As personagens de "Frozen".
A nova animação dos estúdios Disney procura seguir a
tradição dessa companhia baseia-se em um conto de fadas, “A Rainha da Neve”, escrito
pelo dinamarques Hans Christian Andersen (1805-1875) a exemplo de outros já
tratados pela empresa como Charles Perrault e os irmãos Grimm, entre outros
autores, evidenciando princesa(s), príncipe, animais falantes alem de um ou
mais malvados. Todos imbuídos de magia suficiente para mudar o cenário nos
parâmetros entre o bem e o mal.
O novo filme, “Frozen, Uma Aventura Congelante”(Frozen, 2013),
tem direção de Chris Buck e Jennifer Lee com roteiro da última. Seguindo a moda
é produzido em 3D com a técnica de geração do traço por computadores. Essa é a
primeira “vestimenta” que difere a produção das congêneres antigas como dos clássicos
“Branca de Neve” e “Cinderela”. Outra vestimenta é a mudança muitas vezes
radical da postura das personagens. Se existe uma rima entre o feitiço caído
sobre uma princesa e o “tratamento” dado pelo beijo de amor de um príncipe, a
fórmula é subvertida na acepção de que um beijo de amor não quer dizer
obrigatoriamente entre gêneros. Também não se afirma que o galã seja sempre o
nobre cavalheiro como o que dança com a Gata Borralheira até meia-noite. Saindo
do original, ”Frozen” mostra que o amor não segue uma fórmula e o “herói” pode
muito bem ser a fantasia de um vilão. Ainda mais: ele ratifica a amizade
fraterna a ponto de uma irmã arriscar a vida por outra e nenhuma carregar a
imagem de malévola sucumbindo a feitiços.
As qualidades expostas pela nova história ganham uma
construção exemplar sob o ponto de vista técnico. Não é tanto o efeito
tridimensional, e o filme pode muito bem ser visto em 2D sem perder seu
encanto. O que salta adiante de exemplares atuais do gênero produzidos por
diversas empresas (e hoje todos os estúdios de Hollywood possuem departamentos
de animação) é a conjunção de elementos clássicos, da cenografia à cinegrafia,
ou seja, da construção de interiores à iluminação que abrigam muito bem a trama
e o que as personagens devam exprimir.
A tradição Disney é, contudo, cumprida na intercessão musical. Desde os
primeiros exemplares da animação em longa-metragem, por interposição direta do
fundador Walt Disney, os filmes assemelham-se às chamadas operetas, com muitas
canções pontuando cenas. “Frozen” está repleto de músicas novas. Os personagens
da fantasia – os Troll (pedras falantes) o boneco de neve Olaf (que ama ser abraçado porque fica
“quentinho” e Sven, o alce, harmonizam sequencias com a trilha de Christophe
Beck. Há canções interessantes como
"Quer brincar na neve?", "Vejo uma porta abrir", "Uma
vez na eternidade" e "Livre estou" ("Let it go") que
traduzida leva à canção conhecida : "É hora de experimentar / Os meus
limites vou testar / A liberdade veio, enfim, para mim".
O problema, nas cópias dubladas, é que elas não só ganham reprodução não
tão boas como as letras deixam longe a criatividade imposta por antigos
colaboradores brasileiros no setor como Aloysio de Oliveira e Braguinha (as
crianças de sessenta anos atrás sabiam de cor as letras das músicas cantadas pelas personagens como Branca de Neve, Cinderela e/ou
coadjuvantes) como nas gravações deficientes as tornam inaudíveis. Lembro que o
público deixava a sala de projeção onde era exibido um dos desenhos, cantando
as canções que ouvia no filme. Presentemente não é possível repetir a façanha,
e paradoxalmente com o maior apuro técnico que é usado.
O novo produto Disney é dos melhores dos últimos anos. Pena que a sala onde assisti quebrou a luminosidade do projetor. A dublagem também impõe outro resultado. Mas felizmente o filme consegue superá-las a
ponto de poder ser apreciado.
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