Um dos personagens de histórias em
quadrinhos mais aclamados é o Super-Homem ou, na grafia original inglesa,
Superman. Foi criado em 1938 pelos judeus Joe Shuster e Jerry Siegel para a
revista “Dectetive Comics”(DC). No mesmo ano, o personagem chegaria ao Brasil
no suplemento do jornal carioca “A Gazeta”, chamado de “Gazetinha”. Depois foi
publicado na revista “Lobinho” e em seguida em outras até ganhar revista
própria: Superman. Interessante é que alguns nomes originais dos tipos foram
adaptados em nosso país: Clark Kent seria Edu, Lois Lane, a namorada, era
Miriam Lane, embora o planeta de origem do personagem continuasse a ser chamado
de Krypton. Os autores informavam que a cidade de Metrópolis tinha esse nome devido
ao famoso filme de Fritz Lang. E Clark veio de Clark Gable.
No cinema houve dois seriados com o ator
George Reeves (pseudônimo de George Keefer Brewer, 1914-1959), alguns desenhos animados, quatro filmes “classe A” com Christopher
Reeve (1952-2004) e uma volta com outro interprete, Brandon Routh este ultimo
não conseguindo chamar a atenção e o filme fracassou nas bilheterias. Este ano
surge “O Homem de Aço”(Mano of Steel, EUA, 2013) dirigido por Zack Snyder e
lançando o inglês Henry Cavill no papel-titulo.
O novo filme consome 142 minutos de
projeção, uma avalancha de efeitos especiais, e pretende recontar a história de
Kal-El (filho das Estrelas, no idioma do lugar), o garotinho nascido em Krypton
quando o planeta agonizava e enviado por seu pai, Jo-El para o planeta que
melhor se adaptava a seu organismo, a Terra. Com isso, o roteiro de David S.
Goyer, e do produtor Christipher Nolan (diretor dos últimos “Batman”) segue um
recurso em moda na indústria cinematográfica: quando cansa a numeração de sequências
de uma historia faz-se o que chamam de “prequel”, ou seja, a volta à origem do
assunto.
Algumas historias de ficção
cientifica são chamadas de “messiânicas” por fazerem analogia com a vida de
Cristo. O caso de “O Dia em que a Terra Parou”, com o personagem Klatoo (Michael
Rennie) morrendo e ressuscitando para cumprir sua missão. O Super-Homem também
veio do céu para ajudar as pessoas na Terra. Neste novo filme ainda se menciona
ter sido um dos raros meninos nascidos de parto normal(os demais seriam
produtos de inseminação artificial).
O recurso de achar vilão à altura do personagem
invulnerável (que assim seria devido a diferença de gravidade entre seu mundo
de origem e o nosso) repete o que foi visto em “Superman II”,de Richard Lester:
é uma figura vinda do próprio planeta Kyrpton (no caso, os banidos do mundo em
destruição que haviam se rebelado contra a autoridade local e matado o
cientista Jo-El, pai do futuro Superman). Com isso, ficamais cômodo colocar o
conflito entre seres de poderes semelhantes. Mas tudo isso sem humor: numa
briga entre gigantes uma cidade inteira é destruída.
Os autores de “Homem de Aço”
endereçaram seu produto às crianças pequenas. Não creio que maiores se deixem
entusiasmar com a parafernália digital que mostra prédios caindo (tem um deles
que “cai duas vezes”) uma inflação de sequencias de desastres, uma parafernália
de edição que focalize o herói indo e vindo contra o seu vilão de igual poder,
tudo a ponto de se tornar difícil, em certos planos, evidenciar as posições de
luta.
O roteiro se dá ao luxo de montagem
acronologica. Há momentos da infância de Clark Kent, ou Jo-El, intercalados na
ação quando adulto. É nesses hiatos que surge o pai adotivo (Kevin Costner) um
fazendeiro que vive discursando sobre bons propósitos. Recurso que tenta mudar
o que foi visto nas versões anteriores com mais simplicidade onde se conservava
o ingênuo da historia.
“Homem de Aço”, afinal, é um
blockbuster do verão norte-americano produzido para faturar. O que existia de
interessante na origem desse personagem deixa vaga para uma visão formalmente
requintada, mas flagrantemente oca. O que havia de imaginoso na origem do tipo
emerge num propósito de filme de ação a imitar videogames. Puro desperdício. E
horas perdidas para quem precisa trabalhar (como eu).
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