudo bem ao alcance da mão.
Panorama chegou a fazer uma enquete em torno dos filmes preferidos dos
leitores e os quais desejavam ver editados em alguma forma de vídeo (na época
era VHS, agora DVD ou Bluray). Vale a pena voltar ao assunto quando se sabe que
muitos títulos considerados perdidos ainda podem surgir editados nessas formas
que fazem o cinema doméstico.
Seguindo o tema, vejam os filmes que já se acham nas locadoras ou lojas
comerciais e que marcaram a memória de muitos cinéfilos ou fãs (no caso, é
preferível o termo fã ao cinéfilo que implicita uma preferência mais acurada e
não apenas emocional). Vou referir aqui alguns que já se acham em circulação.
“O Beco das Almas Perdidas”(Nightmare Alley /EUA,1947) traz Tyrone Power
como um mentalista que trabalha em um circo revelando o que os espectadores
pensam. Em certo momento, o que seria um truque passa a adquirir caracteres
misteriosos. Direção de Edmond Goulding, com Joan Blondell e Coleen Gray.
“Revolta em Alto Mar” (The Bounty/EUA 1984) é mais uma versão do motim
no navio inglês Bounty, no século XIX, livro de Richard Houghs e roteiro para
cinema de Robert Bolt. A direção é de Roger Donaldson e apesar de existir outra
versão, de 1962 dirigida por Lewis Milestone, com Marlon Brando, esta que agora
é editada em DVD no Brasil só é superada pela de 1935 dirigida por Frank Lloyd
que mereceu o Oscar do ano. Mel Gibson interpreta o imediato Fletcher Christian
e Anthony Hopkins se faz de Comandante Blyth. No elenco ainda está Laurence
Olivier como o Almirante Hood.
Em Bluray foram editados clássicos como “Quo Vadis”, “Cantando na
Chuva”, e a animação “Cinderela”, os dois últimos filmes em edições
comemorativas de seus 60 anos.
“Quo Vadis”(EUA,1950) é a versão mais aplaudida e nem por isso fiel ao
original literário do romance de Henrik Sienkiewicz. Dirigida por Mervyn LeRoy
para a Metro, apresenta o ator Robert Taylor como o capitão das forças
militares romanas recém-chegado de uma batalha vitoriosa e que se apaixona por
Lygia (Deborah Kerr), filha adotiva de um ex-oficial e membro da então jovem
seita amaldiçoada pelas hordas de Nero: os cristãos. O filme explora um “happy
end” que desafia a História, mas ainda hoje é uma superprodução (filmada nos
estúdios de Cinecittá/Roma) admirável. No disco há comentários de críticos,
historiadores e cineastas. Por aqui o filme fez grande sucesso de público.
“Cantando na Chuva”(Singin’Rain/EUA, 1951) circula agora, ao ser
colocado entre os 10 melhores filmes de todos os tempos pela revista inglesa
Sigh & Sound. Um musical que deixou gratas lembranças e ainda empolga
especialmente devido aos números executados pelo mestre do gênero, Gene Kelly.
Na caixa do Bluray estão brindes como uma capa amarela de chuva com a inscrição
do título, e um caderno contando a historia da produção. Curioso é que omite
dados sobre o diretor Stanely Donen, ainda vivo (só ele e Debbie Reynolds ainda
existem).
“Cinderela” ou “A Gata Borralheira”(EUA,1951) é a versão do clássico de
Perrault. A equipe da Disney realizou a sua obra-prima e o filme entre nós
ganhou uma estreia marcante nos antigos cinemas Moderno e Independência. A
dublagem também ficou entre as melhores de qualquer época no gênero. A nova
edição, remasterizada e com imagem de alta resolução tem bônus contando a
historia de como se processou o trabalho. Raro presente para todas as idades.
Mas há muitos filmes que foram vistos e se quer rever. As distribuidoras
surpreendem achando relíquias que se pensava jamais ter contato. Aos leitores e
leitoras: mandem por email os títulos de seus preferidos ou “de
cabeceira”fazendo “corrente” para serem copiados em DVD. É sempre bom estimular
a distribuição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário