Mark Walhberg e Russell Crowe em "Linha de Ação".
O
tema sobre a corrupção política fortalecida pelo jogo do poder tem sido
contemplado em muitos filmes, não somente nos tempos atuais, mas há varios
anos, como exemplifica o filme de Clint Eastwood, “Poder Absoluto”( 1997), com base num romance de David Baldacci, e mostra o serviço secreto de um
estado tentando camuflar um assassinato praticado pelo governador de uma cidade
dos EUA havendo uma única testemunha que na verdade é um ladrão que estava na
cena do crime e presenciou tudo. A caça ao ladrão falsifica o jogo de
bastidores.
Em
“Linha de Ação” (Broken City, EUA, 2012) o thriller tem essa mesma conotação e explora
a relação entre o ex-policial Billy Taggart (Mark Wahlberg) que se torna
detetive particular após um julgamento de um estuprador, encontrado morto sem
que seja reconhecido o assassino, e o prefeito da cidade de NY, Nicholas
Hostetler (Russel Crowe). Sete anos depois desse fato, este contrata o detetive
para descobrir as andanças da primeira dama (Catherine Zeta-Jones) que ele
supõe estar lhe traindo. O prefeito é candidato à reeleição, está caindo nas
pesquisas e tecnicamente empatado com o seu opositor, um conselheiro da cidade,
o idealista e rico Jack Valliant (Barry Pepper) que bate de frente contra o
anúncio de um contrato bilionário a ser assinado pelo gestor com certa construtora
anunciando a reconstrução de um bairro, prometendo não despejar os residentes
atuais do local. As denúncias de que o contrato era falso na sua filosofia e
programa publicizadas aos eleitores arrisca a reeleição já quase certa. O momento
de criar a indefinição entre as propostas induz o prefeito a uma idéia naquele
momento meio exdrúxula, de supor o relacionamento extraconjugal de sua esposa,
justificando pelo interesse pessoal em saber quem é o namorado dela. Este fato
a ser investigado e a trama política engendrada não é percebido por Taggart que
supõe estar fazendo mais um dos trabalhos que ele e sua secretária realizam
diariamente, desconhecendo os bastidores do terreno onde entra.
Este
é o primeiro trabalho solo do diretor Allen Hughes, após sua associação com o
irmão Albert em dois filmes, “Do Inferno”( 2001) e “O Livro de Eli” (2010). O que se observa da narrativa, há
pontos soltos no roteiro de Brian Tucker denotando vazios na estruturação dos
personagens sem amparo em uma linha de evidências que pudesse dar mais
subsidios à trama.
Há
flagrante necessidade de maior aprofundamento, em relação ao desenvolvimento
dos personagens, a exemplo, o detetive vivido por Mark Walhberg. Sua figura
fica meio na incógnita logo na primeira sequencia após o julgamento do
estuprador brutalmente assassinado e a ausência dele da cidade durante 7 anos. No
retorno a NY, vive com a irmã da garota estuprada, que também é mostrada sem a
convicção de ser uma atriz em inicio de carreira (e eles não estiveram fora
durante sete anos?) de quem ele tem ciume doentio (a sequencia da violência
contra ela que atuou em um filme com cenas explícitas de sexo deve ser para
mostrar o mau caráter do detetive). Depois disso, a garota some. O roteiro a exclui
das demais cenas. O estereótipo de beberrão tende a justificar o carater
violento do jovem. Mas outro recuo do roteiro é quanto a sua atuação como
investigador da vida privada da primeira dama. Num momento em que ele já sabe
quem é o suposto namorado segue-o num ônibus e com este trava uma conversa
inflamada sobre a eleição do prefeito insinuando-se ai uma chave de intrigas.
De
igual modo, o tipo do prefeito não se desenvolve também. Sua equipe é diminuta
para conter o momento que vive sabendo-se que ele tem a máquina toda ao seu
alcance; a investigação que pretende sobre a traição da esposa no momento
eleitoral é inconsistente; no debate com o adversário apesar de um coordenador,
não há regras para equacionar as atitudes e, um dado mais forte: se ele está
sendo denunciado por falcatruas em projetos para a cidade, por que essas
informações, por suposto, confidenciais são descartadas em plena rua, nas latas
de lixo e logo em seguida, quem as retira de lá é perseguido e quase morto?
Essas
e outras quebras no roteiro traumatizaram as denúncias, mas o filme vale como
um thriller a ver em fim de noite, mesmo na TV.
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