segunda-feira, 13 de outubro de 2014

FILMES DE CABECEIRA

Liza Minnelli  e Joel Grey cantando "Money,Money": "Cabaret"

Antes do vídeo (VHS/DVD/Bluray) o termo “filme de cabeceira” era uma metáfora. Tendia a qualificar os títulos que eram mais amados a ponto de haver permanente revisão desses filmes no cinema guardando suas imagens na memória com muito carinho. Depois da chegada das novas tecnologias, o nome ganhou realidade. Pode-se ter o filme preferido ao lado da cama. E há quem colecione obras lançadas em um passado nem sempre distante, formando uma filmoteca particular que pode ser acionada quando se quiser.
No rol de filmes “de cabeceira” estão muitos títulos que chegaram ou não a ser editados em fitas ou discos. Mas há um lote dos que não chegam. E estes são exaustivamente solicitados pelos cinéfilos às distribuidoras quando não os alcança, através da internet em sites especializados em download (gravação de filmes).
Este mês chegam às lojas e locadoras dois títulos que para muitos está na qualidade de “cabeceira”: “Cabaret” e “Isadora”. Assisti os dois no cinema e me impressionava como é que não surgiam em DVD posto que são obras da grande industria e de há muito existem em lojas no exterior.
“Cabaret” (EUA, 1972) é um musical dirigido pelo coreógrafo Bob Fosse (1927-1987) com o roteiro de Jay Allen baseado em historias de Christopher Isherwood que geraram a peça de John Van Druten e o musical de John Masteroff.
Liza Minnelli protgoniza Sally Bowles, cantora e bailarina de um cabaré na Berlim de 1929, justamente quando era vislumbrada a ascensão da ideologia nazista em manifestações de rua. O número mais aplaudido de Sally é apresentado por um mestre de ceriominas excêntrico (Joel Grey) que identifica a posição política da cidade/país. A trama é impulsionada quando chega ao lugar o professor de inglês Brian Roberts (Michael York). Daí em diante acompanham-se as personagens e mais o casal Maximiliam (Helmut Griem) & Natalia Landauer (Marisa Berenson), ela judia, e todos observando as mudanças que se processam nas ruas.
Numa espécie de apoteose Liza canta a musica-titulo Cabaret) de John Kander e Fred Ebb. Ainda é um numero de eleição da cantora & atriz (filha de Judy Garland e do diretor Vincente Minnelli de “Sinfonia de Paris”).
Outros números musicais marcantes desse flme: ”Money Money” de John Kander e Fred Ebb, por Joel Gray e, numa sequencia que traduz a chegada dos nazistas,”Tomorrow Belongs to me”, também da dupla Kander & Ebb, cantada por crianças dirigida por Mark Lambert.
O filme se tornou um grande estimulador das platéias sobre a questão do nascimento do fascismo e as canções se tornaram peças imorredouras em nossas lembranças.
Vanessa Redgrave
Quanto ao outro filme é “Isadora” (UK, 1968), a biografia da dançarina Isadora Duncan (1878-1927). Em desempenho marcante (candidata ao Oscar e vencedora de muitos prêmios Internacionais) a atriz Vanessa Redgrave (então com 31 anos) interpreta a personagem-título que pretende levar a sua arte ao maior publico possível e é obstada especialmente por defender a nudez no palco e confessar a sua admiração pela então jovem União Soviética.
A direção é de Karel Reisz (1926-2002), um cineasta inglês que deixou clássicos como “Tudo Começou num Sabado”(Saturday Nght, Sunday Morning,1960), “A Mulher do Tenente Francês” (The French Liutenent Woman, 1981), além de escrever um livro básico sobre a montagem cinematográfica (“Tecnica de Montagem”, 1952). Reisz filmou em lugares dos acontecimentos e impressionou sobremodo no trecho final quando mostra a morte trágica de Isadora ao som de uma canção (“Bye Bye Blackbird”) cantada ao longe.
O filme é de Vanessa que, de certa forma, homenageia Isadora Duncan. Foi um dos nossos melhores do ano na época em que estreou nos cinemas de Belém.
Que outros filmes estão na lista de “filmes de cabeceira”? Você, leitor/a tem um desses que mais gosta? Mande para esta coluna o seu quem sabe a ACCPA não faz uma mostra desses filmes no cine Olympia? É uma boa dica para a avaliação da formação de platéia.


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