Ao avaliar a produção de filmes sobre o Círio de
Nazaré vê-se que há uma produção significativa focalizando essa festa maior dos
paraenses. A maioria tem sido realizada em curta metragem. Esta semana serão
exibidos ao menos três deles no centenário Cine Olympia: “Nossa Senhora dos Miritis”,
animação de Andrei Miralha; “Quero Ser Anjo”, de Martha Nassar; e “Mãos de
Outubro”, de Vitor Souza. Os filmes compõe um programa que estará na tela até
6ª feira (dia 12).
Recuperando alguns títulos que focalizaram o Cirio,
inicio referindo um curta metragem cujo roteiro foi premiado pela Prefeitura
Municipal de Belém – PMB, quando à frente da Secretaria de Turismo se
encontrava o amigo jornalista Edwaldo Martins (também produtor de um desses
curtas históricos, na bitola Super-8mm - “Cirio,Outubro 10”, dirigido por João de Jesus
Paes Loureiro). O selecionado no concurso da prefeitura chamava-se “Cirio em 3
Tempos”, com roteiro dos irmãos Bandeira – Euclides e Walter – que focalizava a
procissão de ontem, hoje (o ano da realização) e amanhã. A fotografia
esmaecida, a considerada normal e a super-exposição davam, à narrativa, o tom
no tempo. Infelizmente o filme acabou sendo realizado por cinegrafista do
sudeste, sem o cuidado na fotografia.
Há o “Círio de Nazaré”, de Alan K. Guimarães e Januário Guedes (26 min./2001),
documentário registrando a procissão e outras celebrações componentes do
complexo ritual entre o religioso e o profano intrinseco da cultura paraense.
Há também ”Os
Promesseiros”(2001) de Chico Carneiro, tratando do percurso de quatro amigos, moradores da cidade de Castanhal,
cumprindo promessa de vir a Belém na véspera do Círio, através dos rios
Inhangapi e Guamá, e a odisséia desse percurso até Belém. A jornalista Ursula Vidal realizou o documentário em 35
min., “Marias e Josés de Nazaré”(1999), captando a fala do caboclo ribeirinho
sobre a festa.
Muitos cineastas e documentaristas amadores e
profissionais curtametragistas já se concentraram nesse tema. No plano de longa
metragem, o começo pode estar com o filme inglês “O Fim do Rio”(The End of the
River) de 1947, dirigido por Derek Twist, com os atores Bibi Ferreira e Sabu.
Certamente é a primeira vez em que se vê e ouve trechos da procissão com o povo
cantando “Ó Virgem Mãe Amorosa”.
Há pelo menos dois títulos do cineasta Libero
Luxardo (além dos curtas dele, Milton Mendonça e Fernando Melo): “Um Dia
Qualquer”(1962) e “Brutos Inocentes-episódio “A Promessa”(1974). E há o que
Jorge Bodanzsky filmou com Orlando Senna em “Iracema”(1978).
Mais e
mais existe sobre a Festa de Nazaré, de fragmentos em cine-jornais a médios e
curtas locais e de outros recantos. O comum, durante a procissão, é ver pessoas
filmando. A festa religiosa é vendida como uma atração folclórica de
inestimável valor. E ganha cinemas e TVs do mundo, de alguma forma levando o
nosso Pará além de seus horizontes.
Um outro tema desta semana é o Dia de Criança,
comemorado dois dias antes do Círio. Presentemente esta faixa etária tem sido
contemplada pelo cinema, ganhando terreno com a facilidade que a informática
deu aos desenhos animados. O que era privilegio de Walt Disney se tornou stand
de quase todas as produtoras norteamericanas, especialmente a Fox, a Columbia e
a Universal. Outra grande empresa, a Paramount, distribui a produção da
DreamWorks, e a própria Disney abre espaço para a sua subsidiária atual PIXAR,
com muitos filmes incentivando a imaginação e o talento de desenhistas &
editores. É significativo o fato de a animação se tornar uma forte categoria na
premiação do Oscar, concorrendo a prêmios nas mais variadas categorias. Além
disso, algumas aventuras sugerem acenos aos infantes.
Este ano, a garotada pode assistir a “Hotel
Transilvânia”, ”Tinker Bell - O Segredo das Fadas” e “O Diário de Tati”(este
nacional com atores). Isso sem falar dos filmes de westerns, aventuras,
adaptações de quadrinhos, tudo na faixa “livre”. Melhor do que em outros
períodos onde nada surgia para essa faixa geracional.
A criança
de hoje não fica apenas defronte do televisor. Ela é uma das consumidoras de
filmes nos cinemas e exige, muitas vezes, o processo 3D. Com isso, ela ganha
campo num terreno até então exíguo. Afinal, se ela paga meio ingresso, sempre
há o acompanhante que paga inteira.
Que nossos cineastas descubram cada vez mais o Cirio como história de cinema seja documental, oi ficcional
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