sexta-feira, 10 de outubro de 2014

MAZE RUNNER



As trapaças e os labirintos na escalada da vida: Maze Runner
Mais um filme que visualiza um futuro nada agradável. “Maze Runner, Correr ou Morrer” (Maze Runner, EUA, 2014) focaliza um espaço pós-apocaliptico, onde jovens, num tempo não especificado, vivem acomodados sabendo que de lá não podem sair, pois há um grande muro que os cerca do tipo labirinto e atravessá-lo é impossível até porque nele habitam gigantescos artrópodes.
O principal personagem chega à clareira onde estão os rapazes de sua idade viajando numa caixa metálica através de um elevador que parece despencar no solo. Curioso é que ninguém se preocupa em saber de onde se deslocou esse tipo de transporte, se ele voltará a subir, afinal onde se encontra (a câmera não mostra o exterior do objeto). Com o passar dos dias uma garota também atravessa o espaço desconhecido pelo mesmo veiculo. Ela chega reconhecendo melhor quem é e sabendo que o jovem que chegou antes, e cujo nome sabe só muito depois, chama-se Thomas.
O grupo de garotos vive numa clareira mantendo um esquema de tarefas habituais, considerando-se, então que alguns já estão há algum tempo por lá a ponto de serem os monitores dos demais. Eles poucos se aventuram a entrar no labirinto (que abre e fecha diariamente) para tentar fugir do que a rigor é uma prisão. Há os “corredores”, jovens que diariamente se aventuram a reconhecer a parte oculta. Naturalmente que Thomas vai tentar. E no fim das contas encontrar uma solução para o esquema secreto de vida. Mas o que descobre como causa de tudo é um absurdo astronômico que dá margem a um segundo filme.
Como se pode constatar, “Maze Runner” é início de franquia como os anteriores “Jogos Vorazes”  e  “Divergente” (o original literário consome 3 volumes). Não se diga é que segue a fórmula de “Harry Potter”, “Crepúsculo” ou “O Senhor dos Anéis” (com a licença atual de “Hobbit” alongando a obra de R.J.Tolkien). A fantasia, no caso do novo filme, é moldada num estllo pesadelo. Mas se os tipos de sociedade apresentados nos exemplos de “Jogos Vorazes” e “Divergente” assumem uma ditadura que impõe limites, as novas vertentes encapam destes governos com meios de melhorar o mundo, cerceando as atitudes das pessoas, fazendo-as acomodadas em situações que lhes possam parecer melhores se comparadas com as guerras de diversos tipos que se observam na realidade do planeta. Mas há os ousados ou aqueles que numa atitude corajosa entendem que podem investir em conhecer os bastidores do desconhecido, mesmo que a custa da própria vida. Vejam-se os personagens de “Maze Runner” que se acomodaram aos habitos de sobrevivência naquele espectro prisional e ao depararem com alguém que quer enfrentar o além-mundo consideram-no inimigo. Aplicam-lhe castigos e culpabilizações pela investida de outros seres que passam a ser parte da infringência, mas precisam ser enfrentados.
Comparando com “O Doador de Memórias”, este “Correr ou Morrer” revela uma extrema pobreza de imaginação aliada a uma direção sem brilho, uma cenografia pobre (as aranhas gigantes são vistas ou no escuro ou tão de perto-e em câmera manual - que não chegam a ser perfeitamente delineadas) e atores ruins (o melhor é Dylan O’Brien, mas ele não pode fazer muita coisa num roteiro fechado em estereótipos).
O filme é baseado no primeiro livro de James Dashner, muito vendido nos EUA. Aliás, é uma tendência atual: os filmes dos grandes estúdios seguem publicações dedicadas à juventude. Se nos casos de J.K. Rowlins e J. Tolkien a produção livresca não se prende inteiramente ao sucesso editorial (que é bastante grande), o conteúdo é discutível e isso não quer dizer que seja só do filme. Não conheço o livro, mas não me parece possível que ele seja tão diferente do que foi filmado a ponto de ganhar muito mais substancia. No fundo é a mesma fórmula de criar ilhas de esperança num estado de caos.
“Maze Runner” encerra como um trailer do que virá dentro em breve. O que não se sabe é se a rentabilidade do produto atual alicerça a ideia de uma franquia. Isso depende do box ofice (norte-americano) e o filme só agora está estreando em seu país de origem, afinal, o que pesa em termos de comercialização.
A porfia por enredos que pregam o fim dos tempos e os jovens como vitimas ou salvadores da pátria merece uma abordagem mais densa.


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