Gru, o personagem que não é malvado
O interessante das novas animações é
a maneira como diluem a maldade dos vilões. “Megamente” e “Meu Malvado
Favorito” exemplificam essa tendência. Para as crianças é muito mais salutar
levar ao riso tipos que antes eram moldados para amedrontar (um exemplo
clássico que levou ao pesadelo muitos meninos e meninas foi a bruxa da Branca
de Neve) do que seguir os pais no medo de “bichos papões”. E não vamos longe:
um dos personagens da garotada de hoje é o ogro Shrek. E ogro, na cultura
anglo-saxã, é o correspondente do nosso bicho papão.
“Meu Malvado Favorito 2”(Despicable
me 2, EUA, 2012) segue a fórmula de refazer o que fez sucesso comercial. O
enredo trata do malvado que mostrou ter coração bondoso ao adotar crianças e
que acabou se transformando em um dos campeões de bilheteria há dois anos. O
retorno do personagem deu certo comercialmente, e não é preciso apostar numa
terceira aventura de Gru. O feioso alto e desastrado tipo-vilão, ganha a
direção dos mesmos Chris Renaud e Pierre Coffin da primeira versão.
O roteiro dessa nova animação (de Ken
Daurio e Chris Renaud,os mesmos de “Meu Malvado Favorito 1”) não implica em
novidades. Gru é contratado pela Liga Anti-Vilões (AVL) para lutar contra um
gênio do mal ao lado de uma agente, Lucy. Quem está sofrendo com esse bandido
conhecido como El Macho é, em primeira instancia, o grupo dos Minions, espécie
de pequenas máquinas amarelas que perseguem o bom humor mesmo quando ameaçadas.
E logo na primeira sequencia do filme dois Minion são içados por uma grua na
perseguição a quem tenta sequestrar o amigo Gru. Bem, não adiante contar a
historia do filme porque ela é extremamente tênue a ponto de se resumir em poucas
linhas. A aventura está na trama em assegurar à AVL que tudo seguirá dentro do
previsto pela companhia impedindo que um composto químico caia em mãos erradas. Mas registra-se um fato raro que deve dar a chave para a terceira aventura
cinematográfica de Gru: o personagem casa-se. E a festa de casamento fecha a
trama com todos os requisitos de um grande momento.
Gru no Brasil é dublado por Leandro
Assum e nas cópias originais norte-americanas por Steve Carrel. Lucy é ouvida
aqui através de Maria Clara Gueiros, humorista, que substitui Kristen Wiig. E a
nata dos bandidos fica com as vozes de Sidney Magal (antes, por Benjamin Bratt)
como El Macho, e Luís Carlos Persy (em EUA, Russel Brandt) como Dr. Nefrario.
A técnica de animação desde que investiu
inovações no uso da informática mudou muito. Talvez à época dos desenhos
bidimensionais a aceleração de sequências não fosse possível da forma como hoje
é apresentada. Por mais que os tipos distem de figuras humanas, os objetos
possuem um apego realista e fica engraçado como personagens bons e maus
(chamadas heróis e vilões) transitam entre espaços conhecidos. Imagino como uma
técnica contemporânea fascinaria o pioneiro Walt Disney que dirigia equipes
gigantescas por meses em esboços desenhados no papel para que estes passassem a
um departamento que criava de um tipo de desenho para cada plano, o
sequenciamento que levaria à ilusão de movimento seguindo o fenômeno que se
chama “persistência retiniana” e que, afinal, é a base do cinema (isto quer
dizer que o olho humano não pode discernir determinado número de imagens que circulem
apressadamente diante dele e daí só seja captada uma que parece se movimentar devido
a velocidade com que supera as demais).
“Meu Malvado Favorito 2” só é malvado
no nome. Como cinema talvez faça um pouco de “malvadeza” com quem espera mais substancia
do enredo e linguagem. Mas como o objetivo é divertir, e, em especial, a
garotada em férias, não se pode dizer que não tenha tido êxito.
Oi, Luzia!
ResponderExcluirCheguei de São Paulo e depois mando as novidades, ok?
Abraço,
R.Secco