Liza Minnelli e Joel Grey cantando "Money,Money": "Cabaret"
Antes do vídeo (VHS/DVD/Bluray) o termo “filme de cabeceira”
era uma metáfora. Tendia a qualificar os títulos que eram mais amados a ponto
de haver permanente revisão desses filmes no cinema guardando suas imagens na
memória com muito carinho. Depois da chegada das novas tecnologias, o nome
ganhou realidade. Pode-se ter o filme preferido ao lado da cama. E há quem
colecione obras lançadas em um passado nem sempre distante, formando uma
filmoteca particular que pode ser acionada quando se quiser.
No rol de filmes “de cabeceira” estão muitos títulos que
chegaram ou não a ser editados em fitas ou discos. Mas há um lote dos que não
chegam. E estes são exaustivamente solicitados pelos cinéfilos às
distribuidoras quando não os alcança, através da internet em sites
especializados em download (gravação de filmes).
Este mês chegam às lojas e locadoras dois títulos que para
muitos está na qualidade de “cabeceira”: “Cabaret” e “Isadora”. Assisti os dois
no cinema e me impressionava como é que não surgiam em DVD posto que são obras
da grande industria e de há muito existem em lojas no exterior.
“Cabaret” (EUA, 1972) é um musical dirigido pelo coreógrafo
Bob Fosse (1927-1987) com o roteiro de Jay Allen baseado em historias de
Christopher Isherwood que geraram a peça de John Van Druten e o musical de John
Masteroff.
Liza Minnelli protgoniza Sally Bowles, cantora e bailarina
de um cabaré na Berlim de 1929, justamente quando era vislumbrada a ascensão da
ideologia nazista em manifestações de rua. O número mais aplaudido de Sally é
apresentado por um mestre de ceriominas excêntrico (Joel Grey) que identifica a
posição política da cidade/país. A trama é impulsionada quando chega ao lugar o
professor de inglês Brian Roberts (Michael York). Daí em diante acompanham-se
as personagens e mais o casal Maximiliam (Helmut Griem) & Natalia Landauer
(Marisa Berenson), ela judia, e todos observando as mudanças que se processam
nas ruas.
Numa espécie de apoteose Liza canta a musica-titulo Cabaret)
de John Kander e Fred Ebb. Ainda é um numero de eleição da cantora & atriz
(filha de Judy Garland e do diretor Vincente Minnelli de “Sinfonia de Paris”).
Outros números musicais marcantes desse flme: ”Money Money”
de John Kander e Fred Ebb, por Joel Gray e, numa sequencia que traduz a chegada
dos nazistas,”Tomorrow Belongs to me”, também da dupla Kander & Ebb, cantada
por crianças dirigida por Mark Lambert.
O filme se tornou um grande estimulador das platéias sobre a
questão do nascimento do fascismo e as canções se tornaram peças imorredouras
em nossas lembranças.
Vanessa Redgrave
Quanto ao outro filme é “Isadora” (UK, 1968), a biografia da
dançarina Isadora Duncan (1878-1927). Em desempenho marcante (candidata ao
Oscar e vencedora de muitos prêmios Internacionais) a atriz Vanessa Redgrave (então
com 31 anos) interpreta a personagem-título que pretende levar a sua arte ao
maior publico possível e é obstada especialmente por defender a nudez no palco
e confessar a sua admiração pela então jovem União Soviética.
A direção é de Karel Reisz (1926-2002), um cineasta inglês
que deixou clássicos como “Tudo Começou num Sabado”(Saturday Nght, Sunday
Morning,1960), “A Mulher do Tenente Francês” (The French Liutenent Woman, 1981),
além de escrever um livro básico sobre a montagem cinematográfica (“Tecnica de
Montagem”, 1952). Reisz filmou em lugares dos acontecimentos e impressionou
sobremodo no trecho final quando mostra a morte trágica de Isadora ao som de
uma canção (“Bye Bye Blackbird”) cantada ao longe.
O filme é de Vanessa que, de certa forma, homenageia Isadora
Duncan. Foi um dos nossos melhores do ano na época em que estreou nos cinemas
de Belém.
Que outros filmes estão na lista de “filmes de cabeceira”?
Você, leitor/a tem um desses que mais gosta? Mande para esta coluna o seu quem
sabe a ACCPA não faz uma mostra desses filmes no cine Olympia? É uma boa dica
para a avaliação da formação de platéia.
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