DE BETTE DAVIS A KORE-EDA
Luzia Miranda Álvares
É de supor um festival Bette
Davis pela coincidência do lançamento em DVD, no mercado brasileiro, de vários
filmes interpretados pela famosa atriz. Anotei: “Tudo Isto e o Céu Também”(All
This and Heaven Too/1941), “Nascida Para o Mal” (In This Our Life/1942), “A
Grande Mentira”(The Great Lie/1942),”Horas de Tormenta” (Watch on the
Rhine/1943), em relançamento, “Meu Reino por um Amor” (The Private Live of
Elizabeth and Essex/1939).
“Tudo Isto e o Céu Também” foi
realizado pelo veterano diretor Anatole Litvak (1902-1974). Mostra Bette Davis como
governanta dos filhos de um nobre (Charles Boyer), na Paris do século XIX.
Esboça-se um romance dela com o patrão e a esposa deste (Barbara O’Neil)
provoca uma crise de ciúmes que leva ao crime.
“Nascida Para o Mal” é o segundo
filme de longa metragem dirigido por John Huston. Bem diferente do que ele fez
(“O Segredo das Joias”, 1950) e faria depois. Bette protagoniza uma jovem sem
escrúpulos e de atitudes egoistas e planejadas e entre estas conquista e foge
com o noivo da irmã (Olivia de Havilland), casa-se com ele, não dá certo e
volta a perseguir outro personagem que a ama (George Brent). A tensão está
entre um suiiciidio e um acidente de carr sendo ela a responsável.
“A Grande Mentira” é quase surreal. Bette
assume o filho da amante (Mary Astor) do marido (George Brent), um piloto que desaparece
na Amazônia. Ao reaparecer ele se acha entre a mãe biológica da criança e a
cuidadora, mas aquela quer o filho de volta. Situações constrangeras se
evidenciam. Direção de Edmund Goulding.
“Horas de Tormenta” figura entre
os filmes ambientados na 2ª. Guerra Mundial lançados no pacote “Hollywood
Contra Hitler”. Bette protagoniza uma mulher casada com um alemão (Paul Lukas)
que chefia a resistência contra o nascente regime nazista. Nos EUA, procurando
a casa da mãe dela, nasce um clima de angustia quando um amigo da família denuncia
o alemão que já é “persona non grata” de Hitler. Direção de Herman Shumlin.
“Meu Reino por um Amor” trata do
romance que teria existido entre a rainha inglesa Elizabeth I e o Conde de
Essex (Errol Flynn). A direção é de Michael Curtiz (de “Casablanca”, 1942) e o
filme é narrado em uma superprodução da Warner, em tecnicolor, lançado na época
dos grandes cartazes de Hollywood como “...E O Vento Levou”.
Afora os filmes com Bette Davis, todos
de um tempo em que a atriz emergia como um talento versátil, interpretando
variados papéis de vilã e de heroína, há muitas novidades em DVD. Além do que foi
exibido recentemente nos cinemas com “Prometheus” (há cópia em Blu Ray), “A Era
do Gelo 4” (cópias também em Blu Ray 3D), “Sombras da Noite” e “Battleship”, há
o mais recente filme de Roman Polanski, “Deus da
Carnificina”(Carnage/França,2011), versão de uma peça teatral que se constitui
num desafio de criar a narrativa cinematográfica para um só espaço (uma sala).
Há também “Perseguição Implacável”(The Expatriate/EUA 2012), thirller
competente com Aaron Eckhart interpretando um agente da CIA que ao tentar se
aproximar da filha adolescente depois de se divorciar da mãe, descobre que suas
ações e seu trabalho haviam desaparecido sem deixar rastros. Há perseguição entre
agentes seus colegas e inimigos. Direção de Philipp Stölz.
Mas a recomendação insistente é para
o novo filme de Hirokazu Kore-eda, o diretor de “Depois da Vida” (“Wandafuru
raifu”, 1998): “O Que
eu Mais Desejo”(Kisek/Japão, 2011). Trata de crianças. Irmãos separados como os
pais, um vivendo com o pai o outro com a mãe, se encontram quando um deles
planeja uma viagem para ver a passagem do trem bala. É uma forma de fazer
pedido como quem solicita uma graça. Intérpretes competentes, o filme expõe um
clima poético, sedutor, atual e com explosão de comoção diante dos desejos e da
esperança de crianças que só querem viver suas vidas. Uma obra-prima.
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