Bette Davis
Ruth Elizabeth Davis(1908-1989) exibia a imagem de seu caráter, segundo
ela mesma costumava dizer. Começou vida artística na Broadway em 1929 e um ano
depois descobria o cinema contratada pela Universal onde protagonizou a “Irmã
Má”(The Bad Sister, 1931) de Hobart Henley. Um ano depois assinava um contrato
de 7 anos com a Warner, estúdio onde viu nascer uma popularidade que
ultrapassava a imagem de mocinha bonita e amante, podendo aparecer como a
solteirona que acha o amor numa viagem de navio (“A Estranha Passageira”/Now
Voyager, 1942) ou como a megera que punia a irmã por ciúme doentio (“O Que Terá
Acontecido à Baby Jane?/Whatever Happend to Baby Jane? 1962).
Bette Davis atuou em 122 filmes, ganhou 20 premios (incluindo 2 Oscar) e
foi candidata a outros 19 premios. No livro de Charles Higham “Bette
Davis”(Ed.Francisco Alves, 1983) encontram-se suas opiniões sobre diversos
papéis que representou em sua longa e produtiva carreira no cinema que vai de
1929 a 1989. Ela pouco elogia seus trabalhos e chega a ser cruel para com
alguns como a vendedora de maçãs na refilmagem de “Dama por um Dia”(1961) de
Frank Capra (“aquele filme horroroso”). Elogio está no emblemático “A
Malvada”(All About Eve/1950) protagonizando uma atriz em fim de carreira,
substituída por uma estreante ambiciosa (interpretada por Anne Baxter). Como
outros grandes artistas, Bette privilgiava o que tinha ligação com o teatro.
Mas ainda assim sabia incorporar personagens criadas para o cinema. Sua postura
de mulher lutadora está, por exemplo, em “Jezebel”(1938) onde interpreta uma
jovem de Louisiana que procurou cultivar seu “status”durante a guerra civil e
se manter fiel ao noivo banqueiro (Henry Fonda) sem macular sua personalidade.
É clássica a sequência em que ela surge no baile onde se reúne a sociedade
local, vestida de vermelho quando o branco era o tom exigido. Por isso, o noivo
desfaz o compromisso, afasta-se, só voltando anos depois, já casado. Mas ela
não desiste e quando ele é acometido de febre amarela é ela quem passa a ser
sua enfermeira e, numa cena que ficou na história do cinema, segue com o corpo
moribundo do amado numa carroça cheia de doentes.
Bette Davis era amada mundialmente. Interessante observar que enquanto a
maioria procurava no cinema as chamadas “sexy-appeal”, ou as mulheres bonitas
que interpretavam mocinhas apaixonadas e submissas, ela explorava outra imagem,
a de uma corajosa e pouco afeita à beleza física, exaltando os dotes de atriz.
No inicio da produção de “...E O Vento Levou”(Gone With Wind/1938/9)
David O.Selznick pensou em Bette para o papel de Scarlet O’Hara. A personagem
criada pela escritora Margareth Mitchell era a sua encarnação. Mas houve
problema com a Warner onde Bette tinha contrato ( “O Vento....” era produção da
MGM). Ficou Vivien Leigh. E Bette assumiu outra figura da mesma têmpera de
Scarlet, no citado “Jezebel”.
No fim de carreira, a grande atriz duas vezes vencedora do Oscar
(por“Perigosa”/ Dangerous,1935) e “Jezebel”(1938) aceitou personagens aquém de
seu talento e tradição. Protagonizou vilãs, como o tipo vivido em “A Volta da
Montanha Enfeitiçada”(Return from Witch Mountain/1978) de John Hughes para a
Disney, e “Mistério no Bosque”(The Watchers in the Wood/1980), do mesmo
diretor. Atuou também em muitos filmes para a TV. E só voltaria a seus melhores
momentos como a mulher solitária de “As Baleias de Agosto” (The Whales of
August/1987) de Lindsay Anderson, contracenando com outra figura emblemática do
cinema, Lillian Gish, esta se despedindo (Bette ainda faria “A Madrasta”/Wicked
Stepmother) um ano depois.
Esta semana, o Cine Olympia exibirá filmes da famosa atriz. São 7
clássicos, e este final de semana estarão por lá: “A Estranha
Passageira”(1942),“Jezebel”, “O Que Terá Acontecido a Baby Jane?” E, na sessão
cinemateca de domingo, estará o film noir “A Carta” (1940). Ótimo momento para
circular com as personagens dessa grande dama.
Luzia, a Bette Davis é a minha diva do cinema preferida. ela sabia como ninguém interpretar, até mesmo nos papeis em que não era a vilã, ela mantinha a altivez a gana de sua personalidade.
ResponderExcluirNão é atoa que muitas atrizes se inspiram nela para fazer papeis fortes