Barbara Stanwyck protagoniza "Stella Dallas"
Inicia-se hoje, 23/10, no Cine
Olympia, uma mostra com 5 filmes do gênero melodrama. Este programa foi
escolhido pelos próprios frequentadores do cinema que pediram alguns títulos
por e-mail. Mas antes de me reportar aos títulos, veja-se a que vem esse
gênero.
Alguns autores referem o
aparecimento do melodrama em torno dos últimos anos do século XVIII e início do
XIX. Segundo Sid Vasconcelos em “O olhar
melodramático” (2005) “enquanto
forma dramática (...) possui grandes paralelos com as mudanças sócio-políticas
vivenciadas pelos países europeus, sobretudo a França, após a Revolução
Francesa”. Para esse autor, o tempo de presença desse gênero se deve a duas
caracteristicas fundamentais: o melodrama toca “em pontos de fácil apelo ao grande
público como os sentimentos mais imediatamente impactantes, notadamente os
relativos aos dramas familiares e afetivos”, enfocando o parâmetro pessoal mais
do que o social, nas motivações dos personagens. A outra caracteristica é “o de
sua adaptação ou mescla com subgêneros, estilos, temáticas, universos culturais
os mais distintos”, demonstrando o endereço a certo público interessado nas
argumentações que ele desenvolve.
O gênero pede um estudo mais
substancioso e sua inserção na programação de cinema quer demonstrar que apesar
de ele ser mal visto por alguns analistas como meio estético cinematográfico
deve ser analisado pelos reflexos sociais que o intermediam com a cultura.
Vejam-se os títulos escolhidos para esta mostra: “Stella Dallas”(1937/hoje),
está inscrito na categoria de clássico; “Sublime
Obsessão”(1954/amanhã); “Imitação da Vida”(1959/5aFeira),“Madame X” (1966/6aFeira)
e “Amar Foi Minha Ruina”(1945/sábado).
“Stella Dallas” adaptado de um romance de Olive Riggins Prouty, filmado em 1925 por Henry
King, com Ronald Colman e Belle Benett. Nesta versão de 1937, a atriz Barbara
Stanwyck protagoniza a mãe solteira que se desvela no cuidado com a filha e
quando esta cresce, namora e casa com um homem rico há um distanciamento
dramático entre as duas, com a mãe sequer recebendo convite para o casamento( que
observa de longe, entre lágrimas).
O diretor King Vidor(1894-1982) é
um dos mestres do cinema norte-americano. Deixou obras-primas como “A Turba” (The
Crowd/1928) e “Aleluia”(Hallelujah/1929), além de títulos aplaudidos como “A
Furia do Desejo”(Ruby/1952) e “Guerra e Paz”(War and Peace/1956). Narrando a
história na linha neorealista, Vidor extrai desempenhos marcantes do elenco.
“Sublime Obsessão”(Magnificent
Obsession) é a segunda versão do livro de Lloyd C.Douglas, o autor de “O Manto
Sagrado”. A primeira versão foi em 1935, dirigida por John M.Stahl, com Irene
Dunne e Robert Taylor nos papéis que passariam a ser de Jane Wyman e Rock
Hudson na que será (re)vista agora, com direção de Douglasb Sirk. Jane interpreta
a heroína de meia-idade que é acidentada por culpa de um “playboy” e fica
tetraplégica. Arrependido do que fez ele estuda medicina e se torna o
especialista capaz de tratar a sua vitima (e amada). Um dos filmes preferidos
da platéia no seu tempo de estreia e um dos mais solicitados para uma
reapresentação.
“Imitação da Vida”(Imitation of
Life) também teve uma filmagem anterior (em 1934) por J. Stahl (o mesmo diretor
do primeiro “Sublime Obsessão”), com Claudette Colbert no papel que passaria a
ser de Lana Turner, na segunda versão. O livro original é de Fannie Hurst e há
muito a ver com “Stella Dallas” só que é a mãe negra repudiada pela filha
mestiça. Os críticos franceses elegeram como o conceito “a voir”(a
ver-obrigatoriamente).
“Madame X” segue o original
literário de Alexandre Bisson. Lana Turner protagoniza a mulher repudiada pela
classe social do marido, que deixa o lar e o único filho por não se entender
com a sogra e passa a viver no anonimato de forma desregrada até matar, bêbada,
um homem que ameaçou dizer a todos quem ela é. Presa, ela vai ser defendida por
um jovem advogado. Direção de David Lowell Richie. O tema foi tratado numa das
primeiras telenovelas brasileiras: “A Ré Misteriosa”(1966), dirigida por
Geraldo Vietri para a TV Tupi.
“Amar Foi Minha Ruina” (Leave Her
to Heaven) baseada no romance de Bem Ammes Williams, com Gene Tierney, candidata
ao Oscar. Ela é a obsessiva Elen Harland, noiva de um político, mas casa-se com
um jovem que conheceu numa viagem de trem. Passa a ter ciúmes deste e
arrependimento pelo amor à primeira vista. Inesquecível a sequencia em que se
atira grávida de uma escada para matar o filho. Direção de (também) Jonh
M.Stahl.
Nenhum comentário:
Postar um comentário