Marion Cotillard, interpretanto Ewa, em meio às mulheres que imigravam para os EUA e se tornavam prostitutas, na década de 20.
Lançados e circulando nas lojas exclusivas do produto,
cópias em DVD de filmes inéditos e, também, dos já exibidos nas salas de
cinema. Fico pensando no tempo em que essas obras só chegavam por aqui através
de celuloide, para a exibição doméstica na bitola de 16 mm. Ou seja, a produção
dessas cópias tendia a ser para contemplar aquelas pessoas que tinham
projetores nessa medida e que sabiam mexer nesses aparelhos vendo-se, dessa
forma, um proceso seletivo na aquisição dessa mercadoria cultural. Em Belém
havia algumas casas comerciais que alugavam esses filmes, acondicionados
geralmente em latas ou caixas, cuja distribuição contemplava os cinemas do
interior do Estado que utilizavam esses projetores domésticos. Os usuários desses
filmes na capital se resumiam a pessoas que tinham esses projetores e, também
as associações culturais e clubes. Hoje creio que houve um processo de
democratização tanto do aluguel desses videos (todo mundo tem um aparelho de
DVD) como do consumo gratuito (há os downloads free). E vamos ver o que há
nessa tecnologia para alugar.
“Era Uma Vez em Nova York” é inédito nas salas de cinema.
Esse título foi dado no Brasil a “The Imigrant” (A Imigrante, EUA, 2013). O
roteiro de Ric Menelo e do diretor James Gray trata de Ewa (Marion Cotillard)
uma jovem polonesa que imigra para os EUA nos anos 20 junto com a irmã, Magda (Maja
Wanpuszic), esta considerada tuberculosa ao chegar ao porto norte-americano e
logo levada para um hospital de isolamento. Começa o drama de Ewa que
desencontra dos tios e é assediada por um aliciador de mulheres passando a
morar numa pensão do meretrício e logo atendendo aos “clientes” do aparente
benfeitor (Bruno/Joaquim Phoenix). A situação piora quando surge o magico primo
dele, Orlando (Jeremy Renner). Este demonstra especial atenção a Ewa e propõe
que ela fuja com ele. Mas há muitas controvérsias e um final dramático de
acento shakespeariano.
James Gray é um cineasta de poucos filmes, mas de um estilo
marcante. Nas mãos menos hábeis a história da imigrante daria um melodrama
lacrimoso. Gray se esmara em cada fotograma. Há enquadramentos notáveis e uma
iluminação que dosa a cor (especialmente o vermelho) sublinhando o que é
narrado. Além desse preciosismo há uma correta noção de timing e excelentes
desempenhos. O filme é desses que se vê com muita atenção, embora apresente
quuase duas horas de duração. Um bom programa para qualquer público.
“A Fita Azul” (Eletric Children, EUA, 2013) ganhou prêmios
nas mostras de filmes independentes (os chamados “indies”). Trata de uma garota
da religião mormom que se diz grávida depois de ouvir uma fita de rock. Ela se
baseia na Conceição de Maria e acha que vai ter um filho de Deus. Quem acredita
nela é um rapaz ligado a musica que lhe demonstra afeto sem tocá-la, como se
fosse um novo José. O roteiro original da diretora Roberta Thomas apoia-se numa
concepção de ingenuidade juvenil e ganha força na interpretação de Julia Garner
como Rachel, a principal personagem. Uma linguagem simples parece apoiar uma
fantasia sem despertar uma realidade. Curioso, mas nem por isso suficiente para
o tema.
“Violette” (Belgica, França, 2013) trata da escritora
Violette Leduc, detendo-se no seu relacionamento com a filósofa Simone de
Beauvoir. O filme tem roteiro do diretor Martin Provost e além de apresentar
uma direção de arte excelente que reproduz a época dos acontecimentos conta com
desempenhos primorosos de Emanuelle Devos (Violette) e Sandrine Kiberland (Simone).
Veja sem falta.
“Até que Provem a Inocência” (Until Proven Inocence, EUA, 2009)
reporta o caso real de um jovem empregado no cais do porto da Nova Zelândia que
é incriminado por uma menina de 11 anos como o estuprador que a levou de casa,
defronte de onde ele morava, numa noite escura. O rapaz é condenado, mas uma
jornalista se interessa por seu caso, pois ele sempre negou o fato. Esta
jornalista dedica-se inteiramente ao trabalho de pedir novo julgamento, tendo
ao lado o advogado dele. Na verdade acontece mais de um novo julgamento e só
depois de muito tempo o preso é considerado inocente.
Muito bem narrado este filme neozelandês realizado para a TV
e conseguindo chegar também aos cinemas (menos aqui) é dinâmico e conta com
atores capazes como Cohen Holloway e Jodie Rimmer. Direção de Peter Burger.
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