quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O MEDO DO SOBRENATURAL

As "gêmeas-fantasmas" em "O Iluminado", de Stanley Kubrick. No Olympia.
 
Em sua última fase, nesta temporada, o Festival de Filmes de Terror, com exibições no cine Olympia. Amanhã (05/10) será a vez de “O Enigma do Outro Mundo”(The Thing), de John Carpenter; no sábado, a vez é de “O Exorcista”(The Exorcist) de William Friedkin; e no domingo pontua por lá “O Iluminado” (Shining), de Stanley Kubrick. A mostra vem sendo realizada desde julho último, sofrendo uma interrupção devido a problemas técnicos no cinema. Esses filmes encerram o Festival e, na semana do Cirio, há uma programação específica com filmes paraenses sobre a nossa festa maior.

“O Enigma do Outro Mundo” foi realizado em 1982, com roteiro de Bill Lancaster, história de John W. Campell Jr. e direção de John Carpenter. Houve uma versão em 1951, com produção e co-direção de Howard Hawks, embora nos créditos a direção seja de Christian Niby, com o título de “O Monstro do Ártico”( The Thing from Another World). Esta historia, escrita em agosto de 1938 de título “Who GoesThere?” ganhou um prequel em 2011 e com o mesmo titulo do filme de John Carpenter, ou seja, “O Enigma do Outro Mundo”.

Basicamente é um disco voador caído no gelo da Antártica e um ser vegetal é liberado atacando os membros de uma estação meteorológica existente nas proximidades. No filme de 1982, que vai ser revisto agora, o aspecto visual tão caro aos trabalhos do diretor de “Halloween” e “A Névoa” é o mais importante. Realizado a cores (o original de 1951 era em preto e branco) dimensiona o terror com matizes escuros e o enquadramento em tela panorâmica procura evidenciar o papel das personagens no ambiente. É um dos trabalhos mais bem realizados de Carpenter, diretor de 28 filmes até o momento. Trata-se de uma obra que se tornou clássica.

“O Exorcista” é um clássico de 1973 que gerou diversas continuações e filmes semelhantes. Baseou-se no livro de William Peter Blatty responsável também pelo roteiro que acompanhou as filmagens. Ele trabalhava numa divisão psiquiátricas da Força Aérea e praticamente criou um subgênero cinematográfico. O diretor William Friedkin tem 36 filmes no currículo e pertence à geração que veio da TV nos anos 60. Seu trabalho ganhou elogios, prêmios e influenciou muitos colegas. A estreante Linda Blair, hoje com 62 anos, tinha apenas 8 anos quando protagonizou a menina possuída pelo demônio, Regan. Foi o seu maior momento na carreira. Tanto a garota quanto a protagonista do papel de sua mãe, a atriz Ellen Bustryn, foram muito elogiadas. Ainda no elenco figurou o ator dos filmes de Ingmar Bergman e que ainda está atuando no cinema, Max Von Sidow. Outro ator foi Jason Miller falecido em 2001.

Poucos filmes tiveram tanta propaganda sugestiva como “O Exorcista”. Comentava-se o pavor que irradiava à plateia com crises de vômito a imitar o que acontecia com a personagem de Linda Blair. Era o tipo do programa que era acessado com uma resposta emotiva predeterminada. Ainda hoje é um dos “filmes de terror” mais solicitados em DVD ou Bluray.

“O Iluminado”(Shining) é de 1980 e se baseou num livro de Stephen King. Jack Nicholson protagoniza o escritor que se hospeda, com a esposa (Shelleyv Duval) e filho menor (Danny Loyd) num hotel situado numa região montanhosa, isolado do mundo, quando há uma tempestade de neve. Ali haviam morrido várias pessoas. E os fantasmas aparecem para o menino, levando o pai a um processo de loucura a partir do momento em que se acha presente no passado do lugar, tomando parte no cenário dos crimes acontecidos. Sequências aterradoras proliferam com ênfase numa delas em que o personagem de Nicholson circula num labirinto de hera em busca de suas presas. Outra é a das meninas-fantasmas aparecendo para o garoto que rodeia a casa vazia em um velocípede.

O perfeccionismo de Stanley Kubrick ficou marcado pelas narrativas dos interpretes. Mas Stephen King não gostou da adpatação e produziu a sua versão para a TV, em 1997, dirigida por Mick Garris. Na verdade, um teleplay rotineiro que nem de longe mostra a inventiva e o aspecto plástico do trabalho do consagrado cineasta de “2001 Uma Odisséia no Espaço”.

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