quarta-feira, 28 de agosto de 2013

AMOR PROFUNDO & OUTROS

"Amor Profundo", de Terence Davis.
 Muitos filmes que chegam às locadoras e lojas que vendem cópias em DVD não alcançam os nossos cinemas comerciais (e muitas vezes nem as salas extras). Esta semana assisti a um titulo que recebeu muitos prêmios e elogios, mas que eu desconhecia inteiramente: “Amor Profundo”(Deep Blue Sea/UK, 2012), dirigido por Terence Davis de um texto de Terence Rattingan.
O enfoque é de uma mulher de família modesta (Raquel Weisz) casada com um juiz muito influente (Simon Russel) muito mais velho que ela, que mora com o marido e a sogra, em Londres. O recorte temporal é o inicio dos anos 1950. Ao conhecer um ex-combatente da 2ª Guerra (Tom Hiddleston) a jovem esposa inicia um romance com ele, mas confessa ao marido. O divorcio é negado e ela, desesperada, tenta o suicídio. A atitude extrema da jovem e uma carta que escreve ao namorado são tomados como uma afronta e ele se mostra violento. O marido, que havia sido abandonado e muda de ideia com relação ao divorcio, reaparece e tenta a reconciliação. Mas o novo amor, mesmo com a atitude de enamorado, leva a personagem a um drama pontuado pela solidão.
Rachel Weisz, que atuou com o diretor brasileiro Fernando Meirelles em filmes como “O Jardineiro Fiel”(The Constant Gardner/ 2005) ganhando prêmios dos críticos de Nova York e Toronto, com o filme chegando a candidato ao Globo de Ouro, tem um grande desempenho. Com narrativa pausada, o diretor de “Vozes Distantes” (1988) e “Memórias”(1995)  segue de perto o texto do autor de “Nunca Te Amei” e “O Príncipe Encantado”. Mas sempre exibindo cinema, ou seja, sem se deixar escravizar pelo poder da palavra que existe em falas muito substanciosas.  Vale a pena conferir.
"Diaz: Política e Violência". Imperdível!
Nesta época de movimentos populares o lançamento de “Diaz, Política e Violência” (Diaz, Itália, 2010) pode ser considerado oportuno. O filme trata do protesto de estudantes em Gênova quando de uma reunião de cúpula de governantes de muitos países. A polícia reprime com extrema violência matando muita gente. O filme dirigido por Daniele Vicari segue uma linha documental, lembrando, no estilo, o clássico “4 Dias de Rebelião” (Le Quattro Giornate di Napoli, Itália,1962) de Nanni Loy. Ha inclusive sequencias com cenas reais extraídas de cinejornais da época. O filme foi candidato aos Oscar de melhor roteiro e melhor obra estrangeira. Outro exemplar inédito entre nós.
“Uma Historia de Amor e Fúria” (Brasil, 2012) é uma animação de Luiz Bolognesi contando de modo bastante particular a história do Brasil desde a época do descobrimento, passando por rebeliões como a perseguição a escravos que fugiam e se organizavam em quilombos, indo ao fim do império, à ditadura militar de 1964-86, adentrando o futuro com a lua pela água que passa a  ser uma riqueza de difícil acesso. O veiculo dessa viagem no tempo é um índio imortal e a sua companheira Janaina que renasce nas diversas épocas. Experiência interessante que se discute na liberdade tomada com fatos históricos divergindo do que se aprende na escola. Vencedor do Prêmio Annecy.
Dois seriados de TV surgem agora em DVD em compactos: “A Vida de Galileu” (Galileo, UK 1975), de Joseph Losey e “Ressurreição” (Ressureisssione, Italia, 2001) dos irmãos Paolo e Vittorio Taviani. Raridades que o telespectador local não conhece. Os discos guardam todos os episódios produzidos e ainda trazem bônus com detalhes das realizações.
Com essa programação extra que aqui exponho, o cinéfilo se pergunta por que, com tanta produção que pode sanear a exibição comercial, o circuito cinematográfico se prende a somente um estilo de filme e castiga aquele espectador mais interessado em títulos diversos. A exibição pública desse material seria mais um meio pedagógico de formar plateias, mas, ao que consta, ficam os privilegiados a assisti-los porque não há interesse nesse uso do cinema e há proibição de exibição pública de DVDs. No caso, seria então uma atividade para a ACCPA exibir aos seus associados, pois, essa seria uma maneira de os colegas conhecerem na prática certo cinema que não chega ao público. Fica a dica.


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