sexta-feira, 28 de junho de 2013

DEPOIS DA TERRA

Pai e filho Smith em "Depois da Terra".

O cineasta indiano M.Night Shyamalan iniciou carreira como diretor de cinema apresentando três filmes promissores: “De Olhos Abertos”(Wide Awake,1998), “O Sexto Sentido”(Sixty Sens, 1999) e “Corpo Fechado”(Unbreakable, 2000). Em seguida procurou se firmar como autor em devaneios ora curiosos como em “A Vila” (The Village, 2004) e “A Dama na água”(Lady in Water, 2006), de certa forma perseguindo mal a ficção científica comum: “Sinais”(Signs, 2002) e “O Fim dos Tempos”((The Happening, 2010). Mas ao enveredar pela superprodução, ou blockbuster, denunciou uma ambição catastrófica como em“O Último Mestre do Ar”(The Last Airbander, 2010) e este “Depois da Terra”(After Earth, 2013).
Lamenta-se de começo o declínio gradual do cineasta. E tenta-se explicar quando ele parece ter contentado o ator Will Smith idealizador do argumento, pensando em promover o filho Jaden, seu companheiro de elenco em “A Procura da Felicidade”(The Porsuit of Hapiness/2006). Jaden agora com 14 anos ainda atuou em filmes como o novo “Karate Kid” (2010) e a terrível nova versão de “O Dia em que a Terra Parou”(The Day Earth Stood Stil, 2008). Como a fase entre “menino prodígio” e adolescente é difícil, especialmente na indústria de cinema, o pai resolveu dar-lhe um impulso. E pensou na historia futurista onde se vê que os seres humanos passaram a habitar outro planeta e a evitar a Terra que foi devastada por um monstro advindo da poluição ambiente (chamado de Ursa) e, nesse novo cenário, ganhar uma tecnologia que permite voos interplanetários de rotina e uma força de policia capaz de gerar a paz no cenário.
No enredo de “Depois da Terra”, o filho de um comandante policial é reprovado num exame de promoção a outro estágio da força. O pai procurando mostrar afeto uma vez que pouco para em casa, resolve levá-lo num voo sideral e por acidente eles chegam a Terra. Com a nave espatifada e o comandante ferido resta ao garoto ir procurar uma parte do aparelho onde está um sinalizador capaz de chamar socorro em seu mundo. O problema é que a região é povoada por animais ferozes e um exemplar de ursa que estava na espaçonave, como peça de museu, escapou da armação onde estava presa sendo solto no ambiente que lhe é propicio. Resta ao jovem lutar contra diversos obstáculos para cumprir a missão e salvar o pai.
O filme seria, por origem, uma aventura endereçada à juventude de anos atrás. Em literatura caberia na coleção Terramarear (da Companhia Editora Nacional) que a minha geração consumia com prazer. No cinema, poderia lembrar uma aventura de Tarzan se a proposta fosse mais modesta. Nada é se processa de substancioso além do simples registro em linguagem acadêmica da missão do pequeno astronauta. Ele que fora reprovado em estratégia de combate dá lições de ninja com saltos de guerreiro oriental a fazer inveja aos personagens do filme de Ang Lee como “O Tigre e o Dragão”(Hon wu Cang Long/2000). Há um recurso que lembra o Shyamalan do passado: nos momentos em que o pequeno personagem vê a irmã que havia morrido e afinal que vai estimular-lhe a vencer os muitos obstáculos que tem pela frente. Mas essa intercessão é mínima. O pouco se tem de informações sobre a família dos personagens (pai e filho) e do modo como viviam no mundo de onde também desloca-se de informações da mãe e das atitudes do pai em relação ao filho que se julga culpado da morte da irmã. Essa ideia de uma civilização extraterrena composta pelo gênero humano por absoluta necessidade de sobrevivência é bem colocada na animação “Wall E” (2008) de Andrew Stanton. Nesse exemplar, o quadro de um recurso de sobrevivência da humanidade fora de seu habitat é muito bem colocado. E o tom poético reduz o recado semelhante que “Depois da Terra” quer colocar no amor paterno e a correspondência filial com os Smith. O happy-end mostra o apelo dramático dos filmes de Hollywood: a reanimação física do pai e o aperto de mão mostrando a aproximação com o filho
Uma decepção levando-se em conta de quem veio.



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