Natasha Calis é Emmy em "Possessão"
No filme “A Caixa”(The
Box/EUA, 2009), com roteiro do diretor Richard Kelly tendo por base uma
história do pródigo Richard Mathenson, uma caixa chega pelo correio e quem a
abrir recebe um inusitado convite: um milhão de dólares para matar quem
desconhece. Recusar o convite é se tornar vulnerável a um mau espírito matador.
Pois bem, este “Possessão”(Possession/EUA, 2012) baseado no artigo “Jinx in a
box” de Leslie Gornstein (escritora free-lancer de Los Angelles), em exibição
há três semanas em salas da periferia da cidade, tem pontos semelhantes. No
enredo, uma caixa chega às mãos de uma menina e com o tipo de “assistência”
solta um fantasma maligno. A diferença começa com os “pródromos”da possessão. A
garota ao tocar a caixa fica com o dedo escuro como se tivesse apertado em
algum lugar. A espécie de gangrena vai ganhando o corpo dela. Com a irmã, mora
com o pai, um treinador de basquete que está em vias de se separar da mãe e
sempre se mostra preocupado com as filhas, embora não pareça dar importância ao
que acontece com o dedo da mais nova. A trama só ganha terreno médico quando a
menina vai a um exame de cintilografia e aparece um espírito“parasitando”o seu
corpo.
A sequência inicial
mostra uma anciã aproximando-se da tal caixa, sendo jogada para trás como se
estivesse fazendo ginástica circense, coreografia díspar de pessoas de sua
idade. Não interessa quem é. Logo as imagens apresentam o Sr.Clyde (Jeffrey
Morgan) treinando um time de basquete. Dali sequencia as cenas da casa da família,
apresentação das personagens, destaque para a menina Emmy (Natasha Calis) e,
naturalmente, a tal caixa (sempre focalizada no escuro).
Os/as espectadores/as
acostumados a assitir aos filmes de terror reconhecem de imediato o final da
história supondo uma cena de exorcismo. Entretanto, isso não ocorre. Por mais
que o exorcista consiga arrancar o fantasma do corpo de Emmy e leve a caixa com
ele, em seu carro, um acidente deixa em aberto uma sequência para o próximo ano
(dependendo, é claro, da bilheteria que este “Possessão” vai garantir).
Produzido por Sam Raimi,
que tem experiência no gênero e fez uma excelente paródia dele em “Noite Alucinante”(Evil
Devil 2), com direção do dinamarquês Ole Boredal, o que parece cuidado
narrativo são alguns enquadramentos. Um rosto no canto do quadro em
primeiríssimo plano com ação no fundo não é rotina. Mas esse capricho formal,
ajudado por uma iluminação econômica, não salva um roteiro bobo, um “déja vu”,
além de “A Caixa” apresentar lembranças de diversos outros filmes inclusive de
“O Exorcista”(e a personagem tende a associar certa máscara da atriz
adolescente Linda Blair).
Infelizmente há publico
para esse tipo de programa. Quem assiste reconhece outros filmes bastante
parecidos já vistos. E até por isso, diluindo os possíveis sustos, diverte-se
com a trama. E o mais sério é conhecer opiniões críticas que veem além das
aparências. É aquela sentença de que achar qualidades em uma obra depende
muitas vezes da boa vontade de quem procura. “Possessão”é um filme bastante
ruim, contudo, é possivel que suas qualidades estejam em maior vantagem do que
o novo blockbuster “Amanhecer Parte 2”. O que impulsiona neste que deve ser o
último capitulo de uma série sobre vampiros românticos a provocar a memória de
Bram Stoker (autor de “Dracula”) é o que o público pode esperar do casal
vampiro que vê seu rebento perseguido pelos rivais devoradores de sangue. Os
tipos imaginados pela escritora Stephanie Meyer também dão licença ao
lobisomem, lançado no cinema em 1941, pelo novelista e roteirista Curt Siodmak
(1902-2000), irmão do diretor de filmes “noir”, Robert Siodmak. É uma salada
cultural com tempero sensacionalista. Os curiosos que se habiltem.
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