John Deep e Armie Hammer em "O Cavaleiro Solitário"
Conforme a pesquisa que fiz, a figura
do “Cavaleiro Solitário” nasceu no rádio em 1933, criado pela equipe de George
Washington Trendle inspirada no escritor Fran Striker. Em seguida ganhou quadrinhos e cinema. Entre nós
popularizou-se com o nome de Zorro. Foi explorado até em música popular. Chegou
aos quadrinhos em 1938, desenhado por Ed Kressy e, depois, por Charles
Flanders, o mesmo que desenhou o Agente Secreto X-9, depois de Alex Raymond.
Logo alcançou o cinema, gerando desenhos animados e seriados, o primeiro em
1938 com o nome brasileiro de “O Guarda Vingador”.
Na minha
infância era muito popular o Zorro com seu amigo indio Tonto e seu cavalo branco
“que só faltava falar”, Silver. Esse tempo faz parte da memória em que trocávamos
revistas desse nossos heróis com meus primos abaetetubenses (Thelma e Paulo
Reis, por exemplo).
Hoje , com o
faroeste em queda livre (o gênero quase desapareceu depois da morte de John
Wayne e da desistência dos exemplares europeus), surge uma superprodução da
Disney assinada por Jerry Bruckenheimer (produtor) e Gore Verbinsky (produtor e
diretor). O roteiro coube a Justin Hayth, Ted Elliot e Tony Rossio com
argumento (historia) também dos 3. Verbinsky, o diretor, veio do sucesso
comercial de “Piratas do Caribe” e artisticamente do desenho animado
“Rango”(Oscar de animação em 2011) além de “O Sol de Cada Manhã” (The Waether
Man, 2005) aquele filme em que Nicolas Cage protagoniza um apresentador da
meteorologia na TV, e, ainda em “O Chamado”(The Ring, 2005) versão do filme
japonês de Hiroshi Takahashi.
“O Cavaleiro
Solitário”(The Lone Ranger/EUA,2013) talvez tenha exgerado em tempo de duração
(2 horas e 40 minutos de projeção). Gastou mais de 200 milhões de dolares e
mexeu com a história politica norte-americana. Há por exemplo, uma sequencia em
que os indios Comanche são massacrados pelos construtores de uma estrada de
ferro que passa pelas terras deles. Em meio a espaços de comédia, muito
inspirados e que promovem a ficção de gibi (o personagem só falta voar em seu
cavalo e isso dá margem a que Tonto, o indio, pergunte-lhe se o cavalo voa), há
momentos dramáticos como o close do velho chefe da tribo sendo apunhalado e
revidando num militar. Mas o que importou a Verbinski foi ver o velho oeste de
cinema como se via talvez no tempo de seus pais. Em filmes, naturalmente. E avalio
o olhar da garotada dos seriados sobre este gigante da Disney com todos os
elementos que ela curtia nas salas escuras. Não falta nem mesmo o “grito de guerra”
do mocinho: “Hy-Ho Silver”. E asssim é sabido que Silver quer dizer prata e o
trágico destino dos índios coube à mina de prata da região que foi mostrada por
Tonto quando ainda era criança, trocando a informação aos soldados por um
relógio.
Muito curioso,
também, como o roteiro pontua a historia a partir de uma visita de um menino a
um parque de diversões onde está o velho índio, justamente Tonto. Obviamente o
tempo é outro (século XXI) e o menino conversa com o personagem posto em
exposição, passando daí ao longo flash-back que conta como se formou a dupla de
justiceiros. A exposição, aliás, tem uma curiosa métrica com intercessão de
planos que ja passaram e que não foram bem percebidos.
O filme tem
ótimo ritmo, a música lembra os velhos seriados e episódios de TV (um arremedo
de uma ária da opera “Cavalleria Rusticana”de Pietro Mascagni impulsiona a
sequencia final em que Ranger luta contra os vilões majoritários em meio à uma
viagem de trem), e John Depp está irreconhecível (e excelente) como Tonto.
Gostei do que
vi. E pensava que não ia gostar (a maior parte das criticas mundiais achou um
resultado desanimador). Não sei se a garotada que cultua novos personagens vai
gostar. E um detalhe: ninguém comenta o motivo de se chamar Zorro, à semelhança
do espadachim hispano. Mais uma da globalização?
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