sábado, 1 de novembro de 2014

BOYHOOD – ALGUNS DADOS

O ator Ellar Coltrane em três fases da realização do filme "Boyhood".

Causa admiração a filmagem sistemática da evolução física e psicológica de uma pessoa, acompanhando-a durante 12 anos. Este foi o propósito do cineasta Richard Linklater, texano de 54 anos, cujo currículo revela a realização de 25 filmes como diretor, 16 como escritor, 10 como ator, 14 como produtor e 3 como diretor de fotografia.
A realização de “Boyhood - Da Infância a Juventude” (Boyhood EUA, 2014) se deu a partir de quando o ator convidado, Ellar Coltrane, tivesse 10 anos (no filme 8). Isto não impediu que o garoto (e rapaz) atuasse, no meio tempo em que estava protagonizando esse filme, em algumas outras produções como: “Halletsville”, “Nação Fast-Food, Uma Rede de Corrupção”(Fast Food Nation), ”Faith & Bullets” e “Dinheiro é Má Companhia” (Lone Star State of Mind). De igual modo Richard Linklater se manteve em atividades, criando e realizando a trilogia de grande sucesso “Antes do Amanhacer”, “Antes da Meia Noite” e “Antes do Por do Sol” (de 1995 a 2004).
A técnica foi filmar segmentos seguindo um roteriro que especificasse o que importa na ascensão do menino à idade adulta. Tudo seria muito simples como focar suas brincadeiras infantis, seus colegas, seu primeiro flerte (e beijo) e sua estreia sexual. O diretor também utilizou o talento da filha Lorelei, hoje com 20 anos, mas no inicio do filme, com apenas 10 (é bom lembrar que a filmagem começou em 1999). No meio tempo ela atuou em “Waking Life” e em um curtametragem para a TV, intitulado “The Substitute”. Em entrevista, o pai cineasta conta que com ela houve problema no meio do caminho, visto que a garota queria desistir da sua atuação (é a Samantha) no filme o que obrigou a diminuir a participação dela na historia onde protagoniza a irmã do ator principal no argumento (Mason).
Note-se que os outros atores também seguiram suas atividades de atuação em outros filmes, intercalando nas filmagens de “Boyhood”. A atriz Patricia Arquette, que interpreta a mãe das crianças/jovens, esteve presente em 11 filmes, além das séries de TV como “Medium” (Canal Universal). Curioso é que Ethan Hawke que protagoniza o pai biológico de Mason e Samantha esteve com Richard Linklater nos 3 filmes sobre o tema dos encontros pontuados pelo sol (a série começada com “Antes do Amanhecer”) sempre parceiro da atriz Julie Delpy. E ele atuou tambem em muitas outras produções, inclusive esteve presente no “canto de cisne” do diretor Sidney Lumet, “Antes que o Diabo Saiba que V. Está Morto” (2007).
 “Boyhood” apesar de ter sido realizado num contínuum com recorte temporal mantém uma simplicidade cativante. Não há sequencias “de choque” nem a música estimula momentos dramáticos. É a “vida que corre” e a pontuação encontrada para isso é os cabelos de Mason, cortados por um padrasto cruel e lentamente ressurgindo com o passar dos meses.
O feito do diretor exibe uma realidade que escapa de qualquer projeto de pretensão realista que se tenha levado ao cinema com a perspectiva de avançar no tempo. O que se vê é o que existe. E não se exibe nenhum resquício fotográfico que implique num intervalo de ação. É como se o tempo fluísse como disposto numa horizontalidade nova em cinema.
“Boyhood” surpreende e apesar de longo (mais de 160 minutos de projeção) cativa, a ponto de emocionar. Embora previsto para exibição pelos que acessam os sites da Cinépolis e Moviecon, infelizmente não foi programado para as nossas salas neste final de semana, embora tenha ganhado cinemas de outros estados. Lastimável.



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