Bruce Willis e Joseph Gordon-Levitt em "Looper, Assassinos do Futuro"
A trama, criada pelo cineasta de 38 anos Rian
Johnson, gera uma ficção cientifica imaginosa que não se perde nos detalhes
delicados que podem leva-la a indefensáveis “furos”. Ao deslocar a viagem ao
futuro ao mercado negro e ao uso desta e da organização dos Loopers, também foge
à crítica de que é um filme fascista, pois não é o Estado que elimina os
criminosos, mas o próprio crime que se precavém de acusações à sua maneira de
tratar os ditos “traidores”.
A narrativa acompanha Joe quando ele resolve fugir
de Megan City, a cidade onde trabalha, seguindo para o Oriente. Uma legenda
pontua os anos que vão passando. Quando surge o “velho Joe” a seqüencia é
interrompida. Este fora casado com uma oriental que morrera na hora em que o
seu apartamento é invadido pelos asseclas do “chefão" da máfia. Perseguido
no tempo por Joe jovem, ele tem clareza de que se conseguir eliminar o algoz, a
sua esposa, por quem é apaixonado, voltará à vida.
O diretor não esmiúça detalhes das viagens no tempo
nem se detém nas personalidades que focaliza. Se esse enredo fosse da lavra de
um cineasta como Alain Resnais (que ainda vive e é considerado um dos autores
de cinema que fez do tempo uma de suas “personagens”) tudo seria diferente. Mas
Rian Johnson quer fazer filme comercial mesmo que exija um nível acima do que
está sendo produzido hoje na linha “blockbuster”. Por isso, a narrativa é
dedicada à narração da trama. Pouco se diz do cenário que é o mundo de mais de
30 anos a nossa frente. Até por conta dos limites da produção que quase sempre
se exime dos recursos de CGI, tratando as sequencias com o realismo possível.
É interessante que o dècor não está preocupado, com
o processo desintegrado desse futuro mostrado como tantos filmes já o fizeram.
A cidade é captada com algumas alterações, e o interior das casas, também. O
senso asseptico passa pelo despojamento de uma decoração estética futurista,
embora seja possivel reconhecer que o apartamento de Joe, por exemplo, quarda
certa mudança em seus arranjos.
São
muitos os filmes que tratam de viagens no tempo. Clássicos como “Daqui a Cem
Anos” (Things to Come/UK, 1936), “A Maquina do Tempo” (The Time
Machine/EUA,1960) ou “De Volta Para o Futuro” (Back to the Future/EUA,1985) em
suas três versões, são sempre lembrados até por suas falhas (o primeiro, por
exemplo, só previa uma viagem à lua em 2036). Mesmo esses títulos preferem
muito mais o meio fácil de comunicação, passando o tema sem aprofundá-lo,
achando melhor brincar com o que se chama “paradoxo temporal”, ou seja, a idéia
de que qualquer mudança efetuada num determinado momento pode mudar todo o
futuro que se conte a partir daí. O trabalho de agora procura eximir-se de
falhas e mantém a atenção do espectador com as suas divagações cientificas.
Para alguns pode ser um programa de difícil acompanhamento, mas está acima da
média ofertada pelos cinemas comerciais atualmente.
“Looper” chega a surpreender.
Estreou semana passada desde Los Angeles depois de sessões especiais em
diversos países como a Inglaterra. Isto demonstra confiança dos produtores ao
trabalho do diretor-roteirista de currículo minúsculo (apenas mais dois filmes
para o cinema).
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