Kirk Douglas e Cid Charisse em "A Cidade dos Desiludidos"
No mercado de
vídeo encontram-se alguns filmes de décadas passadas. A exemplo, “A Cidade dos
Desiludidos”(Twon Weeks in Another Town, 1962), proposta de continuar a trama
de “Assim Estava Escrito”(The Bad and the Beautiful, 1952). Vicente Minneli
dirige Kirk Douglas como um ator em terapia numa casa de saúde para doenças
mentais que a pedido de um diretor de cinema (Edward G. Robinson) segue para
Roma para iniciar um trabalho. Os problemas de relacionamento do personagem
ganham corpo quando ele substitui o cineasta amigo que adoece. Por isso é insultado.
Nesse tempo, Hollywood descobriu as vantagens econômicas de filmar no exterior,
especialmente num estúdio bem equipado como Cinecittá. Mas o histórico do tema
se dilui numa linguagem apressada que fica à distância da expertise de Vincent
Minnelli, um dos bons diretores dos anos 50/60/70. Vale apenas por curiosidade,
e nisso tem Cyd Charisse em papel dramático, sem dançar, ela que era uma das
maiores dessa arte (cf. “Meias de Seda”, 1957)
Roberto
Rosselini está presente em “Viva a Itália”(Viva L’Italia, 1961) obra didática
sobre a unificação italiana, ressaltando o desempenho de Giuseppe Garibaldi
figura histórica que dedicou sua vida contra a tirania, ao participar de
conflitos na Europa e na América do Sul, inclusive no Brasil. O diretor
privilegiava este trabalho mas a copiagem não está boa e a densidade do
roteiro, prendendo-se a uma exposição de sala de aula, tem interesse restrito.
E na área dos
filmes antigos duas comédias sobre teatro mostram que eles envelhecem
ruidosamente: “Somos do Amor”(it’s Love I’m After/1937) de Archie Mayo com
Leslie Howard , Bette Davis e a então novata Olivia de Havilland e “Suprema
Conquista”(20th Century/1934) de Howard Hawks, com John Barrymore e Carole
Lombard expondo exageros de atores. Barrymore, então, está em péssimos dias
para atuar.
Assisti a
esses vídeos por considerar que certos títulos, hoje vistos como clássicos,
trazem algumas técnicas que demonstram as inovações do momento de sua produção,
mas, sinceramente, não são de minha admiração. Aliás, às vezes sinto que estou
“perdendo tempo” em assisti-los. É um desabafo, mas é a minha verdade. Alguns,
aliás, são tão pobres de técnica e de enredo que se tornam “bobices
roliudianas”. De qualquer modo, é bom constatar isso.
Morte de
Estrelas
A semana que
passou colocou, exclusivamente na historia, duas interpretes de filmes e musicais:
Sara Montiel e Annette Funicello. A primeira marcou época com “La Violetera”
(1958) embora tenha protagonizado filmes em Hollywood, a exemplo, “Vera
Cruz”(1955) de Robert Aldrich, e “Renegando o Meu Sangue”(Yellow
Mocasin/1957)de Samuel Fuller, além de “Serenata”(1956) com direção de seu
então marido Anthony Mann.
Sarita, como
era mais conhecida, notabilizou-se nos melodramas espanhóis, notadamente os
dirigidos pelo argentino Luís César Amadori. Ao se aposentar como atriz,
permaneceu como cantora e, nesta condição, visitou Belém. Os fãs foram vê-la
cantar a música de José Padilla que Chaplin usou em “Luzes da
Cidade”(Citylights,1932).
Quanto a
Annette Funicello ganhou fama nas comédias “de praia” que fez com Frank Avalon,
entre outras, “Folias na Praia”(Beach Blanked Bingo, 1965) de William Asher e
“A Praia dos Biquinis”(Bikini Beach,1964) também de William Asher. Eram filmes
ingênuos que levavam público ao cinema. A atriz era uma “relíquia” de Walt
Disney que a lançou na TV série “Annette”, em 1958. Os críticos levavam em
conta a imagem de “menina comportada” a ponto de dizerem que a garota propagava
o então audacioso biquíni, mas não usava a peça.
Também partiu
o critico Roger Ebert, sucumbindo ao câncer com 70 anos. Era um dos mais lidos
nos EUA. O presidente Obama disse em seu funeral: “...ao desgostar de um filme
ele era criterioso, ao gostar era esfuziante”. Um livro com comentários de
Ebert chegou a ser editado no Brasil. Ele era o titular da coluna de cinema no
Chicago Sun Times. Hoje, o jornal mantém seu nome como a referencia da coluna
mesmo assinada por outro jornalista. Era muito lido por Pedro Veriano que
gostava das opiniões do crítico, como ele, um apaixonado pelo cinema.
Morreu também
o cineasta Bigas Luna, catalão com 13 prêmios no currículo, inclusive um no
Festival de Veneza de 1994 por “La Teta y la Luna”. Ele estava ativo aos 67
anos e deixou um filme marcado para estrear em 2014: ”Segon Origen”.
Naslocadoras de DVD podem ser encontrados alguns trabalhos seus como “Jamón,
Jamón”(1994) e “Ovos de Ouro”(Huevos del Oro”(1993).
Oi, Luzia!
ResponderExcluirAcho que a melhor saída para o cinéfilo de Belém são mesmo os vídeos. Acabo de ler a coluna de mestre Veriano sobre as barbeiragens na projeção de "Chamada de Emergência". Como se não bastassem essas duas empresas fuleiras que se estabeleceram nos shoppings, e se dizem "de cinema", ainda contratam gente sem competência para nos atender. Tais empresas passam semanas e semanas levando besterias nas telas, enquanto tanta coisa boa chega no circuito sudeste e nordeste (sim, no Nordeste/Recife passa coisa boa!). Ainda bem que o Oscar as obriga o projetar os candidatos! Fora isso,o jeito são os vídeos e o cicuito alternativo (quase sempre noturno), rezando-se para achar um estacionamento e/ou não dar de cara com um pivete.
Abraço,
R.Secco