"Was Bleibt", o filme alemão em exibição no Olympia. Até 5a. feira.
Um filme de família e sobre familia.
Esta frase dimensiona melhor “Was Bleibt” (O Que Resta/Alemanha, 2012) um dessas
produções que eram realizadas em Super 8 e hoje recebe o foco de uma câmera de
vídeo (ou mesmo celular). Não precisa de inicio, efeitos fotográficos.
Acompanha-se a luz ambiente e focaliza, no caso, filhos que vão ao encontro da
mãe, que mora só em uma casa próximo a uma floresta, assim como o marido desta,
ora separado e já vivendo com outra mulher.
No enredo focaliza-se um fim de semana
familiar que poderia ser alegre como esperavam os irmãos Marko e Zowie
convidados pela mãe Gitte para comemorarem uma boa notícia: depois de 30 anos
ela abandona os anti-depressivos e se mantém com medicação alternativa. Seu
marido Gunter também espera os filhos com uma outra novidade: vendera sua
editora, uma empresa de publicação e espera se dedicar á pesquisa com planos de
viajar para a Jordânia. As duas notícias são mal recebidas por Marko – que está
na casa dos trinta anos, acaba de publicar seu primeiro livro, e foi viver em
Berlim desde seus dias de universidade. E Zowie, que estudou medicina mas
vive de um consultório de dentista nas
proximidades dos pais, também não aceita aquela nova situação
Eles pensavam encontrar bem humorados e
saudáveis a mãe, Gitte, e o pai Jacob. Mas, na primeira refeição juntos sabem
que a mãe abandonara um tratamento médico para uma doença que não se define.
Ela se limita a tratar de pessoas com medicamentos naturais (na primeira
sequencia, quando os filhos chegam, ela está com uma paciente deitada na sala) e
acha que não mais precisa de medicação alopata. Apreensivos com a atitude de
Gitte, e mais ainda quando sabem que Jacob pretende viajar para lançar seus
livros, embora há 30 anos cuide da esposa com um alto nível depressivo, sentem
uma sensação de desmoronamento naquele lar para onde vieram festejar a
aproximação e pelo fato dele ter contado a ela que tem outra pessoa.
A reação de Gitte, que não se mostra de
súbito, é pegar seu carro e sair. Não diz aonde vai nem volta. Na procura, os
parentes encontram o carro dela à beira da estrada que margeia a floresta. As
buscas pela mata não surtem efeito.
O filme tem uma narrativa muito simples
e sua densidade ser faz através dos desempenhos excelentes de todos os atores e
a na modulação da luz em alguns planos. Sabe-se por esses recursos, que irmãos
e pais custam a se entender num encontro que deveria ser só alegria. E isso
ganha um tom dramático quando a mãe sai de cena.Ha sequencias de noite na mata
quando os filhos, especialmente Marko, procura desesperadamente pela mãe. E
numa dessas investidas, o roteiro de Bernd Lange é aproveitado pelo diretor
Hans-Christian Schmi para uma licença de realismo fantástico. Não convém contar
porque é um dos pontos altos do filme. Basta dizer que é um recurso muito
engenhoso de se mostrar como o rapaz que é escritor enfrenta o que pode ser a
morte de sua querida mãe.
Vendo o filme de Schmid lembrei-me de
dois títulos bem expressivos sobre reuniões de família: o “Family Life”(Vida em
Familia/1972) do inglês Ken Loach e “Festa de Familia”(Festen/1998) do
dinamarquês Thomas Vinterberg. Nesses
filmes também uma reunião familiar é motivo para que se evidencie problemas de
cada membro e como eles entram em conflito uns com outros.
O filme alemão que pode visto até a próxima quinta, 20/02 no Olympia é um exemplo de como o cinema pode chegar à
intimidade das pessoas como se fizesse parte do grupo de pessoas focalizado. A
câmera é como mais um membro da família Heidtman, observando o que se passa de
forma passiva, apenas deixando que a gente ache absurdo algumas atitudes, como a
precipitação do patriarca quando do sumiço de sua esposa.
Um bom filme que a gente
desconhecia de informações criticas internacionais.
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