Devid Striesow em"“Nunca Fui Tão Feliz". Exibição no Olympia.
A
cena de exibição em Belém ganhou melhor dinâmica com a programação de filmes
que saem do esquema tradicional em todos os lugares onde o comércio “abre as
ordens” do que deverá ser visto pelo público. E é nessa função que a ACCPA
apoiando a programação em salas populares como o cine Olympia, se torna
exigente em criar sua maneira de enfrentar esses irresistíveis (para o público)
aspectos de exibir filmes. De embaixada, de centros culturais e/ou outros
entornos de distribuição cultural estão emergindo programas que o cinéfilo
está acompanhando com muita sensibilidade.
Esta
semana o Cine Olympia cai em mais esta trama de bons filmes e fugindo do
mercado norte-americano. Está exibindo, desde sexta feira, a “Nunca Fui Tão
Feliz“(So glücklich war ich noch nie, Alemanha, 2010). O filme parte de um
argumento curioso: enquanto uma jovem visitante de uma boutique procura algo
que não encontra, mexendo nos cabides de blusas e blazers, um homem aproxima-se
e, ao presenciar o interesse dela para uma peça mais sofisticada, se apressa em
querer comprar-lhe essa peça. Embora não consiga subverter a intenção da jovem
por uma compra qualquer ele é preso. Sabe-se então que ele é reincidente em
falcatruas. Cumprida a pena abriga-se na casa do irmão, que o recebe com muito
afeto. Certo dia encontra a garota da blusa, uma prostituta que trabalha em um
bordel proximo. Sem se importar com a profissão da jovem se apaixona por ela, tenta
recomeçar a vida. Emprega-se de faxineiro em um predio numa segunda chance dada
pelo patrão em nome do irmão. Vive dificieis situações para mostrar o que não é
para a amada como o recomeço da “vigarice“. Em meio a promessas de mudanças de
caráter, aproximação com a jovem amada e sua forma de ser, mete-se em
transações ilicitas e a sessões de violencia tendem a um retorno de sua antiga
vida.
O
roteiro apoia-se no ator Devid Striesow, máscara de boa pessoa, sempre
sorridente, afável, longe do estereotipo de uma figura marginal. A narrativa
segue as peripécias de Frank, que leva o dedicado irmão Peter (Jorg Shuttauf)
ao hospital quando um cafetão da jovem Tanja (Nadja Uhl) cobra a possivel saída
da garota do bordel. Mesmo assim não é logo que vê denunciada as suas tramoias.
Assim
como no recente “Sob você, a Cidade“ (2010), esse novo filme alemão usa muitos
planos da cidade vista do alto, evidenciando os prédios altos como um apoio
metafórico, especialmente no final, quando Frank ao lado de Tanja confessa-lhe sua
felicidade. Acostumados aos estereótipos, essa sequencia pode ser vista em
outra perspectiva dejá vu: ele ou os dois vão se atirar do telhado? Mas o
seguimento da tomada mostra um novo arranjo do que ocorrerá, haja vista que os
carros policiais vão chegando e cercam o lugar onde estão. Essa disposição do
ser humano no espaço fisico abarrotado de construções é um recurso usado por
cineastas de diversas nacionalidades quando querem dimensionar seus personagens.
A idéia é da massificação, do comportamento das pessoas moldado pela exiguidade
do espaço aberto. Um recurso que os ambientalistas podem ligar ao cada vez
menor cenário natural das metrópoles. E assim sendo, quem vive entre gigantes
de concreto armado passa a exibir temperamento ambiguo, caras alegres ou
participativas mascarando recalques cada vez mais alimentados pela incapacidade
de se expandir no meio.
Frank
é o homem que quer ser feliz, acha que está conseguindo, ao usar meios marginais,
mas compreende (e em dado momento confessa isso à namorada) que a felicidade
não vai demorar muito. “Se eu voltar a ser preso a pena vai ser muito pior“ diz
ele. E “sair velho“, confirma um policial. No caso, o romance vai ser
interrompido. E não se diga que Tanja vai se manter livre das amarras de uma
dona de pensão estereotipada de megera. A felicidade dos participantes desse
jogo de repressões será muito pequeno.
O
diretor do filme é Alexander Adolph, de 48 anos, com 13 roteiros e 5 direções
no curriculo. Em Belém nada vimos desse cineasta até agora. Ele endossa o
exemplo do pouco que nos chega pelas vias comerciais regulares seja para a tela
grande seja para a pequena. É uma sorte a distribuição pelo Instituo Goethe de
São Paulo (aproveito para corrigir o que publiquei antes quando o Cine Clube
APCC nos anos 70, veiculava filmes daquele Instituto sediado em Salvador).
“Nuca
Fui Tao Feliz“ está en cartaz no Olympia, sempre às 18h30, até 5a.Feira.
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