Michael Sheen e Maria Bello em "Tarde Demais" (2010)
O usuário de locadora de vídeo pode
confundir certos filmes buscando-os pelos títulos dados no mercado nacional.
Há, por exemplo, mais de um ”Veredito”, mais de um “A Trapaça” e, agora, um
novo “Tarde Demais”. O interessante é que na maioria das vezes não há
referência aos nomes originais em inglês. Sei que há uma norma impedindo o uso
de títulos já usados, e que não se trate de reedições, pelo prazo de 7 anos.
Mesmo assim, em DVD isso leva à confusão, pois, muitos filmes antigos estão em
lançamento no setor.
É o caso de “Tarde Demais” (Beautiful
Boy, EUA, 2010) que nada tem a ver com “The Heiress” (“A Herdeira”- título em
Portugal) filme baseado no romance Washington
Square, de Henry James (publicado em 1880) que William Wyler realizou em 1949 com
Olivia de Havilland e Montgomery Clift e que no Brasil recebeu o mesmo título.
Avivando a memória do/a leitor/a trata-se do filme em que, numa prodigiosa
sequencia final, o namorado de uma jovem rica fica batendo na porta da casa
desta jovem que diz amar (a herdeira, do original) e ela não responde, apagando
uma por uma as luzes da casa supondo ser ele um caça-dotes (nunca se sabe se
ele é isso mesmo). O mesmo título foi dado no Brasil a “Beautiful Boy” e trata
de um casal de classe média em vias de se divorciar, cujo único filho comete um
assassinato em massa na sua escola, suicidando-se em seguida.
Bill (Michael Sheen) e Kate (Maria
Bello) culpam-se da ação desesperada de Sammy (Kally Gallner). A atitude do
jovem de 18 anos seria culpa da educação rígida imposta pela mãe ou pela
ausência paterna em muitas horas? Como um garotinho alegre que se vê numa praia
em vídeo de família pode ser um monstro ?
O primeiro filme do diretor Shawn Ku
estuda esse quadro trágico de forma excelente, com uma fotografia que procura
ressaltar a dor das personagens e uma narrativa coesa, sem desperdícios. O foco
se dá à família desses jovens que praticam esse tipo de crime, mostrando os
pais diante do ocorrido num relacionamento angustiado entre si e dependendo da
proximidade com familiares e amigos, enquanto a dúvida os consome. Reflexão
tardia e amparo entre eles para retornarem à vida que não será mais a mesma.
Outro bom filme lançado agora em
DVD é “Contagem Regressiva” (Hours, EUA, 2013) dirigido e escrito
por Eric Heisserer onde se acompanha a odisseia de um pai que tenta
desesperadamente salvar a filha recém-nascida, confinada numa incubadora depois
do parto que levou à morte sua mãe, na hora em que a cidade de Louisiania é
alvo do furacão Katrina. Este pai tem que ficar atento movendo a entrada de
oxigênio no pequeno leito quando falta energia e sucedem-se desabamentos.
O filme foi o ultimo que o ator Paul
Walker concluiu. Depois ele começaria mais um trabalho na franquia
“Velozes e Furiosos” quando morreu em consequência de um desastre de carro. Por
ironia, Paul celebrizou-se em papel de piloto de corridas.
O título desse filme leva a outro com
o mesmo nome, mas baseado no best-seller de John Hagee destacando a realidade
de um conflito inevitável entre Israel e o Islã. Dois outros filmes com esse
titulo são de 1994 e 2002.
Esta semana assisti também
“Atraiçoado”(Betrayed, EUA, 1954). O filme reúne nomes famosos da velha
Hollywood numa historia implausível escrita por Ronald Millar e George
Froeschel com direção de Gottfreid Reinhardt: Clark Gable, Lana Turner,
Victor Mature, O.E.Hasse, Louis Calhern, Wilfrid Hyde White e Ian Carmichael.
Gable protagoniza um espião aliado durante a 2ª Guerra Mundial que é capturado
e convidado a ser contraespião, ou seja, passa a trabalhar para os alemães. Ele
consegue fugir graças a ação de resistentes holandeses chefiados pelo
líder Cachecol (Mature). Mas, investigações sobre espionagem levam-no a uma
viúva (Turner) e, fatalmente, a um romance. Enredo absurdo que não traz chance
ao elenco. E sabe-se que todos estavam em fim de carreira. Mesmo assim Clark
Gable ainda atuaria em 9 filmes (faleceu em 1961), mas todos medíocres.
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