Keira-Knightley e Aaron-Taylor-Johnson em "Ana Karenina".
Com direção
de Joe Wright (“Orgulho e Preconceito”,
2005; “Desejo e Reparação”, 2007), roteiro de Tom Stoppard e fotografia de Seamus
McGarvey, a mais nova versão de “Ana Karenina”(UK, 2012), baseada no romance de
Leon Tolstoy, ganhou o Oscar de melhor figurino este ano. E só não alcançou as
nossas telas grandes no tempo hábil (quando foram exibidos alguns filmes já candidatos
ao prêmio da Academia de Hollywood) devido à insensibilidade de nossos
exibidores que têm privilegiado os blockbusters vazios impingidos pelos
distribuidores. Hoje, felizmente, o filme de Wright chega aos cinemas locais e
excepcionalmente em lançamento simultâneo no Cine Libero Luxardo e Estação das
Docas - Cine Teatro Maria Sylvia Nunes.
Ambientado
na Rússia imperial de meados do século XIX, o roteiro do vencedor do Oscar por
“Shakespeare Apaixonado”(1998)
e coautor dos roteiros de”Império do Sol”(1997) e “Brazil-O
Film(1985), além de mais de 20 outros títulos entre longas e curtas, “Ana
Karenina” tem Keira Knightley no papel-título, uma aristocrata que viaja de São
Petersburgo a Moscou com o objetivo de salvar o casamento de seu irmão - o
Príncipe Oblonsky (Matthew Macfadyen) -, tentando convencer a cunhada a perdoar
as traições dele com uma empregada. Durante esta missão acaba se apaixonando
pelo jovem militar Vronsky (Taylor-Johnson) que encontra durante uma festa. De
volta a São Petersburgo, Ana inicia um longo relacionamento extraconjugal esforçando-se
em guardar segredo de seu marido, o aristocrata Karenin (Jude Law), mas sem
evitar os comentários maldosos da sociedade. A paixão adúltera chega a um ponto
que ameaça a guarda do filho de Ana a quem o marido faz questão não só de manter
a guarda como de proibir que ela veja a criança.
“Ana
Karenina” já teve 10 versões cinematográficas (contando o que se fez para a
televisão) sendo a mais conhecida a que foi realizada em 1935 com direção de
Clarence Brown e interpretação de Greta Garbo. A versão de agora mescla cinema
e teatro de forma inventiva, com a atitude servindo a um ritmo alucinante. É
assim que o primeiro plano é um palco onde a cortina se abre e a câmera penetra
como se fosse um espectador a invadir a cena. Esse movimento de câmera não é
exclusivo da abertura. Grande mobilidade cerca o “décor” realçando uma direção
de arte aprimorada de Thomas Brown, Nick Gottschalk, Tom Still e Niall Moroney,
por sua vez responsável pela evidencia do guarda-roupa premiado de Jaqueline
Durran.
A
impressão do luxo ambiente retira um pouco da textura melodramática que cercou
as outras versões do livro. E com isso aproxima mais “Ana Karenina” do objetivo
de Tolstoy, no caso, uma visão critica da Russia imperial. Tanto assim que a
sequencia de lagrimas que cercava a despedida da mãe com o filho, colocada em
evidencia não só na obra de Clarence Brown como na de Julien Duviver ,em 1948,
com Vivien Leigh, passa ao largo de um fecho que deixa a estação ferroviária do
epilogo (a titulo de exemplo) para uma volta ao palco, como se o que foi
apresentado fosse uma peça de caráter dinâmico e que por sua estrutura
dramática caberia muito bem no ambiente do palco. É um raro exemplo de como as
artes teatral e cinematográfica podem se unir sem perder suas características (
e sem diminuí-las, ao contrário, estimulando-as).
Há também
que ser evidenciada a direção de atores – uma multidão de principais e extras circulando
no set – uma dificil empreitada que tem no filme um exemplar significativo de
trabalho conjunto com os técnicos da segunda unidade.
Outra nota
é quanto ao desempenho nos protagonismos de figuras clássicas do romance de
Tolstoi, assumido pelos atores principais, todos do cinema inglês e
adjacências. Mas o conjunto tem força inegável na representação integrada.
Um belo
espetáculo. Quem já assistiu ao filme em telinha (DVD) deve experimentar em
espaço maior. Para não perder.
Fui ver e amei. Como sempre, dicas imperdíveis!
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