sexta-feira, 1 de março de 2013

BETTE DAVIS






Bette Davis 

Ruth Elizabeth Davis(1908-1989) exibia a imagem de seu caráter, segundo ela mesma costumava dizer. Começou vida artística na Broadway em 1929 e um ano depois descobria o cinema contratada pela Universal onde protagonizou a “Irmã Má”(The Bad Sister, 1931) de Hobart Henley. Um ano depois assinava um contrato de 7 anos com a Warner, estúdio onde viu nascer uma popularidade que ultrapassava a imagem de mocinha bonita e amante, podendo aparecer como a solteirona que acha o amor numa viagem de navio (“A Estranha Passageira”/Now Voyager, 1942) ou como a megera que punia a irmã por ciúme doentio (“O Que Terá Acontecido à Baby Jane?/Whatever Happend to Baby Jane? 1962).
Bette Davis atuou em 122 filmes, ganhou 20 premios (incluindo 2 Oscar) e foi candidata a outros 19 premios. No livro de Charles Higham “Bette Davis”(Ed.Francisco Alves, 1983) encontram-se suas opiniões sobre diversos papéis que representou em sua longa e produtiva carreira no cinema que vai de 1929 a 1989. Ela pouco elogia seus trabalhos e chega a ser cruel para com alguns como a vendedora de maçãs na refilmagem de “Dama por um Dia”(1961) de Frank Capra (“aquele filme horroroso”). Elogio está no emblemático “A Malvada”(All About Eve/1950) protagonizando uma atriz em fim de carreira, substituída por uma estreante ambiciosa (interpretada por Anne Baxter). Como outros grandes artistas, Bette privilgiava o que tinha ligação com o teatro. Mas ainda assim sabia incorporar personagens criadas para o cinema. Sua postura de mulher lutadora está, por exemplo, em “Jezebel”(1938) onde interpreta uma jovem de Louisiana que procurou cultivar seu “status”durante a guerra civil e se manter fiel ao noivo banqueiro (Henry Fonda) sem macular sua personalidade. É clássica a sequência em que ela surge no baile onde se reúne a sociedade local, vestida de vermelho quando o branco era o tom exigido. Por isso, o noivo desfaz o compromisso, afasta-se, só voltando anos depois, já casado. Mas ela não desiste e quando ele é acometido de febre amarela é ela quem passa a ser sua enfermeira e, numa cena que ficou na história do cinema, segue com o corpo moribundo do amado numa carroça cheia de doentes.
Bette Davis era amada mundialmente. Interessante observar que enquanto a maioria procurava no cinema as chamadas “sexy-appeal”, ou as mulheres bonitas que interpretavam mocinhas apaixonadas e submissas, ela explorava outra imagem, a de uma corajosa e pouco afeita à beleza física, exaltando os dotes de atriz.
No inicio da produção de “...E O Vento Levou”(Gone With Wind/1938/9) David O.Selznick pensou em Bette para o papel de Scarlet O’Hara. A personagem criada pela escritora Margareth Mitchell era a sua encarnação. Mas houve problema com a Warner onde Bette tinha contrato ( “O Vento....” era produção da MGM). Ficou Vivien Leigh. E Bette assumiu outra figura da mesma têmpera de Scarlet, no citado “Jezebel”.
No fim de carreira, a grande atriz duas vezes vencedora do Oscar (por“Perigosa”/ Dangerous,1935) e “Jezebel”(1938) aceitou personagens aquém de seu talento e tradição. Protagonizou vilãs, como o tipo vivido em “A Volta da Montanha Enfeitiçada”(Return from Witch Mountain/1978) de John Hughes para a Disney, e “Mistério no Bosque”(The Watchers in the Wood/1980), do mesmo diretor. Atuou também em muitos filmes para a TV. E só voltaria a seus melhores momentos como a mulher solitária de “As Baleias de Agosto” (The Whales of August/1987) de Lindsay Anderson, contracenando com outra figura emblemática do cinema, Lillian Gish, esta se despedindo (Bette ainda faria “A Madrasta”/Wicked Stepmother) um ano depois.
Esta semana, o Cine Olympia exibirá filmes da famosa atriz. São 7 clássicos, e este final de semana estarão por lá: “A Estranha Passageira”(1942),“Jezebel”, “O Que Terá Acontecido a Baby Jane?” E, na sessão cinemateca de domingo, estará o film noir “A Carta” (1940). Ótimo momento para circular com as personagens dessa grande dama.

Um comentário:

  1. Luzia, a Bette Davis é a minha diva do cinema preferida. ela sabia como ninguém interpretar, até mesmo nos papeis em que não era a vilã, ela mantinha a altivez a gana de sua personalidade.
    Não é atoa que muitas atrizes se inspiram nela para fazer papeis fortes

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