"Elena", de Petra Costa. Imperdível
Nós que fazemos filmes/vídeos em
casa, com membros de nossa família, sentimos o carinho com que Petra Costa realizou
o seu “Elena” (Brasil, 2012) filme-homenagem à sua irmã que desejava ser atriz,
desejava dançar diante das câmeras e não se contentou brilhando no cenário
nacional, onde ganhou páginas de jornais e revistas, ppreferindo tomar o rumo
dos “States” onde achava que ali teria a chance de se tornar uma estrela (mas
ela já era uma, diga-se).
Em um momento das lembranças de Petra
há uma frase de Elena que nas imagens ganha uma singela animação e que refere
uma dança com/ ou na lua. Vai ter significado ao assistirmos o filme pelas evidencias
de que a jovem brasileira não resistiu a tanta ansiedade de frequentar aquele
mundo tão competitivo para onde seguiu em busca de sucesso. E o céu que ganha
não é o das estrelas de Hollywood. Na linguagem poética da irmã que era uma
criancinha quando a mana já ensaiava seus passos de dança e seus pendores de
atriz, as duas se confundem. No correr da narrativa, se é que se pode chamar de
narrativa, pois o filme todo é poesia livre, elas se enleiam. Há cenas em que
não se sabe se é Petra ou Elena que estão andando ou simplesmente olhando em
frente. Compreende-se a ideia da irmã em não só seguir os passos da mais velha
no país que esta escolheu para morar como transportar imagens de velhos filmes
caseiros em elementos de versos, ou divagações amarradas a doces lembranças.
Também é focalizada a mãe de Elena e
Petra. Dos vários closes, também tirados dos velhos filmes, o rosto reflete
amargura. O destino da primogênita não seria o desejo materno. Isso não precisa
ser dito em palavras. Aliás, o filme não usa muito falas. A cineasta prefere
sempre o apoio da imagem. São recortes do passado, alguns enfoques do presente,
tudo montado de uma forma aparentemente anárquica, como a dizer que os
sentimentos fraternos não se prendem a convenções sejam literárias sejam
cinematográficas no sentido tradicional.
“Elena” é um filme corajoso como foi
montado para chegar ao grande público. Para absorvê-lo bem é preciso que o
espectador saiba do valor que tem os registros de imagens familiares que já
existiam no tempo das películas em 16mm ou Super 8mm e hoje são comuns no
traquejo dos vídeos (antes do VHS hoje do DVD).
Um trabalho desse porte evoca o valor
da câmera como o olho da vida, a testemunha de acontecimentos que não tem
opinião propria como no cinema de ficção ou “pousado”, mas simplesmente
registra detalhes que se apegam a emoções. É só pensar nos vídeos de festas
intimas como aniversários. Anos depois do fato acontecido, vê-se o que foi
gravado como testemunha de momentos alegres, de união de pessoas queridas, o
que não quer dizer que se registrem também fatos amargos, partidas de alguém
seja para outro lugar, seja da própria vida. Esse modo de fazer cinema,
aparentemente anárquico porque não segue um processo narrativo ligado a uma
determinada história, é pura emoção. Claro que diz respeito, primeiramente, a
quem o fez. Mas não se furta a oferecer um efeito mimético. Daí se dizer que
“Elena” é um filme de amor entre irmãs que transborda para as plateias.
Na coluna de terça feira, neste
espaço, mencionei filmes brasileiros bons em meio às pornochanchadas
lucrativas. Coloquem o trabalho de Petra Costa, “Elena”, nesse rol.
Adorei teu texto, Luzia.
ResponderExcluirO filme é isso mesmo. Ele atinge o espectador, e o envolve naquele amor todo.
E, ao contrário do que li em uma crítica, ela conta sim uma história.
bjs
o filmme é lindo, e poetico
ResponderExcluirO filme embora seja "vendido" como documentário, foge um pouco do formato de documentário, tem um dramaticidade exclente
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