terça-feira, 4 de junho de 2013

EM BUSCA DA FELICIDADE



Devid Striesow em"“Nunca Fui Tão Feliz". Exibição no Olympia.

A cena de exibição em Belém ganhou melhor dinâmica com a programação de filmes que saem do esquema tradicional em todos os lugares onde o comércio “abre as ordens” do que deverá ser visto pelo público. E é nessa função que a ACCPA apoiando a programação em salas populares como o cine Olympia, se torna exigente em criar sua maneira de enfrentar esses irresistíveis (para o público) aspectos de exibir filmes. De embaixada, de centros culturais e/ou outros entornos de distribuição cultural estão emergindo programas que o cinéfilo está acompanhando com muita sensibilidade.
Esta semana o Cine Olympia cai em mais esta trama de bons filmes e fugindo do mercado norte-americano. Está exibindo, desde sexta feira, a “Nunca Fui Tão Feliz“(So glücklich war ich noch nie, Alemanha, 2010). O filme parte de um argumento curioso: enquanto uma jovem visitante de uma boutique procura algo que não encontra, mexendo nos cabides de blusas e blazers, um homem aproxima-se e, ao presenciar o interesse dela para uma peça mais sofisticada, se apressa em querer comprar-lhe essa peça. Embora não consiga subverter a intenção da jovem por uma compra qualquer ele é preso. Sabe-se então que ele é reincidente em falcatruas. Cumprida a pena abriga-se na casa do irmão, que o recebe com muito afeto. Certo dia encontra a garota da blusa, uma prostituta que trabalha em um bordel proximo. Sem se importar com a profissão da jovem se apaixona por ela, tenta recomeçar a vida. Emprega-se de faxineiro em um predio numa segunda chance dada pelo patrão em nome do irmão. Vive dificieis situações para mostrar o que não é para a amada como o recomeço da “vigarice“. Em meio a promessas de mudanças de caráter, aproximação com a jovem amada e sua forma de ser, mete-se em transações ilicitas e a sessões de violencia tendem a um retorno de sua antiga vida.
O roteiro apoia-se no ator Devid Striesow, máscara de boa pessoa, sempre sorridente, afável, longe do estereotipo de uma figura marginal. A narrativa segue as peripécias de Frank, que leva o dedicado irmão Peter (Jorg Shuttauf) ao hospital quando um cafetão da jovem Tanja (Nadja Uhl) cobra a possivel saída da garota do bordel. Mesmo assim não é logo que vê denunciada as suas tramoias.
Assim como no recente “Sob você, a Cidade“ (2010), esse novo filme alemão usa muitos planos da cidade vista do alto, evidenciando os prédios altos como um apoio metafórico, especialmente no final, quando Frank ao lado de Tanja confessa-lhe sua felicidade. Acostumados aos estereótipos, essa sequencia pode ser vista em outra perspectiva dejá vu: ele ou os dois vão se atirar do telhado? Mas o seguimento da tomada mostra um novo arranjo do que ocorrerá, haja vista que os carros policiais vão chegando e cercam o lugar onde estão. Essa disposição do ser humano no espaço fisico abarrotado de construções é um recurso usado por cineastas de diversas nacionalidades quando querem dimensionar seus personagens. A idéia é da massificação, do comportamento das pessoas moldado pela exiguidade do espaço aberto. Um recurso que os ambientalistas podem ligar ao cada vez menor cenário natural das metrópoles. E assim sendo, quem vive entre gigantes de concreto armado passa a exibir temperamento ambiguo, caras alegres ou participativas mascarando recalques cada vez mais alimentados pela incapacidade de se expandir no meio.
Frank é o homem que quer ser feliz, acha que está conseguindo, ao usar meios marginais, mas compreende (e em dado momento confessa isso à namorada) que a felicidade não vai demorar muito. “Se eu voltar a ser preso a pena vai ser muito pior“ diz ele. E “sair velho“, confirma um policial. No caso, o romance vai ser interrompido. E não se diga que Tanja vai se manter livre das amarras de uma dona de pensão estereotipada de megera. A felicidade dos participantes desse jogo de repressões será muito pequeno.
O diretor do filme é Alexander Adolph, de 48 anos, com 13 roteiros e 5 direções no curriculo. Em Belém nada vimos desse cineasta até agora. Ele endossa o exemplo do pouco que nos chega pelas vias comerciais regulares seja para a tela grande seja para a pequena. É uma sorte a distribuição pelo Instituo Goethe de São Paulo (aproveito para corrigir o que publiquei antes quando o Cine Clube APCC nos anos 70, veiculava filmes daquele Instituto sediado em Salvador).
“Nuca Fui Tao Feliz“ está en cartaz no Olympia, sempre às 18h30, até 5a.Feira.


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