terça-feira, 30 de julho de 2013

NATAL EM JULHO



"Natal em Julho" de Preston Sturges 

O norte americano Preston Sturges(1898-1959) escreveu 45 roteiros e dirigiu 14 filmes. Antes de chegar ao cinema foi comerciante, esteve na I Guerra Mundial e também escreveu para o teatro. Sua mãe, executiva de uma produtora de artigos de beleza (um tipo de batom) insistiu para promover o filho na área que lhe prezasse. Mas a chegada ao cinema não foi tão fácil. Sturges vendeu um roteiro para os estúdios da Paramount Pictures por apenas 1 dolar devido a compromissos com esta produtora. E se tornou um cineasta independente apesar de seus filmes terem sido distribuídos por firmas “major”.
Sturges chegou a ser considerado um dos melhores diretores de cinema na época em que surgiam os “talkies”(filmes falados). Suas comédias espirituosas o colocaram no patamar de grandes como Frank Capra e Leo McCarey. Em 1930 revolucionou a comédia screwball (gênero fora do convencional, originando situações diversas e inesperadas). Hoje é um nome esquecido dos cinéfilos. Felizmente o DVD está divulgando seu trabalho. E depois de lançar no Brasil o criativo “Contrastes Humanos”(Sullivan”s Travels, 1941) circula uma cópia de “Natal em Julho”(Christmas in July, 1940) a historia de um escriturário que tem uma ideia para um concurso de slogans e os colegas de repartição fazem uma brincadeira com seu desejo mandando-lhe um falso telegrama de que teria sido o contemplado no concurso para o slogan de um tipo de café. Louco de alegria ele e sua noiva passam a comprar presentes para todos da rua onde mora. E o esbanjamento vai até que a verdade venha à tona.
Dick Powell (1904-1963) e Ellen Drew(1915-3003) encabeçam o elenco. Um filme simples, curto, mas criativo e divertido ao extremo. Em nada envelheceu com seus 73 anos. Procurem ver.
E em se tratando de boa diversão também é “O Negociador”(Whole Lotta Sole, EUA, 2012) de Terry George, irlandês, diretor de “Hotel Ruanda”(2004). O ator Brendan Fraser é também o produtor. Historia de um jovem que deve a um gangster por jogar na roleta e perder e é ameaçado por este a ter seu filho de 6 meses sequestrado para contentar a filha do bandido que é considerada estéril. Para resolver a situação ele pensa em roubar uma loja. Coincidentemente acaba no estabelecimento dirigido por seu suposto pai, que ele não conhecia, pois, foi resultado de um breve namoro deste com sua mãe. A confusão que acontece dentro da loja lembra filmes dos Irmãos Marx. Produção modesta, mas contemplada com uma narrativa ágil e bem estruturada a ponto de evitar os “furos”que poderiam surgir do acumulo de situações. Filme inédito nos nossos cinemas.
“Paixão Fatal”(Flame of New Orleans, EUA, 1941) é um dos primeiros filmes de René Clair (1898-1981), cineasta francês que chegou a ser membro da Academie Française e realizou clássicos surrealistas como “O Milhão”(Le Million, França,1931) e comédias como “Esta Noite é Minha”(Les Belles de la Nuit, França, 1952). Rodado em Hollywood.para onde se dirigiu depois que sua pátria foi invadida pelos alemães, o filme trata de uma falsa condessa que vinda de Paris tenta arranjar marido rico em Nova Orleans. Mas quando já está com o pretendente (um banqueiro) “engatilhado” ela se apaixona por um capitão de navio. Marlene Dietrich contracena com Bruce Cabot (o capitão) e Roland Young (o banqueiro). Curioso e agradável embora não seja dos melhores trabalhos do cineasta.
Nas circuladas pelas casas de aluguel e venda de vídeos observa-se que a produção dessas midias está recebendo uma larga manifestação de interesse. Para quem estuda cinema e/ou gosta de assistir filmes em casa esse meio de aquisição e/ou aluguel de cópias tem sido benefico no momento em que o cinema de rua (ou shoppings) se assenhoreia de todos os horários com blockbusters vazios.
Aos leitores, digo, que um estudo eficiente sobre cinema é assistir a essa produção de filmes antigos que chegam às locadoras. Reconhecer como as narrativas de ontem e hoje se estruturam não deixa de ser uma atração para aqueles que não querem trocar gato por lebre.


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