"Se Beber não Case 3" - Fim da série?
No
lançamento do primeiro “Se Beber Não Case” (The Hangover/EUA,2009), a ideia de
criar hilaridade sobre as despedidas de solteiro valeu como o superlativo do
que foi visto em “A Última Festa de Solteiro” (The Bachelor/EUA,1984) de Neal
Israel, com Tom Hanks no papel principal. O roteiro de Jon Lucas e Scott Moore
que o diretor Todd Phillips aproveitou, apoiava-se na liberdade de expressão
que existe hoje na produção industrial de Hollywood. O filme fez sucesso e como
é de praxe, deu margem a uma continuação. O riso, como acontece com quase todas
as franquias, evaporou-se. E mesmo assim, a bilheteria deu margem a este novo
encontro de diretor, atores e personagens, deslocando a despedida de solteiro
para uma campanha de amigos pela saúde do mais pândego entre eles (ou o mais
caricaturado), Alan (Zach Galifanakis). Nessa nova missão, a terceira, a turma
reencontra o chinês Chow (Jamie Chung) e desta vez ele personifica um ladrão de
ladrões, sendo perseguido por quem roubou , nada mais do que o megabandido Marshall
(John Goodman) e, em seguida, pelos próprios ex-camaradas que buscam Chow para
salvar Doug (Justin Bartha), posto refém de Marshall para que receba de volta a
sua fortuna.
O
filme é constrangedor. Na plateia poucos sorrisos sonoros. Se houve vantagem na
sessão em que estive ela é de que poucos espectadores deixaram a sala antes do
final.
A
comédia sem graça só tem um ponto válido: deve encerrar as peripécias de Phil
(Bradley Cooper), Stu (Ed Helms) e os citados Alan e Doug. No final desse
exemplar há o casamento de Alan com uma atendente de pequeno comércio que
encontra no final da viagem para achar o agora vilão Chow. Ela é interpretada
por Melissa McCarthy, atriz que protagonizou recentemente a figura central
feminina em“Ladra sem Limites”(2013) , uma comédia também insuficiente, mas até
pelo desempenho de Melissa bem mais agradável. O casamento parece indicar que o
titulo nacional não se perdeu. Mas não se dá ao agora muito sério Alan (Zach) a
“despedida” que se deu a amigos em outras temporadas. Interessante frisar que
Zach é o termômetro do insucesso de “Se Beber Não Case III”: está amuado, longe
das tiradas hilariantes que deixou em especial no “O Candidato” (The Campaign,
2012) onde interpretou um postulante ao senado norte-americano a valer como uma
versão cômica do “Mr Smith Goes to Washington”(aqui “A Mulher Faz o
Homem”,1939) de Frank Capra. Há uma sequencia do noivo com uma roupa que possa
indicar uma gag , e os amigos dando adeus. Que seja mesmo um adeus. Não vi nada
neste filme em cartaz que se possa evidenciar numa análise e que faça jus ao
gênero a que se filia. É o exemplo de indecisão dos roteiristas e produtores.
Eles lançam mão dos artifícios dos chamados “filmes de ação” e tentam casar
esses artifícios com tiradas cômicas. Isso não é fácil até porque a comicidade
calcada em “déjà vu” só dava resposta em clássicos do cinema mudo, copiados em
alguns exemplos sonoros e até anamórficos como “Deu a Louca no Mundo”(It’s a
mad, mad, mad world, 1963) .
“Se
Beber Não Case III” é uma das muitas comédias em cartaz ou anunciadas. O gênero
serve de paliativo ao violento exibido de forma explicita em tantos filmes
atuais. Mas não está sendo devidamente aproveitado. Fazer rir não é fácil.
Chaplin que o diga, pois, sabia disso.
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