Robrt De Niro e Sylvester Stallone em "Ajuste de Contas".
Salvo exceções, atuar/trabalhar em cinema é uma profissão cruel. Porque
cruel? Na verdade tenho pensado nisso há algum tempo, desde que as barras da
minha profissão encara com certos limites institucionais como a idade, que nos
refere como “inativos”, mesmo que a produção acadêmica seja diferenciada
daquela, ou seja, não exija o porte jovem para atuações em papéis geralmente de
jovens. No caso da academia é o nome do docente que deixa de vigorar no sistema
de ensino e outro professor seja indicado como responsável pelo colega que já
alcançou a aposentadoria por idade ou a compulsória (chamada expulsória). No
cinema é ficar de fora das produções.
Mas voltando ao cinema, creio que isso é “barra”. Ultimamente vê-se que
alguns atores estão lutando para fugir da chamada “inatividade” a que estão reduzidos
alguns deles. “Ajuste de Contas”(Grudge Match, EUA, 2013) está enquandrado nessa lista
sendo mais um filme com atores veteranos
a provar que eles nao sairam de cena. Stallone, aliás, vem trazendo colegas de
sua idade para filmes que produz ou influencia na produção (como“Mercenários”). Por outro lado, De Niro tambem está atuando com gente
de seu tempo de mocinho e foi visto recentemente em “Ultima Viagem a
Las Vegas”e “O Casamento do
Ano”. Junta-lo com Stallone em filme sobre boxe é ainda mais atraente se levar
em conta que estão no ringue Rocky Balboa (Stallone) e Jack La Mota, o “Touro Indomável”(De Niro).
Assim, o enredo se evidencia da seguinte forma: Billy “The Kid” McDonnen
(De Niro) e Henry “Razor” Sharp (Stallone) eram grandes rivais no ring até
chegarem à idade de se aposentar. Mas sempre ficou a idéia de uma revanche pois
haviam praticamente empatado em número de vitorias. E a oportunidade chega
através de Dane Slater Jr (Kevin Hart) filho de um promotor de boxe que oferece
boa soma em dinheiro para os veteranos lutadores. Afinal, eles deixaram nome e
a velha geração certamente vai comprar ingresso para vê-los se defrontar como
no passado. Mais do que isso é uma relação romântica com Sally (Kim Basinger)
certamente mais um ítem no coquetel de nostalgia. E o interesse maior do
roteiro de Tim Kelleher e Rodney Rothman de uma historia do primero cabe no
resultado da luta. Quem vai ganhar? O
suspense dura mais de cinco rounds…
A produção é esperta e bem cuidada. O diretor Peter Segal é veterano de
comedias, mas em seu currículo há productos descartáveis como “Tratamento de Choque”, ”Mong e Loide” e “O Professor Aloprado 2”. Este filme
de agora pode ser cotado como o seu melhor trabalho. A linguagem linear é
suficientemente ágil para cobrir possíveis buracos e tudo se concentra na luta
final quando os velhinhos vão expor sua forma física.
Apesar de ser
um produto de venda fácil, “Ajuste...” passou
correndo pelas telas dos cinemas de Belém, confinado em salas da periferia e
dando enfase às cópias dubladas. Os admiradores dos dois atores devem esperar o
DVD que não deve tardar. Interessante observar que Stallone ganhou o “Razzie” (Framboeza) premio dado aos piores da indústria
ano passado. O ator “acumulou” pelos filmes “Alvo Duplo” (Bullet to Head) e “Plano de Fuga” (Escape Plain). Por este ultimo filme
é maldade dos críticos. O ator não esteve tão ruim... Como se vê, há política
também na demonstração das opiniões críticas
aos filmes de veteranos que pouco atuarem em clássicos, como é o caso de
Stallone, mesmo que hoje esteja com uma outra lógica de atuar.
O bom com a
realização de “Ajuste de
Contas” é o prosseguimento
de contratos de atores veteranos em filmes classe A (não só em teleplays, onde
geralmente eles se abrigam hoje). Há muitos outros títulos programados com “estrelas”
que brilharam antigamente e o curioso é que a maioria pertence ao gênero comédia.
Contam que Stallone sempre quis fazer comedia. Este novo trabalho pertence ao
gênero. Tanto ele como De Niro parece se divertir nos papéis. Afinal, a
maquilagem que os mostra maltratados não passa de trabalho dos especialistas criadores
de máscaras bem especiais.
Nossos
augurios é que voltem os ídolos de ontem. Pior é ficarem no cinema da saudade.
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