Anos depois
mudam-se para a localidade uma enfermeira divorciada (Elizabeth Shue) e sua
filha de 17 anos (Jennifer Lawrence) que esperam recomeçar suas vidas após o
divórcio da mãe. Logo esta moça estará conhecendo o vizinho que mora, só, na
casa do crime. Seria o filho do casal assassinado, afinal, o único herdeiro da
família, posto que a irmã, tida como a criminosa, teria fugido para uma
floresta próxima e provavelmente morrera num rio uma vez que jamais a
encontraram.
A base da
história, um conto de Jonathan Mostow, diretor de “O Exterminador do Futuro
3”,não foge aos “clichês” dos filmes de terror que se apoiam em troca de
personalidades (lembram Anthony Perkins em “Psicose” de Hitchcock?). Não sei se
este conto esmiúça o perfil de Carrie Anne, a menina que seria a psicopata
assassina. O roteiro de David Loucka centraliza a ação no irmão dela, Ryan. Ele
guardaria a irmã no porão da casa como se esta fosse um animal feroz (e vivia
aplicando injeções de tranqüilizantes). Por outro lado, o desfecho da historia
leva a crer que tudo o que aconteceu está resumido nas atitudes de Ryan. E o perfil
será delineado quando se torna amigo (e quase namorado) de Elissa, a filha da
nova vizinha.
O espectador
pode perguntar por Carrie Anne. Mas se essa personagem vier à tona da forma que
ficou exposto no filme, vou estar cometendo spoiler ou revelando parte do
suspense.
“A Casa da
Rua...” tem uma construção tradicional, apostando na emoção do espectador. O
flagrante com um acorde é um velho método de assustar e o diretor Mark Tonderai
não se furta a isso. O que me pareceu diferente do usual foi a predileção desse
cineasta com os planos próximos. São rostos (closes) de todos os personagens,
às vezes com detalhes desses rostos. Se em alguns momentos o recurso é para
evidenciar expressões, apoiando-se no elenco
(especialmente em Jennifer Lawrence, talentosa jovem atriz revelada em “Inverno
da Alma”), em geral não se justifica. O enquadramento deve se ater ao que se
quer contar evidenciando a construção da imagem. Isso pouco acontece no filme,
que sempre aposta na capacidade de assustar, desinteressando-se do aspecto
psicológico evocado. Seria o caso de perguntar se o roteiro usou Carrie Anne
como um artifício ou uma feição realista. Se ele quisesse que a assassina dos
pais fosse, na verdade, outra pessoa (e Carrie tivesse morrido como a noticia
circulante nos diálogos sobre o fato) como ressaltar as cenas em que ela é
“dopada”pelo irmão e a evidencia disso é encontrada pela jovem vizinha ?
Não há
cuidado com a estrutura psicológica num caso em que isso é básico. Restando o
horror, este tende a servir a um esquema gasto pelo uso. E resulta que se veja
o filme com interesse, pois o artesanato é dinâmico, mas o logro é sentido. Há
personagens que foram feridas e cuja atitude não é mostrada assim desde que
sirvam a um momento dramático estipulado. Uma brincadeira com o espectador.
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