quarta-feira, 3 de julho de 2013

GUERRA MUNDIAL Z

O muro e os "mortos-vivos": uma versão a pensar. A metáfora. 

Vários filmes trataram de pandemias que dizimam multidões e levam cientistas a lutar para conseguir o controle do mal. À lembrança vem logo “Contagio” (Contagion, 2011), dirigido por Steven Soberbergh de um roteiro de Scott Z. Burns. Tratava da proliferação de um vírus a rivalizar com a realidade do Ébola e febre aviária, sem falar na Gripe Espanhola e, muito distante no tempo, da Peste Negra que dizimou populações na Idade Média. O tema, sempre atual, pode caber neste novo filme do diretor Marc Forest “Guerra Mundial Z” (World War Z, 2013) produzido e interpretado por Brad Pitt. Aqui não se diz bem da causa, mas o efeito é a proliferação de “mortos vivos”, infectados pelos micro-organismos que circulam pelas ruas e devoram as pessoas quando não, simplesmente, as ferem contaminado-as.
O roteiro que deriva de um livro de Max Brooks, filho do diretor Mel Brooks (“O Jovem Frankenstein”) com a atriz Anne Bancroft (“O Milagre de Anne Sulivann, 1962; “Nunca Te Vi, Sempre Te Amei”, 1986) deixa margem a mais de uma leitura. Assim como é possivel apontar para o argumento de uma luta médica contra uma forma de doença contagiosa há espaço para que sejam denunciados os males ecológicos (tratam muito da poluição ambiente) e de uma metáfora malsã da luta entre israelitas e palestinos, focando um recorte da ação em Jerusalém, onde os segundos são zumbis que atacam os primeiros, inclusive, nas imagens mostrando a subida de um alto muro edificado pelos judeus como forma de proteção. No caso, os “doentes” seriam resultado de ação internacional, ou o veiculo que fez dessas pessoas, títeres de uma forma de eliminação de uma etnia como pensaram os nazistas.
Com esse leque de interpretações o mais prudente (pela natureza narrativa) é ver o filme como um blockbuster e nessa qualidade ele foi até mesmo vencedor de um premio da indústria (“o blockbuster de verão”). Brad Pitt, dono da produtora Plano B, afirmou que fez o filme “para as suas crianças” (ele cria algumas ao lado da esposa Angelina Jolie). Custa-me crer que Jolie, especialmente, tenha preconceito étnico. Como uma superprodução de aventuras, com um astro da tela transformado em super-herói que na qualidade de ex-agente da ONU vai atuar nas areas de conflito, o trabalho possui uma produção e edição bem esmeradas e efeitos especiais que impressionam (cf. a sequencia dos zumbis subindo uma ladeira, vistos como formigas em superfície doce).
Sendo um mero espetáculo, “Guerra Mundial Z” esmera-se em cópias de 3D e 2D com uma equipe técnica que passa muito tempo desfilando nos créditos finais. Com esse objetivo imediatista o filme transforma-se simplesmente na historia do mocinho americano audaz que arrisca a vida pelo bem comunitário apesar de para isso deixar seus familiares em outro país e sem ter a certeza de que estarão seguros.
Há uma sequencia em que o personagem de Brad Pitt, Gerry Lane (ex-investigador da ONU retornando ao trabalho), entra em um laboratório onde os cientistas (cerca de 80) se tornaram mortos-vivos devido ao contágio com o vírus. Seu objetivo é pegar uma droga para outras doenças letais já identificadas com as mesmas servindo para contaminar os sãos. A corrida dele pelos corredores do prédio e a chegada ao espaço onde estão os tubos de ensaio são típicas de filmes de ação. Mas nesse caso sabe-se que os zumbis não atacam quem está doente e a meta é o personagem se infectar com algum vírus ou bactéria de fácil tratamento para fugir deles (e com isso dar margem a ideia de que devem contaminar todas as pessoas para que resistam aos mortos). Gerry se imuniza. Os mortos não o perseguem, deixando que ele caminhe entre eles. A “moral da historia” ou reflexo desse comportamento centra-se no entendimento médico de que os doentes não enfrentam seus iguais. A meta é salvar os sãos a partir do subterfúgio de um contágio experimental e eliminar o desespero dos mortos-vivos em fazer mais vítimas.

A narrativa dá informes pontuais sobre o final do filme. Que não deixa de ser uma aventura de suspense brincando com a morte e com a vida. Desta vez ao pé da letra. 

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