Daniel Craig , o novo James Bond em "Operação Skyfall"
O novo filme do agente secreto 007 inicia de forma diferente
dos outros. Ao invés do prólogo que mostra James Bond atirando para dentro de
um olho, no caso, a visão do plano através de um orifício que simula o olhar de
alguém, não essa exposição nem a cor vermelha resultante do que seria o sangue
do atingido. Esse prólogo dos primórdios justificava a sigla 00 que significa a
“permissão de matar”. O agente de S. Majestade Britanica é da classe especial
que pode eliminar o adversário ao Invés de simplesmente prendê-lo.
A figura de James (007) Bond surgiu em um livro do
escritor Ian Fleming no final dos anos 50. A fama veio com a declarada
preferência do texto pelo então presidente dos EUA, John Kennedy. E o primeiro
filme não tardou. Os produtores Albert R. Broccoli e Harry Saltzman levaram o
projeto aos estúdios de Hollywood e só conseguiram aprovação da United Artists.
Em 1961 foi realizado “O Satanico Dr. No” (Dr No), primeiro exemplar de uma
série que hoje comemora 50 anos e mostra uma jovialidade comercial muito rara,
só comparada em termos de “filmes de herói” ao Tarzan de Edgar Rice Burroughs.
Em tão longo espaço de tempo, o agente 007 já apresntou
diversas caras. Começou com a do escocês Sean Connery, que atuou em 6 filmes. Depois,
com George Lazenby (1), seguindo-se Roger Moore(7), Timothy Dalton (2), Pierce
Brosnan (4) e agora, com Daniel Craig, em seu segundo desempenho.
A nova aventura do agente inglês, “007 Operação
Skyfall”( EUA/UK, 2012) inicia com uma perseguição de grande efeito. Não é só
uma corrida de carros, mas também a pé, por sobre telhados. Nesse caso, como
nos melhores filmes de ação, quem é mais evidente é a montagem (edição). Há planos
que duram pouco mais de dois segundos na tela. Cortes rápidos ajudam no ritmo
que por sua vez é auxiliado pelos efeitos de CGI. Uma série de perigos corre
Bond que persegue um homem com uma lista não revelada ao espectador. Sabe-se
apenas que é uma ordem da chefe M (Judi Dench) e que “deve ser cumprida de
qualquer maneira”. Essa vontade irremovível da todo poderosa orientadora dos
agentes secretos britânicos ameaça até mesmo a vida de seu agente mais fiel e
famoso. Numa hora ele está brigando com o antagonista no teto de um trem e
adiante vê-se uma comparsa com um rifle. Informando a M sobre a ação em curso,
esta não hesita e exige: ”Atire”. Mas é impossível desviar a bala do agente que
luta. Bond é atingido e cai no rio sendo o corpo levado pela correnteza para
uma queda d’agua. Para todos os efeitos este morreu. Há, inclusive, um ato
fúnebre dedicado a ele. Mas nenhum mocinho morre em inicio de aventura e ainda
mais um ícone de um gênero. Bond sobrevive e não deixa por muito tempo de
voltar a obedecer M e continuar perseguindo o homem da lista.
Os produtores de “Skyfall” pediram que não se
revelasse o enredo do filme. E têm razão. Apesar de se saber que herói como 007
não se entrega, o que acontece é colocado no rol de surpresas. Certo que essas
são relativas. A fórmula desse tipo de filme é a mesma em todos os tempos. O
que muda são os vilões e seus motivos. O novo vilão (Javier Bardem) pode exibir
recursos que só cabem aos heróis. Numa entrevista M diz :”O inimigo agora não é
mais uma nação; pode ser um conhecido que está a seu lado”. A frase dá ao filme
um toque mais sério, uma demonstração de que o mundo mudou e na época do
terrorismo internacional, a segurança, por mais cuidada que seja, pode não ser
assim tão segura.
O filme dirigido por Sam Mendes (de “Beleza
Americana”) é competente. Realiza o que propõe. Dizendo assim, qualquer critica
fundamentada no conteúdo é tão supérfluo quanto ver lógica nas peripécias onde
um perseguido muda de roupa na rua sem que se diga como ou quando. O importante
é o ritmo, agora minado por uma realidade política. Nesse tom, “Skyfall” se
realiza e vale como espetáculo.
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