quinta-feira, 27 de março de 2014

SEM ESCALAS



Liam Neeson é o agente federal aéreo

A história do cinema registra muitos filmes sobre suspenses aéreos. Há dois anos surgiu “Vôo” (Flight) de Robert Zemeckis onde Denzel Washington saindo de uma ressaca  com drogas e bebidas pilota um avião cheio de passageiros. Nas acrobacias para conseguir alcançar um aeroporto, chega até a voar de ponta cabeça, mesmo assim causando algumas vitimas fatais. Agora é a vez de Liam Neeson protagonizando um agente federal aéreo que se acha num avião num percurso de Nova York a Londres e recebe, no seu celular, uma mensagem de alguém que planeja matar um passageiro a cada vinte minutos se não for transferido para uma conta bancária o deposito no valor de US$180 milhões. Não se sabe como vão acontecer essas mortes e muito menos quem está ameaçando. O primeiro caso fatal surge numa briga do próprio Neeson com um colega, numa dependência do aparelho. Mas há casos inexplicáveis e começam a brotar as suspeitas. É justamente a descoberta do criminoso que seduz a plateia e a trama se torna ainda mais sinistra quando é descoberto que a conta bancária que deve receber o dinheiro está registrada no nome do próprio agente (Nesson).
Misturando fórmulas que vão de histórias de Agatha Christie, Ellery Queen e dos “disasters movies”, o roteiro de John W. Richardson, Christopher Roach e Ryan Engle, dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra, mantém a atenção dos espectadores mesmo não se furtando de estereótipos diversos (alguns para despistar os detetives da plateia).
A narrativa se exime de chavões do gênero como os flash-backs que reportam detalhes das vidas de algumas personagens. Não há nem fash-fowards, intercessões que avançam no tempo. Tudo é centralizado no voo, o “sem escalas” do próprio titulo brasileiro. E neste ponto lembra o que os Cuarón (Alfonso e Juan) fizeram agora com “Gravidade” onde toda a ação se dá no espaço sideral.
Mantendo o clima em tempo e lugar bem delimitados, o filme repousa nas performances que se destacam em cada situação e, assim mesmo, sem detalhar o perfil da maioria dos passageiros do avião. O que mais se torna evidente é o protagonismo de uma mulher, Jean Summers (Juliane Moore), passageira acostumada a viajar que de inicio luta para conseguir um lugar perto da janela. Isso gera a primeira suspeita. Mas ela é quem passa a auxiliar o personagem da história, Bill Marks (Neeson). Daí a ação se desloca para a pista deixada pelo médico que atende alguns passageiros mortalmente feridos, o arabe Frahim Nassir (Omar Metwally). Por vestir-se como seus patrícios, o doutor é um suspeito “nato”. Por outro lado, os sherlocks de plantão desconfiam de tipos muito marcados. Bem, não adianta ir muito longe na trama. Como todo filme do gênero “Sem Escalas” propõe surpresas. E não deixa fugir o suspense quando passa a ser conhecido de todos que além da ameaça de morte por passageiro há uma bomba a bordo. E onde está esse artefato? Num pacote de cocaína...na bagagem de algum dos passageiros. Não há pista sobre isso.
O filme apresenta orçamento relativamente, quase sem custo, lançado em Belém (e só chegou por isso) estando durante duas semanas na frente dos blockbusters na lista de maiores sucessos de bilheteria nos EUA. Bom para o ator de “A Lista de Schindler” que agora se especializa em tipos de heróis ou vilões colocados em situações perigosas.
Uma boa diversão. Nada mais que isso e nada mais se pede disso.



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