Gene Tierney e Tyrone Power em "O Fio da Navalha" (1946). Em DVD.
Os colecionadores de filmes estão
atentos. Surgem agora títulos que marcaram épocas e são reeditados, alguns do
mesmo grupo. Entre estes
se vê, por exemplo, “O Fio da Navalha”(The Razor’s Edge, EUA, 1946), a primeira
versão sonora do livro de Somerset Maugham, tratado como autobiografia. Com
direção de Edmond Goulding trata do romance entre uma socialite e um combatente,
na I Guerra Mundial. Os atores Gene Tierney e Tyrone Power defendem os
principais papéis ficando Herbert Marshall com a protagonização de Maugham. O livro foi refilmado em 1984 por John
Byron com outros atores no elenco, como Bill Muray e Teresa Russel. A versão
anterior é a mais palmeada pela critica e pelos historiadores de cinema.
Outro exemplar, “As Diabólicas” (Les
Diaboliques, França, 1955), é um dos melhores filmes de Henri-George Clouzot.
Quem interpreta um dos principais papéis é a brasileira Vera Amado Clouzot, então
a esposa do cineasta. Sua personagem é a vitima do casal de amantes protagonizado
por Simone Signoret e Paul Meurisse. Ainda hoje o filme provoca impacto em
espectadores sensíveis. Uma refilmagem norte-americana foi logo esquecida e os
críticos ainda hoje dizem, elogiando, que é o filme de suspense que Hitchcock
não fez.
“Inverno de Sangue em Veneza”(D’ont
Look Now, Inglaterra, 1973) está entre os melhores filmes de terror já realizados.
Nicholas Roeg, diretor australiano, trata, de forma magistral, a odisseia do
casal protagonizado pelos atores Donald Sutherland e Julie Christie, ele
restaurador de ícones em antigos templos venezianos, que perde a única filha de
5 anos, afogada. O desespero toma conta da dupla e a memória da menina ganha um
terreno místico ensejando um final impressionante. O roteiro baseia-se em um
romance de Daphne Du Maurier. Um relançamento oportuno.
“O Circo” (El Circo, México, 1943) é o
primeiro filme do comediante mexicano Mario Moreno Cantinflas que chega ao
mercado de vídeo brasileiro desde que se exclua “Volta ao Mundo em 80
Dias”(Around the World, EUA, 1957), produção hollywoodana na qual esse
comediante atuou. Apoiado na obra de Charles Chaplin, o filme focaliza um tipo
conhecido como El Zapatero que se apaixona da bela estrela do picadeiro e que
no final acaba perdendo este amor para um galã da trupe. O diretor do filme é
Miguel M. Delgado que realizou quase todos os filmes com Cantinflas (e foram
muitos).
Um dos meus filmes prediletos, “Amores
de Apache” (Casque D’Or, França, 1952) também já está circulando. Trata-se do
mais conhecido filme do diretor Jacques Becker e reúne os atores Simone
Signoret e Serge Reggiani, ela desempenhando uma estrela de cabaré e ele um
carpinteiro. A dança conhecida pelo nome de apache dá margem a um dos momentos
marcantes do filme, que foi o vencedor do Bafta(o Oscar inglês) no ano de seu
lançamento.
“A Cova das Serpentes” (The Snak Pit, EUA,
1948 ) trás, Olivia de Havilland num dos desempenhos mais marcantes que já interpretou
em sua longa e elogiada carreira (ela ainda vive, aos 97 anos). É o filme dos mais
aplaudidos da atriz. Candidata ao Oscar, Olivia protagoniza Virginia Cunningham,
uma jovem internada num manicômio sem ser doente mental. O terror que ela passa
nesse ambiente manicomial é contundente e muito bem retratado pelo diretor
Anatole Litvak (responsável por outras obras marcantes como “Anastácia, a
Princesa Esquecida”, 1956; “Vida por um Fio”, 1948; e “A Noite dos Generais”,
1967). O roteiro está baseado no livro de Mary Jane Ward.
“Sonho de um Sedutor”(Play it again,
Sam, EUA, 1972) tem Woody Allen como ator e não como diretor. Baseado em sua
peça encenada com sucesso na Broadway, Allen protagoniza o tímido Allan Felix,
abandonado pela esposa e socorrido em sua solidão pelo casal amigo Linda (Diane
Keaton) e Dick (Tony Roberts). Ele e Linda têm grande afinidade, mas Allan
segue o seu ídolo Rick (Humprey Bogart de “Casablanca”). E como tal renuncia a
um romance. A direção ficou com Hebert Ross.
Muitos desses filmes já foram exibidos
em circuito de 35 mm, mas somente agora saem cópias em DVD. Muito bom revê-los.
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