quinta-feira, 1 de agosto de 2013

MALVADO HERÓICO



Gru, o personagem que não é malvado 

O interessante das novas animações é a maneira como diluem a maldade dos vilões. “Megamente” e “Meu Malvado Favorito” exemplificam essa tendência. Para as crianças é muito mais salutar levar ao riso tipos que antes eram moldados para amedrontar (um exemplo clássico que levou ao pesadelo muitos meninos e meninas foi a bruxa da Branca de Neve) do que seguir os pais no medo de “bichos papões”. E não vamos longe: um dos personagens da garotada de hoje é o ogro Shrek. E ogro, na cultura anglo-saxã, é o correspondente do nosso bicho papão.
“Meu Malvado Favorito 2”(Despicable me 2, EUA, 2012) segue a fórmula de refazer o que fez sucesso comercial. O enredo trata do malvado que mostrou ter coração bondoso ao adotar crianças e que acabou se transformando em um dos campeões de bilheteria há dois anos. O retorno do personagem deu certo comercialmente, e não é preciso apostar numa terceira aventura de Gru. O feioso alto e desastrado tipo-vilão, ganha a direção dos mesmos Chris Renaud e Pierre Coffin da primeira versão.
O roteiro dessa nova animação (de Ken Daurio e Chris Renaud,os mesmos de “Meu Malvado Favorito 1”) não implica em novidades. Gru é contratado pela Liga Anti-Vilões (AVL) para lutar contra um gênio do mal ao lado de uma agente, Lucy. Quem está sofrendo com esse bandido conhecido como El Macho é, em primeira instancia, o grupo dos Minions, espécie de pequenas máquinas amarelas que perseguem o bom humor mesmo quando ameaçadas. E logo na primeira sequencia do filme dois Minion são içados por uma grua na perseguição a quem tenta sequestrar o amigo Gru. Bem, não adiante contar a historia do filme porque ela é extremamente tênue a ponto de se resumir em poucas linhas. A aventura está na trama em assegurar à AVL que tudo seguirá dentro do previsto pela companhia impedindo que um composto químico caia em mãos erradas. Mas registra-se um fato raro que deve dar a chave para a terceira aventura cinematográfica de Gru: o personagem casa-se. E a festa de casamento fecha a trama com todos os requisitos de um grande momento.
Gru no Brasil é dublado por Leandro Assum e nas cópias originais norte-americanas por Steve Carrel. Lucy é ouvida aqui através de Maria Clara Gueiros, humorista, que substitui Kristen Wiig. E a nata dos bandidos fica com as vozes de Sidney Magal (antes, por Benjamin Bratt) como El Macho, e Luís Carlos Persy (em EUA, Russel Brandt) como Dr. Nefrario.
A técnica de animação desde que investiu inovações no uso da informática mudou muito. Talvez à época dos desenhos bidimensionais a aceleração de sequências não fosse possível da forma como hoje é apresentada. Por mais que os tipos distem de figuras humanas, os objetos possuem um apego realista e fica engraçado como personagens bons e maus (chamadas heróis e vilões) transitam entre espaços conhecidos. Imagino como uma técnica contemporânea fascinaria o pioneiro Walt Disney que dirigia equipes gigantescas por meses em esboços desenhados no papel para que estes passassem a um departamento que criava de um tipo de desenho para cada plano, o sequenciamento que levaria à ilusão de movimento seguindo o fenômeno que se chama “persistência retiniana” e que, afinal, é a base do cinema (isto quer dizer que o olho humano não pode discernir determinado número de imagens que circulem apressadamente diante dele e daí só seja captada uma que parece se movimentar devido a velocidade com que supera as demais).
“Meu Malvado Favorito 2” só é malvado no nome. Como cinema talvez faça um pouco de “malvadeza” com quem espera mais substancia do enredo e linguagem. Mas como o objetivo é divertir, e, em especial, a garotada em férias, não se pode dizer que não tenha tido êxito.


Um comentário:

  1. Oi, Luzia!
    Cheguei de São Paulo e depois mando as novidades, ok?
    Abraço,
    R.Secco

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