Susan Sarandon na cena da prisão da ex-guerrilheira.
Uma
antiga ativista norte-americana (Susan Sarandon) pertencente ao grupo Weather Underground que combatia a Guerra do Vietnam é presa pelo FBI,
entregando-se depois de 30 anos. A partir desse episódio é procurado o advogado
Jim Grant (Robert Redford) que vive com outra identidade exercendo a profissão
e cuida de uma filha de 9 anos desde que a sua esposa faleceu em um desastre de
carro. Esse anonimato em que vive Jim é destruído pelo jornalista Bem Shepard
(Shia LaBeouf), um jovem que se esforça para encontrar novidades sobre esses
fatos, interessado em se manter no jornal onde atua e para agradar o
editor-chefe.
“Sem
Proteção”(The Company We Keeps/EUA,2012) tem roteiro de autoria de Lem Dobbs e se
baseia num livro de Neil Gordon. Marca o retorno de Robert Redford na direção,
ele que chegou a ganhar um Oscar por seu primeiro trabalho atrás das câmeras:
”Gente Como a Gente” (Ordinary People/1980). Redford estava arredio até como
ator (desde 2007 seu último desempenho em “Leões e Cordeiros”- Lions for Lambs
- que ele próprio dirigiu). Uma ausencia expressiva para quem atuou em 68
filmes e dirigiu 10. Mas essas “férias” é de supor que não incomodaram o ator/diretor.
Sua narrativa no filme atual mostra-se dinâmica, apesar de acadêmica (ou “old
fashion”, como dizem os críticos norte-americanos), e o interesse do espectador
não se torna disperso durante pouco mais de duas horas de projeção.
Não
conheço o livro original e por isso não sei se o que se supõe arranjado no
enredo é derivado da literatura. Mas essa afirmativa não quer justificar falta
de criatividade, mas recorrencia narrativa. O final, por exemplo, é como montar
as últimas peças de um “quebra-cabeça” para que tudo dê certo. Mesmo assim
ficam indagações. O único momento em que a realidade assume a aventura é quando
Jim, perseguido pelos agentes policiais, cansa de correr e se entrega. Já é um
homem de mais de 50 anos e sem pique para uma aventura dessas. O mais é um
fugitivo que sabe se esconder, driblando a moderna tecnologia que varre
ambientes atrás de onde se encontra, seja através de telefonemas, seja meios de
locomoção.
Para se
livrar da cadeia, e no caso, a procura intensa do FBI, este parte não só devido
a um assalto a banco executado pelos ativistas do tempo desse episódio, como pelo
assassinato de um guarda desse banco. Assim o advogado precisa encontrar sua
parceira no assalto (Julie Christie), justamente a pessoa que matou ou viu
matar o guarda. Essa procura é árdua e a mulher se revela como ex-amante do
personagem e mãe de uma filha dele que se sabe, depois o destino que levou.
Toda a
perseguição ao personagem da história forma a base do filme. Robert Redford usa
alguns telejornais de época (anos 70) e realça a oposição organizada pelos jovens
de sua geração contrários à participação norte-americana no conflito asiático.
Mas é pouco. Podia ter inserido mais ilustração desse tempo e da atuação não só
de estudantes, mas de intelectuais e até de estrelas do cinema (o caso de Jane
Fonda). Não há uma visão positiva para os grupos de rebeldes tratados como
terroristas e o roteiro procurou esquivar-se de qualquer sentido nostálgico, e
nem se detalha como as agencias de espionagem (CIA, FBI) participaram dos fatos
na ocasião (a impressão é de que só agora com a situação bélica nas ruas do
país, o fato de perseguir os militantes de esquerda do passado se torna uma
evocação do atual terrorismo).
“Sem
Proteção” é um thriller interessante sem deixar de parecer produto da indústria
de cinema. Como atração há ainda presenças veteranas como Nick Nolte, Stanley
Tucci, Richard Jenkins, Sam Ellliot e mais julie Christie, Susan Sarandon e o
próprio Redford. Afinal seria um tropeço na bilheteria sem “happy end”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário