Pégase, o filme de Mahamed Mouftakir.
Em Ouagadougou, Burkina Faso, março de 2011, o filme "Pégase"(França, Marrocos, 2009),
do marroquino Mohamed Mouftakir,
conquistou o Garanhão de Ouro do Fespaco 2011, o Festival Pan-Africano de
Cinema e Televisão, encontro importante do cinema africano realizado anualmente
nesse país. O filme relata, no ritmo de thriller psicológico, a luta interior de uma jovem
mulher da zona rural de Marrocos, contra a opressão da sociedade patriarcal
marroquina evidenciando uma história de violência e incesto. Internada em
estado traumático numa clínica, Rihana (Majdouline Idrissi), uma jovem de 20 anos, manipulada pelo pai
insistindo que ela está grávida de um demônio fica a mercê da dúvida: estará
ela efetivamente possuída pelo “Senhor dos Cavalos”, esse tal demônio, como
afirmam os habitantes da sua aldeia natal? Quem trata de Rihana é a psiquiatra
Zineb (Saadia Ladib ) que não reconhece nas palavras da jovem
a certeza ou um imaginário fantástico, perdendo o controle da situação. Ela acaba
descobrindo um segredo que se relaciona com a sua própria gênese.
O filme que abre hoje um programa selecionado
pela Embaixada da França para exibição no Cine Olympia, não possui uma linguagem
linear. Em meio às sequências em que se vê Zineb e Rihana passa-se para a
infancia de Zayd e o papel de seu pai que lhe fala do Senhor dos Cavalos, uma
lenda em que um animal é venerado como um deus e pode punir quem o desrespeite. Às vezes sente-se certa confusão na opção por deslocamentos
no tempo, mas é a forma com que Mouftakir se expressa melhor, usando o folclore
marroquino e o drama de suas principais personagens.
Com uma fotografia que valoriza a
sombra, Pégase“(ou Pégaso se traduzido) tem por base uma lenda de origem grega
que o cita como nascido do sangue da Medusa quando esta foi decapitada por Perseu.
Medusa estava grávida de Poseidon e um coice de Pésago fez brotar a fonte
Hipocrene um simbolo poético. A fonte grega não é mencionada restando a
afirmação de que o cavalo, ou o Senhor do Cavalo, é um elemento do folcore do
Marrocos, retransmitindo-se a lenda de pai para filho – a levar em conta os
pais ligados ao campo (ou ao deserto).
“Pégase” revela um elenco muito bem
regido em que Majdoline Drissi protagoniza Rihana e a figura do pai Zayd é vivida por Anas El Baz. A “cor local” enaltece o trabalho e
isso deve ter sido a causa não só dos premios recebidos como da divulgação
internacional através da filmoteca da embaixada francesa.
O filme estará em cartaz no Cine Olympia
de hoje até o proximo dia 15, em sessão diária (exceto 2ª.Feira) de 18h30.
E a programação da ACCPA anuncia para o
dia 9 “Os Anões Também Começam Pequenos” de Werner Herzog, no Cine Clube
Alexandrino Moreira (IAP). No dia 10 , abre-se novamente uma exceção no Olympia
para dar continuidade à sessão Cinema e Música com o clássico sueco “Vento e Areia”(The
Wind, 1929) de Victor Sjöström com Lillian Gish. O filme trata do drama de
Letty (Gish) que ao mudar-se para um rancho de um primo no oeste do Texas
sente, na viagem, certo desconforto com o vento incessante que bate em seu
rosto. É amedrontada por seu acompanhante que lhe diz ser essa situação motivo
de enlouquecer as mulheres. Ao chegar ao rancho a esposa do primo sente-se enciumada
pela jovem em companhia do marido. Esse incidente certamente levará a uma nova
aventura na vida de Letty.
“Vento e Areia” que é parte dos
clássicos do cinema mudo terá o acompanhamento ao piano do virtuose Paulo José
Campos de Melo.
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