quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS



Liesel (Sophie Nelisse) e Hans Hubernam(Geoffrey Rush)
O livro do australiano Markus Zusak em 2005, “A Menina que Roubava Livros”(The Book Thief) é um dos mais procurados pelo público jovem. Sua transposição para o cinema é, primeiramente, apelo de mercado. Mas, mesmo para quem não leu o livro, o filme em que se baseia, dirigido por Brian Percival, de um roteiro de Marco Petroni é muito acessível e alinhado numa narrativa linear.
É a Morte quem conta a história. E segue a menina órfã, Liesel (Sophie Nelisse), até a Alemanha, do inicio do período nazista, encaminhada pelo estado para adoção de um casal alemão Hans Hubernam(Geoffrey Rush) e Rosa(Emily Watson), devido à prisão da mãe da garota, aacusada de comunista. Ganha a simpatia deste casal, especialmente de Hans. Com o início da perseguição aos judeus, Max (Ben Schnetzer), filho de membros dessa etnia a quem Hans deve favores, procura-o e passa a morar secretamente com a familia deste, infringindo as regras nazistas e, por isso, escondido no porão da casa. Liesel se torna amiga do visitante ainda mais pela afinidade por ensiná-la a ler e amar os livros. Mas é obrigada a não contar essa aventura familiar a ninguém. Ansiosa pelo novo saber que captura dos livros, deseja diversificá-los (pois só tem um exemplar de normas do coveiro, recolhido da sepultura do irmão,) e, numa de suas ousadias, salva um exemplar dentre os que não foram queimados numa das fogueiras que os nazistas faziam de obras consideradas subversivas pelo regime. Segue-se sua descoberta da biblioteca da esposa do prefeito da localidade, levando os volumes que consegue pegar, no momento em que sua tarefa de entregadora de roupas lavadas pela mãe, é objetivada nessa infringência moral.
Na convivência na nova comunidade, Liesel liga-se a Rudy (Nico Liersch), seu vizinho. A ele conta o seu grande segredo da presença de Max, no porão, mas a fidelidade do garoto segue a linha da amizade por Liesel. A perseguição aumenta, ameaçando a presença de Max e, por isso ele deixa a casa para salvar os amigos. Hans, por uma infringência às ordens de uma tropa militar querendo salvar um vizinho é convocado pelo exercito, apesar da idade. Ao retornar do front é vitima, assim como Rosa, de um bombardeio aliado.
A historia de Liesel é fatalmente escrita pela menina que gosta de ler e escrever. Em sua vida ela escreve muitos livros. E seu amor pelas letras é contado em off durante o filme. A voz que acompanha toda a odisséia dela é da “senhora da foice” que se penaliza de sua aventura e a escolhe como sobrevivente.
Nada a acrescentar de marcante como realização cinematográfica além de uma fotografia que usa bem cores e sombras e uma condução de elenco em que sobressai a jovem canadense Sophie na época realmente com 10 anos de idade. A narrativa cobre mais de 4 anos e o crescimento da personagem  vai sendo mesclado com as máscaras que o próprio cinema é  capaz de compor pela maquilagem e outros artificios.
A linguagem linear aproxima muito o filme da obra literária. “A Menina que Roubava Livros” é um exemplo de adaptação desse meio de expressão usando até mesmo algumas frases do livro, especialmente as de tom poético que sintetizam situações. Muito do que Max fala impressiona pela beleza das palavras, especialmente quando ele exalta o valor da literatura, reforçando a paixão da jovem amiga pelas letras que vai descobrindo.
Há muito a se resumir em palavras, especialmente no trecho final. É um recurso cômodo que diminui o valor cinematográfico do projeto. Mas certamente aumenta a simpatia por parte não só de quem leu o original como de outros leitores de um modo geral. Por outro lado não é esquecida a amostragem do terror causado pelo período histórico. O nazismo está presente nas perseguições, na constante vigilância de militares aos moradores do lugar, nos bombardeios, no comportamento de pessoas como as da família Hans e de seu vizinho, como bem mostra a sequencia em que se observam as crianças gritando que odeiam Hitler.
Um filme suficientemente correto para agradar a maioria.


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