Jamie Foxx e Channing Tatum em "O Ataque".
Roland Emmerich é um cineasta alemão radicado em Hollywood
que se especializou em “disaster movie”, ou seja, filmes sobre cataclismos que
impressionam pela grandiosidade aparente do processo de produção. O seu
primeiro trabalho exibido em Belém, no Cine Líbero Luxardo dos primeiros anos,
já se posicionava nesse gênero: “O Principio da Arca de Noé”(Das Arche Noah
Pinzipe, Alemanha, 1984). Ali uma estação espacial fazia a guerra entre nações,
a lembrar do que o presidente norte-americano Ronald Reagan propunha, como seja
a destruição de armas inimigas através de engenhos colocados na orbita da
Terra(o programa chamado na época de “guerra nas estrelas”). Logo embarcando
para os EUA, Emmerich se notabilizaria por filmes como “Independence
Day”(1996), “Godzilla”(1998), “O Dia Depois de Amanhã”(2004), “10.000 AC”(2008)
e “2012”(2009). Só em 2011 tentaria mudar de gênero com “Anônimo”(Anonimus) a
historia de um nobre da corte a rainha da Inglaterra, Elizabeth I, que teria
escrito as peças assinadas por William Shakespeare. Um bom filme que por aqui
só chegou em cópia DVD e nos canais de TV por assinatura.
Agora Emmerich apresenta “O Ataque” (The White House Down)
onde expõe uma invasão na Casa Branca, em Washington, com o presidente dos EUA mantido
refém de um de seus assessores guinado a mentor de um golpe pretensamente por
vingança de ter perdido o filho em guerra no Oriente Médio. O roteiro de James
Vanderbilt (o mesmo de “Zodiaco”, de David Fincher), lembra o recente “Invasão à
Casa Branca”(Olympus Has Fallen, 2011) de Antoine Fuqua. A diferença, numa
leitura superficial, é de que o presidente de “Ataque”, representado por Jamie
Foxx, é mais valente, conseguindo derrubar alguns adversários. Mas o que
ressalta o novo filme são dois fatores: primeiramente as inclusões de bom humor
que não são muito comuns em histórias de catástrofes (mesmo filmadas por
Emmerich). Depois, a motivação política do enredo. Não é bem o fato de o
fomentador da rebelião ser um pai amargurado pela morte do filho e, além disso,
ser um homem condenado por um tumor maligno no cérebro (papel ingrato para o
veterano James Woods). Na verdade há uma resposta à negação de apoio à indústria
bélica. É possivel pensar, então, que muitas campanhas belicosas dos EUA (e de
outras nações do chamado primeiro mundo) derivam do protecionismo que o governo
devota aos fabricantes de armas. Fica evidente o que alguns historiadores
afirmam que um dos meios usados por Roosevelt para combater a crise econômica
iniciada em 1929 foi impulsionar a indústria bélica, fato que serviria para
quando os EUA resolveu entrar na 2ª Guerra Mundial.
O filme de Roland Emmerich tem essas brechas curiosas. Para
o espectador é mais divertido ver as peripécias de Cale (Channing Tatum)
candidato preterido a assessor do presidente, lembrando os superherois da
Marvel no modo como escapa de balas e explosões, pulando de alturas enormes e
ainda conseguindo subverter armadilhas inimigas para chegar perto de sua filha
menor, Emily (Joey King), no fim das contas a heroína que posta no youtube
cenas da invasão com as imagens dos revoltosos, como consegue evitar que
aconteça uma guerra nuclear acenando uma bandeira para que os aviões, convocados
por um mecanismo que só o presidente tem acesso mas, no caso, foi monitorado
por outro, abortem a operação de bombardeio. Essa capa de aventura & ação
pode ocultar a critica política do roteiro original, mas o contraste do que se
vê no inicio como as dependências faraônicas da Casa Branca e, afinal, a
vulnerabilidade que se estende ali e ao mundo resta como o tempero que torna tolerável
o espetáculo.
“O Ataque” não deixa de fora a representação que se faz dos
terroristas islâmicos nessa peça de aventura cinematográfica, embora o
terrorismo apresentado seja dos próprios compatriotas do presidente dos EUA
travestidos de seguranças particulares dele. E esse ponto no filme nem é tão
evidente para o espectador que só deixa de lado as referências discriminatórias
quando as imagens postadas no youtube revelam a identidade do bando. Dessa
forma, o fato do ataque se tornar um evento possivel de ocorrer naquelas bandas
não deixa de fora a sinalização da ku-klux-kan, seita terrorista que não vê com
bons olhos a presença de um negro na cadeira política nº 1 daquele país.
Embora seja descartável, o filme de Emmerich colabora com
idéias para se pensar essas situações e demonstrar a falibilidade de seguranças
aos personagens da atual história política norteamericana. Informo que tive
minha dose de riso desse filme.
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