Yasujirô Ozu (1902-1963)
A expressão “filme de cabeceira” há algum tempo poderia
representar uma licença poética de cinéfilos da chamada Sétima Arte. Hoje é uma
realidade. Pode-se não só ter uma filmoteca, ou videoteca, como colocar os
filmes preferidos na mesinha de cabeceira ao lado da cama (de onde vem a
expressão). E os títulos que se enquadram nesse qualificativo, levando-se em
conta a história da cinematografia, são cada vez mais numerosos, ou seja,
alcançam cada vez mais as distribuidoras brasileiras. E estas sabem que existe
um valor comercial na opção. Quem tem o seu filme predileto geralmente não se
limita a alugá-lo: compra-o.
Mas não só o cinéfilo está nessa intenção. Aqueles que se
interessam no estudo do cinema não podem deixar de montar sua propria coleção
de cópias de filmes para analisar em melhores condições os detalhes da
linguagem e/ou outro elemento importante para a complementação de conhecimentos
na área visual.
Recentemente alcançaram as lojas títulos indispensáveis a
uma cultura cinematográfica. E chegaram em pacotes de títulos como por exemplo,
os trabalhos do japonês Yasujirô Ozu (1902-1963), os clássicos nacionais
baseados em livros de Graciliano Ramos, os filmes do polaco Kieslowski
(1941-1996) e os do italiano Sergio Leone (1929-1989). São obras de Ozu: “Era
Uma Vez em Tóquio”(1953), “Também Fomos Felizes”(1951), “Chiri Ariki”(1942),
“Tokio Noshoku”(1957), “Hitori Masuko”(1936) e o documentário “Talking With
Ozu”. Os filmes apresentados em inglês não chegaram a ser exibidos nos cinemas
brasileiros.
Ozu criou um tipo de filme que retratava a família e
chegou a ser considerado o cronista do após-guerra, focalizando o nativo
japonês simples que se dedicava a reconstrução do país. Interessante que este
cineasta vivia com sua mãe, nunca se casou e morreu pouco tempo depois dela.
Algumas de suas obras chegaram à Belém em sessões de cineclubes.
Irrecusável para se ter em casa e manter as duas condições
que tratei acima é a trilogia com base na obra de Graciliano Ramos: “Vidas
Secas” (1963), “São Bernardo” (1971) e “Memórias do Cárcere”(1984). Bem
remasterizados, levam especialmente ao jovem dois títulos dirigidos por Nelson
Pereira dos Santos e um por Leon Hirszman (1938-1987). Revi há pouco o filme de
Leon, “S. Bernardo”, e o considero um marco do nosso cinema novo. Câmera
estática e optando pelos grandes planos, usa preponderantemente a imagem para
narrar o que o escritor alagoano escreveu. Obra-prima invulnerável ao tempo.
Também para uma “parada próxima” em casa é a Trilogia das
Cores do polonês Krzysztof Kieslowski: “A Liberdade é Azul” (Bleu, 1993),
“Igualdade é Branca”(Blanc, 1994) e “A Fraternidade é Vermelha”(Rouge, 1994).
Com este trabalho, o diretor encerrou sua carreira que deixou obras de vulto em
cinemas de seu país e da França. Os 3 filmes foram inspirados nas cores da
bandeira francesa e, a cópia em DVD de um deles trás no bônus entrevista com o
diretor que afirma não sabia falar francês usando interprete nas ordens dadas
aos atores. Sendo historias independentes mesmo assim o último filme mostra as
principais personagens em uma sequência. Marco histórico.
E em termos de coleções que o cinéfilo aplaude está a
trilogia do diretor italiano Sergio Leone (1929-1989), criador de um tipo
peculiar de western, fato que alguns críticos chamaram pejorativamente de
“spaghetti”, mas hoje compreende o seu valor estético. Os filmes desse pacote
também são os que promoveram o ator norte-americano, depois cineasta talentoso,
Clint Eastwood. São eles: ”Por um Punhado de Dólares”(1964), “Por uns dólares a
Mais”(1965) e “3 Homens em Conflito”(1966). Quem não conhece os trabalhos e
está interessado em assistí-los repare nos enquadramentos, aproveitando a
dimensão do quadro (scope). Cada ângulo recebe um objeto que realça no
contraste com o que está atrás em profundidade de campo. Prodigio do fotografo
Tonino Delli Colli (que trabalhou com Federico Fellini e Pier Paolo Pasolini),
sem se esquecer de ouvir a música de Ennio Morricone.
As dicas sobre o que há de bom e novo em DVD estão ai.
Quem se interessar é procurar as locadoras e/ou as lojas de venda.
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