A eterna Garbo em tempo de Mostra: cine Olympia.
Greta
Garbo, ou Greta Lovisa Gustafsson(1905-1990), foi mais do que uma simples
estrela, foi uma lenda do cinema mundial. Nascida em Estocolmo ( Suécia),
perdeu o pai quando tinha 14 anos, empregou-se numa loja, fez um filme curto
para uma casa de modas e esse episódio chamou a atenção de pessoas ligadas ao
cinema chegando ao diretor Mauritz Stiller que a convidou para atuar no seu
filme “A Saga de Gosta Berling”(1924). Este filme, que em Belém foi exibido
pelo Cine Clube Os Espectadores (1955) cuja coordenação estava a cargo do
saudoso Prof. Orlando Teixeira da Costa, impulsionou a carreira da jovem sueca
que, ao lado do seu diretor se mudaria para os EUA onde, em 1926 estaria
filmando “Laranjais em Flor”(Torrent). Daí em diante assumiria dois aspectos: o
de uma atriz talentosa que soube passar da fase muda para a fase sonora do
cinema sem perder o conceito de excelete intérprete; e de mulher reclusa, sem
casamento, sem espaço na rede de fofocas relacionada a casos românticos,
ganhando ainda mais mistério em torno de si depois de ter deixado as câmeras,
insatisfeita com a idéia de os produtores a lançarem em comédias, depois de ter
atuado em “Ninotchka”(1939), e “Duas
Vezes Meu” (Two Faced Woman, 1941).
Garbo foi
contratada pelos estudios da Metro Goldywn Mayer onde atuou, a maioria das
vezes, em filmes norte-americanos. Seu prestigio era excepcional a ponto de exigir
a contratação de John Gilbert, ator do cinema mudo em decadência depois da
chegada do som, para contracenar com ela e ser o galã em “Rainha
Cristina”(Queen Christine, 1931). O ator não conseguiu convencer os executivos do
estúdio, tendo sido esse filme praticamente a sua despedida das telas. Gilbert
ainda atuou em apenas um papel secundário em “O Capitão Odeia o Mar”(The
Capitain Hates the Sea, 1934) do diretor Lewis Milestone (1895-1980).
Hoje, o
espectador local tem a chance de assistir a alguns dos filmes mais marcantes de
“La Garbo” em exibição no Cine Olympia. Nesta terça feira, 16, estará “Ana
Karenina”(1937), de Clarence Brown (1890-1987); amanhã, 17, será a vez de “A Dama das Camelias”(Camille, 1936) de George
Cukor (1899-1983); e na 5ª feira “Ninotchka”(1939), de Ernst Lubitsch
(1892-1947), com roteiro de Billy Wilder (1906-2002). Como se vê, trata-se de
diretores consagrados que fizeram de Miss Garbo uma estrela de sucesso.
É
interessante ver, por exemplo, duas versões de “Ana Karenina”, romance de Leon
Tolstoy. A outra versão mais recente está
no cine Estaçaõ (a partir de 5ª feira). Se na de Clarence Brown a narrativa
clássica traduz o livro de forma linear, no texto recente, de 2012, assinado pelo inglês Joe
Wright, o delírio formal passa pelo teatro e realiza uma espécie de balé
moderno subsumindo o cenário antigo. São estilos que dizem das mudanças
estruturais do cinema, mas a certeza é que a interpretação de Greta Garbo é
mais afeita ao tipo descrito pelo escritor russo. Um close dela deixando
aparecer as lágrimas motivada pela sua exclusão do convívio com o único filho,
mesmo que o fato tenha se dado por sua própria vontade em trocar o marido por
um homem mais novo, é um exemplo do que a sueca sabia demonstrar numa arte que
ela viu crescer.
Rever
Garbo é conhecer uma parte da história do cinema. Este é o objetivo da ACCPA ao
programar mostras de filmes antigos. Como não há filmes de outras escolas que
seja possivel exibir nesses eventos, o sentido é criar a expectativa ao público
que frequenta as salas do cinema extra de como esses exemplares trouxeram a
sistematização e a solidificação de “modos de fazer cinema”e de uma linguagem
que tem circulado ainda hoje.
Depois do
ciclo Greta Garbo está sendo organizado o de comédias, com exemplares que alinham
filmes de Charles Chaplin a Harold Lloyd, alcançando-se, também, o cinema
argentino moderno, ressaltando uma variedade de gêneros e desempenhos marcantes
de atores.
Um
informe importante é que este mês, a Sessão Cinemateca que se realiza aos
domingos a tarde na nossa sala centenária foi suspensa. Mas ela retorna a
partir de agosto. E certamente vai ajudar a quem está estudando a arte
cinematográfica, em especial, a história dessa arte. Seria a base para se
adentrar pela cinematografia amazônica, ou seja, qual o formato do cinema que
se faz nesta região. Enquanto isso, vamos aplaudir Miss Garbo.
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