sexta-feira, 26 de julho de 2013

O HOMEM DE AÇO




Um dos personagens de histórias em quadrinhos mais aclamados é o Super-Homem ou, na grafia original inglesa, Superman. Foi criado em 1938 pelos judeus Joe Shuster e Jerry Siegel para a revista “Dectetive Comics”(DC). No mesmo ano, o personagem chegaria ao Brasil no suplemento do jornal carioca “A Gazeta”, chamado de “Gazetinha”. Depois foi publicado na revista “Lobinho” e em seguida em outras até ganhar revista própria: Superman. Interessante é que alguns nomes originais dos tipos foram adaptados em nosso país: Clark Kent seria Edu, Lois Lane, a namorada, era Miriam Lane, embora o planeta de origem do personagem continuasse a ser chamado de Krypton. Os autores informavam que a cidade de Metrópolis tinha esse nome devido ao famoso filme de Fritz Lang. E Clark veio de Clark Gable.
No cinema houve dois seriados com o ator George Reeves (pseudônimo de George Keefer Brewer, 1914-1959), alguns desenhos animados, quatro filmes “classe A” com Christopher Reeve (1952-2004) e uma volta com outro interprete, Brandon Routh este ultimo não conseguindo chamar a atenção e o filme fracassou nas bilheterias. Este ano surge “O Homem de Aço”(Mano of Steel, EUA, 2013) dirigido por Zack Snyder e lançando o inglês Henry Cavill no papel-titulo.
O novo filme consome 142 minutos de projeção, uma avalancha de efeitos especiais, e pretende recontar a história de Kal-El (filho das Estrelas, no idioma do lugar), o garotinho nascido em Krypton quando o planeta agonizava e enviado por seu pai, Jo-El para o planeta que melhor se adaptava a seu organismo, a Terra. Com isso, o roteiro de David S. Goyer, e do produtor Christipher Nolan (diretor dos últimos “Batman”) segue um recurso em moda na indústria cinematográfica: quando cansa a numeração de sequências de uma historia faz-se o que chamam de “prequel”, ou seja, a volta à origem do assunto.
Algumas historias de ficção cientifica são chamadas de “messiânicas” por fazerem analogia com a vida de Cristo. O caso de “O Dia em que a Terra Parou”, com o personagem Klatoo (Michael Rennie) morrendo e ressuscitando para cumprir sua missão. O Super-Homem também veio do céu para ajudar as pessoas na Terra. Neste novo filme ainda se menciona ter sido um dos raros meninos nascidos de parto normal(os demais seriam produtos de inseminação artificial).
O recurso de achar vilão à altura do personagem invulnerável (que assim seria devido a diferença de gravidade entre seu mundo de origem e o nosso) repete o que foi visto em “Superman II”,de Richard Lester: é uma figura vinda do próprio planeta Kyrpton (no caso, os banidos do mundo em destruição que haviam se rebelado contra a autoridade local e matado o cientista Jo-El, pai do futuro Superman). Com isso, ficamais cômodo colocar o conflito entre seres de poderes semelhantes. Mas tudo isso sem humor: numa briga entre gigantes uma cidade inteira é destruída.
Os autores de “Homem de Aço” endereçaram seu produto às crianças pequenas. Não creio que maiores se deixem entusiasmar com a parafernália digital que mostra prédios caindo (tem um deles que “cai duas vezes”) uma inflação de sequencias de desastres, uma parafernália de edição que focalize o herói indo e vindo contra o seu vilão de igual poder, tudo a ponto de se tornar difícil, em certos planos, evidenciar as posições de luta.
O roteiro se dá ao luxo de montagem acronologica. Há momentos da infância de Clark Kent, ou Jo-El, intercalados na ação quando adulto. É nesses hiatos que surge o pai adotivo (Kevin Costner) um fazendeiro que vive discursando sobre bons propósitos. Recurso que tenta mudar o que foi visto nas versões anteriores com mais simplicidade onde se conservava o ingênuo da  historia.
“Homem de Aço”, afinal, é um blockbuster do verão norte-americano produzido para faturar. O que existia de interessante na origem desse personagem deixa vaga para uma visão formalmente requintada, mas flagrantemente oca. O que havia de imaginoso na origem do tipo emerge num propósito de filme de ação a imitar videogames. Puro desperdício. E horas perdidas para quem precisa trabalhar (como eu).


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