James Franco e a bonequinha de porcelana no novo "Mágico de OZ". Ainda em cartaz.
A história do escritor e teosofista norte-americano Lyman Frank Baum
(1856-1919) “O Mágico de Oz” foi escrita em 1901 (junto com o ilustrador Denslow) e ganhou o cinema e o teatro. No cinema, a versão mais famosa foi a de
1939 dirigida por Victor Fleming com a jovem Judy Garland que na época tinha 17
anos. A produtora Metro (MGM) estava interessada em outra adolescente, a atriz
Shirley Temple, para o papel, entretanto, a Fox não aceitou o “empréstimo”
então Miss Garland investiu-se de uma garota bem mais jovem. O enredo mostrava a
menina de Kansas que em certo dia, envolvida por um tufão, entraria no reino
encantado de Oz onde o governador era um mágico e a aventura que a envolvia com
3 estranhos amigos (Homem de Lata, Espantalho e Leão Covarde) deixava uma lição
sintetizada em uma frase: “There’s no place like home” (Não há lugar como o
lar).
A história do Mágico de Oz esteve muitas vezes nas telas. Ganhou até um
musical em 1978 dirigido por Sidney Lumet com Michael Jackson. Agora, na moda
das “prequel”, ou seja, roteiros que mostram o começo das franquias, surge
este“Oz, Mágico e Poderoso”(The Wonderful Wizard of Oz/2013), e já se vislumbra
para mais adiante um filme de Clayton Spinney, estreante na produção e direção.
No filme que está em cartaz internacional (esta semana foi o mais
rentável nos EUA) James Franco protagoniza Oz, um prestidigitador de feira que
ao experimentar vôo em um balão é envolvido pelo clássico tufão e acaba na
terra encantada onde é recebido por uma jovem que diz ser bruxa do bem junto
com um macaco de asas e também, acompanha-os uma garotinha de porcelana. A
ligação com a realidade, que no filme de 1939 advogava a revisão que a menina
Dorothy fazia dos que a cercavam (incluindo uma mulher que via como bruxa), não
é muito explorado. Vê-se, apenas, pela repetição de interpretes, que a fada
realmente boa, Glinda, é a mesma Annie (Michelle Williams), uma apaixonada por
Oz que no prólogo do filme, em preto e branco e tela pequena, diz a ele que vai
casar contra sua vontade. Mas o mágico, que estaria sendo esperado pelos
habitantes da Cidade de Esmeraldas devido às profecias, não volta a Kansas. E a
sua mágica primária na rua é substituída pela tecnologia que aprendeu estudando
os inventos de Thomas Edson, especialmente a projeção de imagem em movimento. É
com esses recursos que no inicio do século XX começavam a mudar o mundo que Oz
consegue dominar a fúria de duas bruxas irmãs, a que o recebeu, Theodora (Mila
Kunis) e a então ditadora Evanora (Rachel Weisz) que havia assassinado o pai de
Glinda.
As historias de Baum pregavam “lições de coisas” como esperavam os
leitores de seu tempo. Os pais recomendavam essas histórias a seus filhos. E
eles amavam. Hoje, na era do videogame e dos quadrinhos do tipo Marvel, não sei
se meninas e meninos vão aproveitar a viagem a Oz, seguindo a trilha de tijolos
amarelos e conhecendo tipos estranhos e muitos amáveis. O argumento prossegue
ingênuo e a produção investe em tecnologia para que a magia de um conto de
fadas, ou melhor, de bruxas, ganhe um visual cativante.
Louve-se o cuidado de produção. Efeitos digitais fazem a festa que em
1939 era impossível fazer. Mas se falta canções como “Over the Rainbow” e tipos
sedutores como os amigos de Dorothy que, enfim, recebem lições encorajadoras,
há um achado digital na bonequinha de porcelana e a inclusão do argumento de
que as lições de vida em uma comunidade são de que o povo deve despojar-se de
ditadores e a tecnologia deve ser descoberta para alicerçar esse embrião
democrático. Noutras palavras, o novo “Mágico de Oz”é mais político. E ganha
com isso.
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