sábado, 8 de junho de 2013

CONSELHO ESVAZIADO


"Se Beber não Case 3" - Fim da série?
No lançamento do primeiro “Se Beber Não Case” (The Hangover/EUA,2009), a ideia de criar hilaridade sobre as despedidas de solteiro valeu como o superlativo do que foi visto em “A Última Festa de Solteiro” (The Bachelor/EUA,1984) de Neal Israel, com Tom Hanks no papel principal. O roteiro de Jon Lucas e Scott Moore que o diretor Todd Phillips aproveitou, apoiava-se na liberdade de expressão que existe hoje na produção industrial de Hollywood. O filme fez sucesso e como é de praxe, deu margem a uma continuação. O riso, como acontece com quase todas as franquias, evaporou-se. E mesmo assim, a bilheteria deu margem a este novo encontro de diretor, atores e personagens, deslocando a despedida de solteiro para uma campanha de amigos pela saúde do mais pândego entre eles (ou o mais caricaturado), Alan (Zach Galifanakis). Nessa nova missão, a terceira, a turma reencontra o chinês Chow (Jamie Chung) e desta vez ele personifica um ladrão de ladrões, sendo perseguido por quem roubou , nada mais do que o megabandido Marshall (John Goodman) e, em seguida, pelos próprios ex-camaradas que buscam Chow para salvar Doug (Justin Bartha), posto refém de Marshall para que receba de volta a sua fortuna.
O filme é constrangedor. Na plateia poucos sorrisos sonoros. Se houve vantagem na sessão em que estive ela é de que poucos espectadores deixaram a sala antes do final.
A comédia sem graça só tem um ponto válido: deve encerrar as peripécias de Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms) e os citados Alan e Doug. No final desse exemplar há o casamento de Alan com uma atendente de pequeno comércio que encontra no final da viagem para achar o agora vilão Chow. Ela é interpretada por Melissa McCarthy, atriz que protagonizou recentemente a figura central feminina em“Ladra sem Limites”(2013) , uma comédia também insuficiente, mas até pelo desempenho de Melissa bem mais agradável. O casamento parece indicar que o titulo nacional não se perdeu. Mas não se dá ao agora muito sério Alan (Zach) a “despedida” que se deu a amigos em outras temporadas. Interessante frisar que Zach é o termômetro do insucesso de “Se Beber Não Case III”: está amuado, longe das tiradas hilariantes que deixou em especial no “O Candidato” (The Campaign, 2012) onde interpretou um postulante ao senado norte-americano a valer como uma versão cômica do “Mr Smith Goes to Washington”(aqui “A Mulher Faz o Homem”,1939) de Frank Capra. Há uma sequencia do noivo com uma roupa que possa indicar uma gag , e os amigos dando adeus. Que seja mesmo um adeus. Não vi nada neste filme em cartaz que se possa evidenciar numa análise e que faça jus ao gênero a que se filia. É o exemplo de indecisão dos roteiristas e produtores. Eles lançam mão dos artifícios dos chamados “filmes de ação” e tentam casar esses artifícios com tiradas cômicas. Isso não é fácil até porque a comicidade calcada em “déjà vu” só dava resposta em clássicos do cinema mudo, copiados em alguns exemplos sonoros e até anamórficos como “Deu a Louca no Mundo”(It’s a mad, mad, mad world, 1963) .
“Se Beber Não Case III” é uma das muitas comédias em cartaz ou anunciadas. O gênero serve de paliativo ao violento exibido de forma explicita em tantos filmes atuais. Mas não está sendo devidamente aproveitado. Fazer rir não é fácil. Chaplin que o diga, pois, sabia disso.


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