terça-feira, 23 de outubro de 2012

O FASCINIO DOS MELODRAMAS

Barbara Stanwyck protagoniza "Stella Dallas"

Inicia-se hoje, 23/10, no Cine Olympia, uma mostra com 5 filmes do gênero melodrama. Este programa foi escolhido pelos próprios frequentadores do cinema que pediram alguns títulos por e-mail. Mas antes de me reportar aos títulos, veja-se a que vem esse gênero.
Alguns autores referem o aparecimento do melodrama em torno dos últimos anos do século XVIII e início do XIX. Segundo Sid Vasconcelos em “O olhar melodramático” (2005)  enquanto forma dramática (...) possui grandes paralelos com as mudanças sócio-políticas vivenciadas pelos países europeus, sobretudo a França, após a Revolução Francesa”. Para esse autor, o tempo de presença desse gênero se deve a duas caracteristicas fundamentais: o melodrama toca “em pontos de fácil apelo ao grande público como os sentimentos mais imediatamente impactantes, notadamente os relativos aos dramas familiares e afetivos”, enfocando o parâmetro pessoal mais do que o social, nas motivações dos personagens. A outra caracteristica é “o de sua adaptação ou mescla com subgêneros, estilos, temáticas, universos culturais os mais distintos”, demonstrando o endereço a certo público interessado nas argumentações que ele desenvolve.

O gênero pede um estudo mais substancioso e sua inserção na programação de cinema quer demonstrar que apesar de ele ser mal visto por alguns analistas como meio estético cinematográfico deve ser analisado pelos reflexos sociais que o intermediam com a cultura. Vejam-se os títulos escolhidos para esta mostra: “Stella Dallas”(1937/hoje), está inscrito na categoria de clássico; “Sublime Obsessão”(1954/amanhã); “Imitação da Vida”(1959/5aFeira),“Madame X” (1966/6aFeira) e “Amar Foi Minha Ruina”(1945/sábado).
“Stella Dallas” adaptado de um romance de Olive Riggins Prouty, filmado em 1925 por Henry King, com Ronald Colman e Belle Benett. Nesta versão de 1937, a atriz Barbara Stanwyck protagoniza a mãe solteira que se desvela no cuidado com a filha e quando esta cresce, namora e casa com um homem rico há um distanciamento dramático entre as duas, com a mãe sequer recebendo convite para o casamento( que observa de longe, entre lágrimas).

O diretor King Vidor(1894-1982) é um dos mestres do cinema norte-americano. Deixou obras-primas como “A Turba” (The Crowd/1928) e “Aleluia”(Hallelujah/1929), além de títulos aplaudidos como “A Furia do Desejo”(Ruby/1952) e “Guerra e Paz”(War and Peace/1956). Narrando a história na linha neorealista, Vidor extrai desempenhos marcantes do elenco.
“Sublime Obsessão”(Magnificent Obsession) é a segunda versão do livro de Lloyd C.Douglas, o autor de “O Manto Sagrado”. A primeira versão foi em 1935, dirigida por John M.Stahl, com Irene Dunne e Robert Taylor nos papéis que passariam a ser de Jane Wyman e Rock Hudson na que será (re)vista agora, com direção de Douglasb Sirk. Jane interpreta a heroína de meia-idade que é acidentada por culpa de um “playboy” e fica tetraplégica. Arrependido do que fez ele estuda medicina e se torna o especialista capaz de tratar a sua vitima (e amada). Um dos filmes preferidos da platéia no seu tempo de estreia e um dos mais solicitados para uma reapresentação.

“Imitação da Vida”(Imitation of Life) também teve uma filmagem anterior (em 1934) por J. Stahl (o mesmo diretor do primeiro “Sublime Obsessão”), com Claudette Colbert no papel que passaria a ser de Lana Turner, na segunda versão. O livro original é de Fannie Hurst e há muito a ver com “Stella Dallas” só que é a mãe negra repudiada pela filha mestiça. Os críticos franceses elegeram como o conceito “a voir”(a ver-obrigatoriamente).
“Madame X” segue o original literário de Alexandre Bisson. Lana Turner protagoniza a mulher repudiada pela classe social do marido, que deixa o lar e o único filho por não se entender com a sogra e passa a viver no anonimato de forma desregrada até matar, bêbada, um homem que ameaçou dizer a todos quem ela é. Presa, ela vai ser defendida por um jovem advogado. Direção de David Lowell Richie. O tema foi tratado numa das primeiras telenovelas brasileiras: “A Ré Misteriosa”(1966), dirigida por Geraldo Vietri para a TV Tupi.

“Amar Foi Minha Ruina” (Leave Her to Heaven) baseada no romance de Bem Ammes Williams, com Gene Tierney, candidata ao Oscar. Ela é a obsessiva Elen Harland, noiva de um político, mas casa-se com um jovem que conheceu numa viagem de trem. Passa a ter ciúmes deste e arrependimento pelo amor à primeira vista. Inesquecível a sequencia em que se atira grávida de uma escada para matar o filho. Direção de (também) Jonh M.Stahl.

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