Os "ossos do ofício" de Bruce Willis em RED 2. Bad.
Em 2010, Hollywood concebeu dois filmes com a mesma fórmula: unir
antigos intérpretes de aventuras com muita ação. Sylvester Stallone produziu,
dirigiu e atuou em “Os Mercenários”(The Expendables) e Robert Schwentke dirigiu
“Red-Aposentados e Perigosos”(Red) segundo roteiro de Jon e Erich Hoeber, com
base nos quadrinhos de Warren Ellis e Cully Hamner para a DC Comics. Neste último caso figuraram Bruce Willis,
Mary-Louise Parker, Morgan Freeman, Chris Owens, Lawrence Turner, Ernst
Borgnine, John Malkovich, Helen Mirren, Richard Dreyfuss e Robert Morse. A maioria dos intérpretes,
nos dois filmes, soma mais de 50 anos. E muitos estavam um pouco distantes do
mercado cinematográfico embora alguns aparecessem em obras adultas e
independentes dessas que fazem carreira a partir de festivais.
Os enredos dos dois exemplos repousam na ideia de que os “heróis não
estão cansados” como disse um filme francês de 1955, dirigido por Yves Ciampi,
com Yves Montand. Para atletas como Stallone e contumazes de peripécias
absurdas com teor cômico à maneira de Willis, na série “Duro de Matar”, o
público de idade correspondente se deleita com a ideia de que o tempo não interfere
no ímpeto dos antes chamados “mocinhos”.
“Red 2, Aposentados Ainda Mais Perigosos”(Red 2, EUA, 2013) é a
consequência natural do sucesso financeiro desses filmes. Afinal, a meta da
indústria cinematográfica é pontuada por uma cifra que passa de US$ 1 milhão
nas bilheterias domesticas. Se o filme lucrar essa média faz-se uma sequencia. Enfim,
segundo os comerciantes do ramo, é melhor apostar no “déja vu” do que arriscar
na novidade que se interroga.
O roteiro do novo “Red”, escrito pelos mesmos Hoeber e vindo da mesma
fonte de gibi, é o mais absurdo da espécie. Frank Moses (Bruce Willis) vai ao
funeral de Marvin (John Malkovich), mas sabe que é uma farsa. O amigo não morrera
apenas se escondera de sua própria agencia empregadora que pretendia eliminar não
só a ele, mas o seu amigo. E Frank sofre atentado junto com a esposa Sarah
(Mary-Louise). A plateia pergunta por que a CIA ou o FBI querem eliminar seus
antigos funcionários. Há uma bomba que faz o efeito de uma nuclear, mas é
isenta de radiação. Quem a inventou e a guarda é o cientista Bailey (Anthony
Hopkins) confinado em um manicômio. É claro que a trinca (Sarah, agora, é parte
ativa no grupo) vai atrás do cientista e com eles segue Victoria (Helen Mirren),
Katja, uma agente russa (Catherine Zeta-Jones) e um coreano que em principio
queria a cabeça de Frank: Han Cho Bai(Byung-hun Lee).
O filme inteiro é um corre-corre atrás da bomba ou “Projeto Nightshade”.
E nesse ritmo acontece o que é sempre anunciado nos blockbusters: desastres de
carros, explosões, tiroteios, saltos de grandes alturas, tudo o que seja auxiliado
com CGI (Computer
Graphic Imagery), ou seja, efeitos digitais de firmas
especializadas como a de George Lucas - LucasFilm
Ltd.
Mas, na verdade, o filme apresenta uma overdose de peripécias e, mesmo
com um toque de comédia que parece imprescindível para que se assista o
besteirol até o final, acaba cansando. Pessoas em pulos gigantescos, rajadas de
balas inofensivas, deslocamento de personagens sem que possam estar em processo
de bilocação & tudo o que você assiste nos seriados do tipo nas tevês
fechadas (e mesmo abertas) está nas tomadas que parecem não acabar nunca de tão
monótonas. E olhem que eu até que gosto desse tipo de aventura ...
Nos EUA, “Red 2” já saiu do mapa dos grandes sucessos da temporada de
verão. Por aqui, na estreia, estive em uma sessão de apenas 8 espectadores. E
vi gente saindo no meio. É muito abacaxi para ser descascado mesmo por plateia
que só vê cinema como passatempo. Não sei se outras salas exibidoras algures alimentarão
essa produção por mais semanas em cartaz. Mas que é perda de tempo não se tenha
duvida. É pesado pagar um ingresso caro por nenhuma contrapartida. E haja Bruce
Willis inventando dribles. Tristeza mesmo é ver Helen Mirren metida nesse “imbróglio”.
Mas o dinheiro certo do contrato é sedutor, daí...
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