Guardem bem este nome: Quvenzhané
Wallis. Certamente é mais difícil de ser pronunciado do que Arnold
Schwarzenegger. Mas a atriz que tinha 5 anos quando foi descoberta pelo
cineasta Benh Zeitlin é um prodígio. Hoje ela tem 9 e é candidata na caategoria
de melhor atriz ao próximo Oscar. Em “Indomável Sonhadora”(Beasts of the
Southern Wild/EUA,2012) interpreta o papel de Hushpuppy, (uma pequena aldeã que
vive no delta de um rio no estado de Louisiania, numa comunidade isolada, ao
lado de seu pai Wink. Certo dia uma tempestade explode tudo ao seu redor no
vilarejo alterando o cenário em que sobrevive, emergindo, inclusive as
criaturas pré-históricas de suas sepulturas, os chamdos arouchs. Embora no
transporte improvisado, ela vai a luta em busca de sua mãe que há muito
desapareceu.
O filme tem um custo bem baixo e é o
longa-metragem de estreia do diretor Benh Zeitlin com recursos do Sundance Labs. Antes ele realizou
3 curtas, um deles premiado. Mas com este longa sacudiu a mostra de Sundance,
um festival independente dos EUA, ganhando o primeiro prêmio, e daí em diante
conquistou plateias a ponto de ganhar distribuição internacional a partir do
interesse da Fox Searchlight.
Realmente é um filme diferente,
emocionante, pode-se dizer perturbador. O realismo proposto faz com que se
pense num documentário. Custa a crer que sejam atores representando. E a
locação, se distante da tragédia ecológica real, porta-se como um elemento
dramático impressionante.
Não há brecha para uma licença de
Hollywood embora em certos momentos a personagem da pequena atriz divague para
ver certos animais. Os verdadeiros animais se afogam como muitas pessoas.
Aliás, poucos filmes retrataram o que se passou, por exemplo, após o Katrina,
nas proximidades de Nova Orleans. Sei de um dirigido por Spike Lee que não
chegou a meu alcance (o documentário When
the Levees Broke: A Requiem in Four Act) e que criticava o governo Bush
pelo descaso. Trata-se de uma produção inspirada num trabalho
fotográfico criado por Lee e seu irmão sobre a tragédia do Katrina. O certo é
que “Indomável Sonhadora” retrata também um fato real e coloca nele o lado
humano que o substancia fortemente.
Como exemplo, lembro a recriação do
tsunami que foi exposto em “O Impossível”(The Impossible/EUA, 2012). Ali um
casal norte-americano se separa quando, aproveitando férias num hotel da região
castigada pelo maremoto em dezembro de 2010 e apesar de tudo ter sido criado em
CGI, ninguém fica indiferente ao drama, especialmente da mãe (Naomi Watts
candidata ao Oscar) e seu filho mais velho (o estreante Tom Holland). No caso,
uma produção de grande estúdio bancou tudo. Mas neste exemplar modesto de
“Indomável Sonhadora” deve ser reconhecida a criatividade do diretor fazendo
moldar o quadro ambiental, observando-se como nesse espaço tumultuado conseguiu
desempenhos tão eficientes, como se os interpretes estivessem, vivendo os
fatos.
O filme de Zetlin é candidato a 4
Oscar e está entre os favoritos do Spirit, premio dos independentes. Espero que
chegue até aqui. Mesmo não ganhando nenhum prêmio no próximo domingo. Será
triste se o espectador local só vir a conhecer esta obra extremamente meritória
em DVD ou Bluray. Nada como a tela grande nessas exibições de catástrofes,
ainda mais quando pessoas estão no meio, vivendo dramas comunicativos. E neste
caso nem se pensa muito em“mise-en-scéne”: um enquadramento irregular, uma
iluminação discutível, uma incomoda brecha à fantasia, nada se sobrepõe a uma
comunicação com o espectador. Este é o cinema que Chaplin advogava e, com ele,
críticos como o pioneiro André Bazin.
“Indomável Sonhadora” pode ser
quesionado como um titulo ideal, posto que a personagem demonstra ser indomável
mas realista em sua visão de salvar até seu próprio pai num momento em que este
se embebeda. Se em certos momentos sonha em encontrar a mãe, isso não quer
dizer que viva de sonhos. Mesmo porque ela se limita a sobreviver, conseguindo
ajudar aos que estão ao seu redor numa manifestação magistral de como age uma
criança e como poucos reconhecem esse comportamento.
Esperemos a estreia deste belo filme.
Luzia , espero que a carreira desta menina seja bem administrada, pois temos inumeros exemplos de atores que começaram ainda crianças, mas que conforme foram crescendo não tiveram estrutura emocional, financeira, etc..., e infelizmente não tiveram sucesso na fase pos-criança.
ResponderExcluirUm dos exemplos que me chama atenção e do Macaulay Culkin, que ficou milionário ainda criança, mas teve seu patrimonio dilapidado pelos pais, outro exemplo aconteceu aqui no Brasil do protagonista do filme Pixote de Hector Babenco.Fernando Ramos da Silva que ficou conhecido pelo nome titulo que recebeu no filme, o garoto não teve nenhuma estrutura pois fllme e acabou se envolvendo com a criminalidadee acabou assassinado em 1987.
Mas também temos exemplos positivos de astros mirims, que conseguiram passar a fase adulta depois de alguns atropelos como a Drew Barrymore, aqui no Brasil temos o exemplo do protagonista mirim de Central do Brasil , Vinícius de Oliveira que teve todo um aparato de sustentação na carreira de ator, e hoje vem se destancado em na tv e no cinema.