"Natal em Julho" de Preston Sturges
O norte americano Preston
Sturges(1898-1959) escreveu 45 roteiros e dirigiu 14 filmes. Antes de chegar ao
cinema foi comerciante, esteve na I Guerra Mundial e também escreveu para o teatro.
Sua mãe, executiva de uma produtora de artigos de beleza (um tipo de batom) insistiu
para promover o filho na área que lhe prezasse. Mas a chegada ao cinema não foi
tão fácil. Sturges vendeu um roteiro para os estúdios da Paramount Pictures por
apenas 1 dolar devido a compromissos com esta produtora. E se tornou um
cineasta independente apesar de seus filmes terem sido distribuídos por firmas
“major”.
Sturges chegou a ser considerado um
dos melhores diretores de cinema na época em que surgiam os “talkies”(filmes
falados). Suas comédias espirituosas o colocaram no patamar de grandes como
Frank Capra e Leo McCarey. Em 1930 revolucionou a comédia screwball
(gênero fora do
convencional, originando situações diversas e inesperadas). Hoje é um
nome esquecido dos cinéfilos. Felizmente o DVD está divulgando seu trabalho. E
depois de lançar no Brasil o criativo “Contrastes Humanos”(Sullivan”s Travels, 1941)
circula uma cópia de “Natal em Julho”(Christmas in July, 1940) a historia de um
escriturário que tem uma ideia para um concurso de slogans e os colegas de
repartição fazem uma brincadeira com seu desejo mandando-lhe um falso telegrama
de que teria sido o contemplado no concurso para o slogan de um tipo de café.
Louco de alegria ele e sua noiva passam a comprar presentes para todos da rua
onde mora. E o esbanjamento vai até que a verdade venha à tona.
Dick Powell (1904-1963) e Ellen Drew(1915-3003)
encabeçam o elenco. Um filme simples, curto, mas criativo e divertido ao extremo.
Em nada envelheceu com seus 73 anos. Procurem ver.
E em se tratando de boa diversão
também é “O Negociador”(Whole Lotta Sole, EUA, 2012) de Terry George, irlandês,
diretor de “Hotel Ruanda”(2004). O ator Brendan Fraser é também o produtor.
Historia de um jovem que deve a um gangster por jogar na roleta e perder e é
ameaçado por este a ter seu filho de 6 meses sequestrado para contentar a filha
do bandido que é considerada estéril. Para resolver a situação ele pensa em
roubar uma loja. Coincidentemente acaba no estabelecimento dirigido por seu suposto
pai, que ele não conhecia, pois, foi resultado de um breve namoro deste com sua
mãe. A confusão que acontece dentro da loja lembra filmes dos Irmãos Marx.
Produção modesta, mas contemplada com uma narrativa ágil e bem estruturada a
ponto de evitar os “furos”que poderiam surgir do acumulo de situações. Filme
inédito nos nossos cinemas.
“Paixão Fatal”(Flame of New Orleans, EUA,
1941) é um dos primeiros filmes de René Clair (1898-1981), cineasta francês que
chegou a ser membro da Academie Française e realizou clássicos surrealistas
como “O Milhão”(Le Million, França,1931) e comédias como “Esta Noite é
Minha”(Les Belles de la Nuit, França, 1952). Rodado em Hollywood.para onde se
dirigiu depois que sua pátria foi invadida pelos alemães, o filme trata de uma
falsa condessa que vinda de Paris tenta arranjar marido rico em Nova Orleans.
Mas quando já está com o pretendente (um banqueiro) “engatilhado” ela se
apaixona por um capitão de navio. Marlene Dietrich contracena com Bruce Cabot (o
capitão) e Roland Young (o banqueiro). Curioso e agradável embora não seja dos
melhores trabalhos do cineasta.
Nas circuladas pelas casas de aluguel
e venda de vídeos observa-se que a produção dessas midias está recebendo uma
larga manifestação de interesse. Para quem estuda cinema e/ou gosta de assistir
filmes em casa esse meio de aquisição e/ou aluguel de cópias tem sido benefico
no momento em que o cinema de rua (ou shoppings) se assenhoreia de todos os
horários com blockbusters vazios.
Aos leitores, digo, que um estudo
eficiente sobre cinema é assistir a essa produção de filmes antigos que chegam
às locadoras. Reconhecer como as narrativas de ontem e hoje se estruturam não
deixa de ser uma atração para aqueles que não querem trocar gato por lebre.
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