Ao que se pode deduzir, as comédias italianas estão de volta, agora na
mais nova tecnologia, o DVD e, “A Primeira Coisa Bela”(La Primma Cosa
Bella/Itália,2010), está sendo vendido como o marco dessa volta. Mas apesar de
citar um dos ícones do gênero, Dino Risi, o filme dirigido por Paolo Vizi é bem
dramático. A veterana atriz Stefania Sandrelli (de “Nós que nos amávamos
tanto”) protagoniza a mãe moribunda a quem o casal de filhos acode e, a partir
daí, passa a lembrar do passado em comum. O roteiro usa de constantes
flashbacks e com isso diminui o senso melodramático deixando fluir o humor.
Cada filho tem seu problema, especialmente Bruno (Valerio Mastrandela). Nesse
entorno de lembranças eles descobrem a existência de um irmão, gerado depois da
separação de seus pais. É o segredo da mãe só desvendado nesse momento. Tudo
bem dirigido e bem italiano. Não chega a lembrar dos filmes de Risi ou mesmo de
Mario Monicelli, mas é um raro programa nesta fase em que muito pouco chega até
nós, seja em tela grande seja em pequena, do cinema que se faz na Itália.
Outro filme interessante é “Valentino” (UK, 1977), uma das muitas
extravagâncias do diretor Ken Russel (falecido em 2011). No texto, ele ficciona
a vida do famoso ator do cinema mudo, Rodolfo (ou Rudolph ou simplesmente Rudy)
Valentino, detalhando seu relacionamento com a atriz Natasha Rambova e o flerte
com Alla Nazimova (esta chegando a ser uma das estrelas de vulto na velha
Hollywood). O diretor inglês usou o bailarino Ruldolph Nureyev para o papel do
galã do cinema mudo por quem as mulheres se apaixonavam. A escolha se deve
principalmente ao fato de Russel mostrar os números de dança executados por
Valentino que além de personagem de filmes de aventuras dançava tango em
cabarés. E o bailarino está bem a vontade no papel. Mas o melhor do filme é o
aspecto plástico realçado numa esplendorosa fotografia de Peter Suschitzky.
Gostei de assistir a “Jeff e as Armações do Destino”(Jeff Who live in
home/EUA,2011) muito original na abordagem de irmãos diferentes em temperamento
e iguais em sensibilidade. O Jeff do titulo (Jason Segel) é arredio, vivendo em
casa com a mãe viúva (Susan Sarandon). O irmão mais velho (Ed Helms) tem ciúmes
da esposa a quem negligencia. A ação é a procura de Jeff pelo significado de
sua vida entrando em várias situações que julga ser objetivas para o que
procura, entre as quais a luta do irmão ciumento que tenta descobrir a
infidelidade da esposa, perseguindo-a acompanhado do irmão. Jeff acha que uma
pessoa chamada Kevin tem importante papel em sua vida. Direção de Mark e Jay
Duplass. O interessante é que o diretor mescla essa ação e o comportamento de
Jeff com as simbologias do filme ”Sinais” (2002), de M.Night Shyamalan que
evidenciam o comportamento das pessoas por alguma razão do destino.
“À Beira do Abismo”(The Big Sleep/EUA, 1946) é sempre citado entre os
mais expressivos “film noir”. Humphrey Bogart protagoniza o detetive Philippe
Marlowe e na trama se vê às voltas com roubo e assassinato em uma família
milionária. O principal papel feminino é defendido por Lauren Bacall que na
época da produção estava de romance com Bogart. O diretor Howard Hawks foi
padrinho de casamento dos dois. O roteiro de “The Big Sleep” (O Grande Sono) é
de autoria do escritor William Faulkner, um dos grandes nomes da moderna
literatura norte-americana, com base no romance policial de Raymond Chandler,
cujos direitos foram vendidos por Howard Hawks à Warner em 1944. No DVD lançado
pela distribuidora Versátil há um disco-bônus com uma versão que teria sido a
escolhida por Hawks (e não a que foi editada pela produtora, Warner Bros) e
mais o “noir” colorido “A Arte de Matar”, versão do mesmo romance, com o mesmo
titulo original, dirigida por Michael Winner, em 1978, protagonizado por Robert
Mitchum e Sarah Miles.
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