Animação "O Mundo dos Pequeninos" de Hirosama Yonebayashi
Muitos filmes de animação foram
lançados este ano. Chegaram a Belém os norte-americanos, ganhando posição
“Valente”, “Madagascar 3” e agora “A Origem dos Guardiões”(todos possíveis
candidatos ao próximo Oscar). Mas, um desenho japonês não chegou aqui e agora
se conhece através do DVD & Bluray: “O Mundo dos Pequeninos”(Kari-gurashi
no Arietti/Japão 2010). É uma produção do afamado Estúdio Ghibli onde trabalha
(ou o dirige) o mestre Hayao Myiazaki (de “A Viagem de Chihiro”). Quem dirige esse
filme é o mais novo elemento desse estúdio, Hirosama Yonebayashi. O roteiro
apoia-se numa história da inglesa Mary Norton (1903-1992) autora de “Se Minha
Cama Voasse” filmado pela Disney em 1971. Focaliza pequenos seres, de anatomia
semelhante ao ser humano, que vivem nas florestas e subterrâneos. Eles se
alimentam de folhas ou do que conseguem nas dispensas dos “grandes”. Uma dessas
pequenas criaturas, Arietty, conhece acidentalmente um menino doente. Ele
respeita os pequeninos contra o conceito de sua mãe que deseja exterminar
“essas pragas que disputam com baratas e ratos os seus alimentos”.
A vida familiar de Arietty,
composta por ela, a mãe e o pai, está cercada de suas buscas por comida em
terrenos perigosos para o seu tamanho, e, chega a um ponto que necessita fugir
do lugar, ganhando uma feição não só de aventura mas também de poesia,
especialmente no contato com o menino e com a natureza.
Os desenhos são tradicionais, sem
recursos de computadores. Mas os eficientes funcionários do Ghibli sabem o que
fazer. E se esmeram no traço, nas cores, na iluminação, na edição e na inclusão
musical. É como assistir a Disney no seu melhor período. Uma pena que as nossas
crianças tenham de ficar restritas ao cineminha domestico diante desse trabalho
excelente. Mesmo porque, a aprendizagem que transmite desse conjunto de
episódios explorados revelam as rupturas com os processos discriminatórios de
uma sociedade que só convivem bem com os chamados “nornais”. Os pequeninhos invertem essa concepção e
demonstram que são seres viventes e precisam de espaço para transitar, embora
os que delimitam as representações sociais exigam a convivência com os padrões
conhecidos. Uma aula de pedagogia humana, tenho certeza.
E em se tratando de animação revi
em Bluray “Valente”(Brave/EUA,2012) o candidato da PIXAR este ano na corrida
pelo Oscar. A empresa de animação, hoje pertencente a Disney, é campeã com
seguidos sucessos como “Ratatouille”, “Wall E”, “Up” e os “Toy Story”(1 ,2 e
3). Neste novo exemplar, dirigido por Mark Andrews, Brenda Chapman e Steve
Purcell, de um roteiro deles e mais Irene Mecchi, o foco é sobre a pequena
princesa Merida, desde cedo procurando ser independente, rebelde aos padrões
sociais impostos ao máximo e, principalmente, quando sabe que os pais planejam
o seu casamento com um membro de família nobre ligada fraternalmente à casa
real. A rebeldia chega ao máximo quando ela pede a uma bruxa que “mude o
comportamento de sua mãe” e o feitiço acaba transformando a rainha em um urso.
Daí em diante, e sabendo-se que o rei perdera uma perna na luta com um urso
feroz, a meta é desfazer o feitiço e ao mesmo tempo preservar a independência
de Merida.
O tema feminista foi um desafio, segundo
os dirigentes da PIXAR. Seria a primeira heroina convertida do sexo feminino. E
a qualidade técnica do desenho nada deixa a desejar. Se para alguns o filme
perde para os melhores do estúdio pela história, supostamente isenta de
emocionar como as outras, na verdade, esse é o tom que agrega aos que não
aceitam emocionalidades. E Merida enfrentando os “barões das armas e das
estratégias de guerra” tem mais a ver com as qualidades ditas “masculinas”,
mas, com isso, demonstra que tanto homens quanto mulheres podem circular entre
os dois lados sem que haja necessidade de rótulos. É mais um titulo
especialmente dedicado ao público infantil. E neste caso deve agradar a meninas
e meninos. E também, pode ser apropriados ao estudo das representações sociais
entre os gêneros, para questionar o arraigamento de padrões patriarcais ainda
presentes na sociedade.
Bom ver o filme em bluray 3D.
Realça o esmero técnico.
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