Cena do novo "Evil Dead", agora dirigido por Fede Alvarez
Em 1981, o diretor Sam Raimi realizou
“Evil
Dead”(A Morte do Demônio) que encabeçou uma trilogia continuada em 1987 com ”Uma
Noite Alucinante”(Evil Dead 2) e, enfim, “Uma Noite Alucinante 3” (Evil Dead 3)
em 1991. Do grupo, o melhor foi “Uma Noite Alucinante” onde era privilegiada a
comédia e foram usados recursos originais como “travellings” que atravessavam a
mata como se fosse filmagem aérea. Depois de ter se tornado um diretor
comercial bem sucedido com os três filmes do “Homem Aranha” Raimi se interessou
em patrocinar um novo “Evil Dead”, convocando o uruguaio Fede Alvarez para
dirigir. Entre os aspectos de simpatia ao trabalho desse diretor, certamente
Raimi se impressionou com o curta-metragem que Alvarez postou no Youtube: “Ataque
de Pânico”(2009) onde as imagens traziam a figura de um robô destruindo a
cidade de Montevidéu. O problema é que o roteiro do próprio diretor e de Rodo
Sayagues alterou todo o humor dos filmes de Raimi pelo “gore”, ou seja, pelo
horror explicito, gastando litros de tinta vermelha (ou catchup) para criar a
festa de sangue que é explorada nesse filme até a consumação de todas as
personagens em cena.
“A Morte do Demônio”(Evil
Dead/EUA, 2013) é um exemplar de terror corriqueiro, de sustos e violência que
só não chega às raias de um “Mamma”(em cartaz) por certos requintes formais
como por exemplo, o enquadramento e a iluminação. No primeiro caso, há planos
de um rosto no canto da tela e, com profundidade de campo, outra imagem ao
longe de importância na trama. No segundo, o vermelho sai do sangue e ganha o
quadro inteiro em certas ocasiões. Um tipo chega a dizer que “está chovendo
sangue”. Mas nem aí é observado o senso de humor. Gritos, caras feias e
ferimentos diversos fazem a festa. A “mocinha” da historia chega a deixar um
exemplo: ela é viciada em drogas e por isso vai com os amigos para uma cabana
no meio do nada tentar a desintoxicação. Só que ela vai ser a única a sobreviver
da fúria de um demônio liberado quando um dos amigos acha um livro
correspondente às magias diabólicas. Seria uma forma de dizer que as drogas
“curam” os possuídos pelos espíritos demoniacos. Há momentos em que Mia (Jane
Levy) essa figura central, aparece deformada de tantos acidentes e vestígios da
possessão. E há uma cena em que a jovem sofre a queda de um automóvel sobre o
seu braço, corta-o com uma serra elétrica como única forma de se libertar, e
sai da sequencia vendo a amplitude dos estragos (a metáfora ganha figurino de
explicitude). Isso tudo sem que faça a plateia ao menos sorrir. Qualquer riso é
de ira pela perda de tempo em ir assistir ao filme.
Não tenho clareza (nem
informação) se Sam Raimi aprovou o trabalho do colega sul-americano. Mas, a
julgar que o filme figurou em primeiro lugar nas bilheterias norte-americanas
em sua semana de estréia, deve representar um aval ao jovem cineasta do país
nosso vizinho. O problema é se agora ele vai se voltar ao gênero sem um sentido
critico. “A Morte do Demônio”(2013) não leva a nada, é apenas um replay em
termos de enredo do primeiro trabalho de Raimi sem qualquer inovação que
privilegie o que de melhor apresentava aquele trabalho: a expressão que recebeu
da critica o nome de um subgênero: terrir. Sem isso, a esperança é que o jovem
Alvarez ao menos coloque os robôs gigantes de seu curta desfilando na telona. Possivelmente
no computador eles são mais simpáticos, deixando a expectativa de que há um
imaginoso diretor em potencial.
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